Isaac correu. Correu o mais rápido que pôde. Entrou em um prédio abandonado. Subiu uma escada. Olhou para Sophia, desmaiada pela visão do Mahoul estraçalhando o coração da sua irmã com a mão. Achou um colchão, largado em um dos cômodos. Pôs Sophia no colhão, olhou em volta para ter certeza de que estava seguro, momentaneamente, e por fim, desmaiou, no chão mesmo.
***
-Hã... que horas são?... onde eu tô? –balbuciou Isaac.
Quando tomou controle do próprio corpo, retirou o celular do bolso, e viu as horas: 4:30AM
Isaac então de levantou, olhou para Sophia e começou a tremer e balbuciou
-Isso é surreal... é loucura demais... a irmã dela.... é surreal demais....
Quando Isaac estava entrando em estado de choque, Sophia começou a acordar e sussurrar
-Let... não... Isaac... me deixa ficar... me deixa salvar ela.... Me deixa fazer alguma coisa...
Isaac, percebendo isso, para de balbuciar e tenta reunir o máximo de segurança nas mãos trementes, e senta ao lado de Sophia, se senta ao seu lado e observou. Era só o que ele podia fazer naquela situação.
***
-Isaac... onde eu tô?
-A salvo.
-Minha irmã...
-Eu sinto muito, Soph.
Quando Sophia começou a chorar, havia acabado de amanhecer, Isaac não fazia a menor ideia de onde eles estavam, provavelmente seus pais estavam preocupados, e os de Sophia também, então pelos dois, ele tinha que não desmoronar, pelo menos até Sophia estar em casa.
-Onde nós estamos?
-Não sei.
-Aquela coisa... o que era?
-Não sei.
-Onde estão os seus amigos?
-Não sei.
-Onde estão os meus amigos?
-Não sei.
-O que vamos fazer agora.
-Não sei.
-Tem alguma coisa que você sabe agora?
-Sim.
-Pode me dizer?
-Sim.
-E o que é?
-Que eu te amo, Soph.
Quando Isaac parou de encarar a janela do outro lado do cômodo, para encarar Sophia bem ao seu lado, viu uma mistura de surpresa, vergonha e pesa, e um rosto completamente vermelho.
Ela abaixou o rosto e disse:
-Agora não é hora pra brincar.
-Não estou brincando.
-De qualquer jeito, é uma péssima hora.
-Concordo.
-Então porque disse agora?
-Porquê, depois do que aconteceu ontem, eu finalmente cheguei a uma conclusão importante.
-Para de fazer essas pausas pra dar suspense, ou eu vou embora daqui, bem ou não.
- A vida é curta, Soph –disse Isaac, com o olhar mais complacente que conseguiu- eu quase morri, você quase morreu, sua irmã... eu nunca iria me perdoar se não falasse.
-Ta bom, e o que você quer que eu faça?
-Não sei.
Sophia dá um leve riso, o que para Isaac valeu o dia.
-Tá mais calma? –perguntou Isaac.
-Sim –respondeu Sophia- e agora?
-Vou te levar em casa -disse Isaac.
-Não –disse Sophia, firme.
-Sim.
-Não.
-Sim.
-Não.
-Sim.
-Já vi que você é difícil de convencer –disse Sophia- tudo bem, mas tem 3 coisas que você tem que fazer.
-Certo -disse Isaac- e quais são?
-Primeira –disse Sophia- você vai desarmado, sem exceções.
-Tudo bem –concordou Isaac.
-Segunda, você vai comigo até a esquina, me espera entrar na porta, e só.
-Certo.
-E por último, porém mais importante, minha mãe não pode te ver.
-Porque... –indagou Isaac.
-Ela te mata –disse Sophia, como se fosse uma coisa que acontecia todos os dias.
Depois de um leve levantar de sobrancelhas de Isaac, os dois se levantaram, saíram do que descobriram que era um prédio abandonado, pegaram um ônibus num ponto próximo e em menos de meia hora estavam nas redondezas da casa de Sophia, no bairro Belvedere.
-Então... você é rica? –disse Isaac.
-Mais ou menos –disse Sophia, sem graça.
-De que tamanho é a sua casa? –disse Isaac.
-É aquela ali –disse Sophia, apontando para uma das mansões.
-Minha casa cabe umas 50 vezes ali dentro –disse Isaac- sem querer ofender, mas agora entendi porque os Renegados falam que os Paladinos são escolhidos por poder econômico.
Sophia o olhou com uma cara um pouco fechada e disse –aqui é a esquina.
-Então é aqui que nos despedimos –disse Isaac.
-Sim –disse Sophia.
-Então, como vão continuar as coisas daqui em diante? –disse Isaac.
-Como se nada tivesse acontecido –disse Sophia.
-Mas e a sua irmã? –perguntou Isaac.
Péssima ideia, ele viu que ela fez força para não chorar.
-Como se nada tivesse acontecido –ela repetiu, como uma oração.
-Então, até amanhã Soph –disse Isaac.
-Até amanhã Isaac –disse Sophia- obrigada por tudo.
Sophia se virou e foi embora, e enquanto Isaac observava, tentava entender como ela podia mascarar tanto o que sentia, a perda da própria irmã não tinha parecido nada demais na maioria do tempo.
Ele observou Sophia se posicionar em frente ao portão da mansão de sua família, tocar o interfone, e quando alguém respondeu o interfone, ela deu um passo para trás, assustada, e quando o portão se abriu, uma menina pulou e abraçou Sophia fortemente.
Nem Isaac podia acreditar
Era Letícia.
Enquanto Sophia tentava manter o corpo imóvel e não desfazer a sua máscara e se derramar em lágrimas, Leticia olhou diretamente para Isaac, com um sorriso nada humano no rosto.
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Diário de um Renegado:A rosa dos Desafortunados
AventuraIsaac,um garoto normal,vida normal,uma bela noite é atacado por uma criatura e salvo por um mendigo,descobre ter poderes sobrenaturais e agora tem que ajudar a manter o equilíbrio do poder entre os Paladinos e os Renegados,que estão em guerra há mil...