O ruído da chávena a partir-se deixa-me frustrada, bufo arrependida em ter acordado. Não era propriamente um bom dia, tudo estava a correr mal e ao relembrar que não acordei por vontade própria e sim com a minha melhor amiga a esmurrar a porta do meu apartamento deixa-me doente.
Deixei os cacos no chão, desistindo de tomar o pequeno-almoço. Andei até à casa de banho, e lá tomei o meu banho refrescante.
As calças negras não queriam entrar, a camisa branca parecia não ficar bonita no meu físico, o casaco gigantesco parecia que me fazia gorda e como o cabelo estava um desastre tive que juntar o meu chapéu, mas acabei por descobrir que nem os chapéus fazem milagres. Eu não poderia pedir por milagres, por vezes embrenho-me nos meus pensamentos, penso na perfeição ou nas coisas que em mim aponto como sendo defeitos, mas a verdade é que nós queremos a perfeição porque simplesmente não a podemos ter, porém quantas vezes nós não pensamos na forma em que os nossos defeitos nos sustentam como pessoas?
Como eu estava num dia para ignorar o azar que me acompanhava, infelizmente; Saí do meu apartamento, indo para garagem do prédio que à porta da mesma estava um ser de cabelos vermelhos que eu intitulava de melhor amiga, esta sabia que eu não estava com humor para conversar então apenas me seguiu.
Não me preocupei em olhar à volta para encontrar o carro, simplesmente carreguei no botão preto da chave e rapidamente as luzes laranja do automóvel fizeram-me localiza-lo, entrei nele juntamente com Caitlin e fiz caminho para o hospital psiquiátrico.
Hoje iríamos fazer voluntariado no hospital psiquiátrico, Caitlin tinha-me obrigado a vir; primeiro porque ela queria vir, segundo ela não queria vir sozinha e terceiro ela dizia que eu tinha jeito em falar com as pessoas. Caitlin tinha uma tia psiquiatra que nos dizia o que devíamos fazer ou nós simplesmente importunávamos as pessoas desenvolvendo conversas para as mesmas reflectirem.
- Isabella, Caitlin - a tia de Caitlin, Elaine chamava-nos; caminhamos até ela e ela entregou-me uns papeis agrafados, apontado para uma jovem morena - Aquela é a Mali Koa Hood, esta estava com indícios de uma doença intitulada como "Síndrome de Má Identificação Delirante", esteve em tratamento e apesar de que nada é 100% ela já está suficientemente bem para poder ter uma vida normal, quero que falem com ela enquanto ela espera pela família visto que estão atrasados.
Caitlin vai na frente enquanto eu vejo alguns aspectos sobre a doença podendo saber de que forma é que a devo abordar. O Síndrome de Má Identificação Delirante é quando uma parte do cérebro do doente está afectado, sendo que os afectados dessa disfunção não consegue reconhecer-se no espelho, achando ser outra pessoa no mesmo; esta doença poderia levar a outras doenças como a esquizofrenia.
Mali estava sentada num dos muitos bancos da sala de espera, esta mexia nos seus dedos olhando ao seu redor. Quem a observa-se fosse pelo tempo que fosse não diria que a mesma sofria de indícios de uma doença neurológica, esta estava sorridente e a forma que ela respirava notava-se que estava ansiosa.
Assim que voltei à realidade, Cait já abordava uma conversa com ela e eu estava com cara de paisagem a observar a moça.
- Olá - disse a sorrir - sou a Isabella, mas se quiseres podes tratar-me por Isa - mostrei-lhe a minha mão, mas ao invés de a apertar ela levantou-se e abraçou-me.
- Olá Isa, eu sou a Mali, mas tu já deves saber visto que tens o meu processo nas tuas mãos - eu rapidamente corei por não ter sido mais discreta, porém quando Mali percebeu que me fez sentir envergonhada encolheu os ombros sorrindo como se não importasse, mas eu sei que não é fácil que as pessoas vejam a nossa vida, sabendo como nós somos, ainda para mais quando as pessoas são desconhecidas. Como é que as pessoas sabem tanto sobre nós e nós nada sobre elas?
- Então, estás à espera de alguém? - perguntei sentando-me ao seu lado.
- Sim, como estava a dizer a Caitlin, estou à espera da minha família.
- Sentes-te segura em ir para casa? - Caitlin pergunta.
- Sim, - ela procura alguma coisa na mala preta dela e tira de lá um mini-espelho - sabes é difícil acreditar que esta sou eu, mas eu finalmente reconheço que sou eu, então eu já acho que é um passo fundamental. Eu só tenho medo de como as pessoas vão reagir.
- Queres que eu te diga o que penso? - pergunto-lhe e ela assente logo - tu sofres de uma doença neurológica, é verdade tu sofres, ainda não acabou, a luta irá ser durante todos os dias até ao fim da tua vida; as pessoas não vão reagir como se tu fosses uma doente que eles viram ser amputada e é um coitadinha, e sim uma doente que o cérebro não funcionava bem como bicho nojento; mas sabes qual é verdade? A verdade é o que tu vês, aquilo que tu queres ser é o que te vai tornar como uma pessoa, portanto não estejas à espera de algo das pessoas e sim espera sempre algo vindo de ti. - sorri-lhe e dei-lhe a mão.
- Bonito discurso - disse um rapaz bastante parecido com a Mali - e bonita médica - piscou-me o olho.
- CALUM!! - Mali solta a minha mão e salta para o colo do rapaz.
É a verdade as pessoas que têm pensamentos diferentes vão ser sempre julgadas, mesmo aquelas que requerem mais cuidados como doentes neurológicos, todos estes são considerados como bichos nojentos.
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✓ Adicionem à vossa biblioteca/ lista de leituraEspero que tenham gostado adorava saber a vossa opinião aceito críticas, elogios, tudo! Isto é só o primeiro capítulo, queria demonstrar um pouco da personalidade da Isa, talvez no próximo o Ashton apareça!
Quanto ao título é quase que como o "mistério da história" mas vão descobrindo-o durante a história! Beijinhos
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Síndrome de Pinóquio - A.I
FanfictionUm desleixe por parte de um rapaz de mãos grandes, um CD partido, um dono de uma loja furioso e uma adolescente fugitiva que é incapaz de mentir. Com estas circunstâncias como pode um amor surgir? © 2015 por KindaHotIrwin. Todos os direitos reservad...