Dia 1: Os Contos

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O dia não poderia ser mais corrido no Jornal Real Life. O grande dia em que o mundo parou para ouvir uma senhora de 97 anos e suas estórias sobre todos os tipos de experiências sobrenaturais. Tais como aquelas em que contamos em volta a fogueira quando crianças. Seu rosto estampado em todos os jornais do estado e é machete em telejornais em vários lugares do país. Não é novidade esse tipo de mídia por aqui, mas também não é comum o modo como ela descreve seus contos. E é por isso que muitos acreditam nela, acreditam fielmente. Estou no Real Life há nove anos e esta é a primeira vez que vejo Margô, minha editora chefe, se aprofundar tanto em uma matéria. Só nos últimos dias pediu relatórios de incidentes que tenham alguma conexão com as estórias de dona Laveau. Foram dias e dias pesquisando, imprimindo, enviando, escrevendo. Mas nada a satisfazia.

- Anne! - Ela estava aos berros, empolgada. Corri mais uma vez até sua sala.

- Sim ? - É como um déjà-vu, ela me mandaria outra busca por fatos. Mas antes de tudo, percebi que ela estava ao telefone. Fez um sinal com a mão para que eu me senta-se. Ela ouvia e anotava.

- Obrigado, senhora ... ah... Madame. - Assim que desligou, se levantou e pegou seu casaco. Fiquei constrangida com seu silêncio.

- E então ? - Pergunto, me levantando.

- Me espere aqui, volto em cinco minutos, pode contar se quiser. - Com isso ela saiu da sala e me deixou olhando a porta, agora fechada. Sem entender muito bem, levei aquilo como uma folga do trabalho. Cinco bons minutos sem ter que ficar olhando por artigos e imagens antigas. Tudo aquilo não passava de marketing, tem quem faz de tudo pra chamar a atenção das pessoas.


"Aos meus quinze anos de idade, descobri minha paixão na vida. Já era esperado, é uma herança de família."

A voz de dona Laveau ecoava pela sala, até que desliguei a Tv.

Aos exatos vinte minutos depois, Margô retorna e com ela algumas pastas em mãos.

- Demorei, eu sei. Tive que dar uma passada no banco.

Ela se sentou e foi logo retirando um papel da pasta. Assinou e, finalmente, disse:

- Quero que vá até Nova Orleans.

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