■ Capítulo 2 ■

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Não estava animada para festa, nenhum pouquinho, ao contrário de Carol, que se arrumava cantarolando (muito mal)

-Se você encontrar o amor da sua vida?

-Você tá bebendo antes de chegar lá é?

-Mas é possível Anna, eu conheci o Gus em uma festa, sabia?.

-Gus? - olhei com una careta e ela riu - fala sério, eu não quero ninguém.

Encerramos o diálogo muito "interessante" e eu estava a procura de um salto, mas só encontrei uma sapatilha, menos mal.
A festa não era muito longe de casa, dava até pra ir andando, mas minha irmã usando um salto daquele tamanho, não conseguiria ir nem na padaria.

-Vou ligar pro Gus pegar a gente.

-Nem morta que eu vou com ele, te encontro lá, tchau.

Sai sem ouvir sua resposta, o tempo estava bom, um pouco nublado, talvez iria chover mas tarde.
Estava passando quando vejo um senhor no chão, devia ter seus 80 anos, me aproximei e perguntei se ele estava bem.

-Oi minha filha, estou bem sim, não se preocupe comigo, estou aqui a um mês, só um pouco cansado e com frio. - dizia com dificuldade, pois sua voz estava fraca e parecia estar com gripe.

-Eu não posso lhe deixar aqui.

-Eu não tenho pra onde ir.

A Carol vai me matar

-Venha, vamos pra minha casa, lá você toma um banho quente, come alguma coisa e descansa.

-E depois?

-Não sei, depois a gente da um jeito.

Ajudei a levantar e fomos, no caminho perguntei seu nome e ele disse que se chamava Manuel e tinha 80 anos.

Não disse? Sou ótima com idade.

Chegamos em 5 minutos, e ele estava aparentemente exausto, dei uma toalha, e umas roupas que tinham lá, era da minha ex mas ela tinha aparência masculina então, cairia bem nele, ficaria descolado.
Quando chego Carol ainda está lá, eu penso repetidamente fudeu fudeu fudeu, e realmente, fudeu.

-Oi mana.

-Quem é esse?

-Encontrei ele na rua, estava mal, não podia deixá-lo lá.

-Anna vamos conversar aqui no quarto rapidinho.

-Dá licença Manuel, pode ir ao banheiro, a água está morna.

Fomos ao quarto e eu deitei, sabia da bronca que ela iria mandar.

-Você ficou maluca? Pirou é? E se for assaltante, e se for das forças aéreas pra nos atacar? E se ele nos matar? E as doenças? E...

-Chega! - interrompo com um tom leve grito. - Eu te amo Carol, mas você está se tornando ridícula, eu não vou engolir essa falta de respeito com ele, você tá na minha casa e aqui eu trago quem eu quiser.

Ela sai calada, ficaríamos brigadas um tempo, ela fica com raiva de tudo e fazia tempo que não falava umas verdades pra ela.
Volto para a cozinha e preparo um strogonoff, arrumava a minha cama e tirava um cobertor para Manuel.

-Olha como eu fiquei menina - disse ele rindo, vi a felicidade em seu olhar e isso me fez chorar.

-Uau Manuel, está um gato! E esse cabelo? Temos que cortar, e fazer está barba!

-Mas eu não tenho dinheiro.

-Amanhã acordamos cedo, vamos ao shopping e eu te compro umas roupas, uns sapatos, e depois passamos ao cabeleireiro, tá bom?

-O que eu faço pra te compensar tudo isso? O mundo necessita de pessoas como você.

-Sorrindo, deixa eu ver a alegria nos seus olhos, isso paga o que o dinheiro não compra. Vem cá, senta na mesa que eu vou te servir.

Enquanto Manuel comia, fui ao meu quarto tirar a maquiagem e a roupa que estava, vestindo uma calça jeans e uma blusa branca, essa sim era eu!
Voltei para a cozinha e ele estava devorando tudo, quase não sobrou strogonoff.

-Ah desculpe, você ia comer?

-Não rs, eu já comi, pode ficar a vontade. Me conta sua história..

-Eu? Bom, eu não sei por onde começar.

-Tudo bem, depois falamos sobre isso, quer descansar?

-Sim por favor.

-Vem.

Fomos até meu quarto e eu dei o cobertor para ele. Você vai dormir aqui.

-Mas esse é seu quarto.

-Sim, mas eu durmo no quarto da minha irmã, ela não volta hoje pra casa.

-Tá bom, boa noite menina, e obrigada por tudo isso.

-Você vai dormir tranquilo hoje.

A Lua - LésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora