■ Capítulo 3 ■

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Acordei às 11:00, era domingo então não daria mas tempo nem de agendar o médico para Manuel, mas eu iria ao shopping com ele fazer umas compras.
Fui ao quarto e a cama estava arrumada. Ué, como assim?
Ainda com sono fui a cozinha em passos lentos e desengonçados, dou de cara com Manuel tomando café e lendo jornal.

-Manuel, minha irmã chegou? Quem fez o café?

-Eu menina Anna, e fui pegar o jornal também.

-Que amoooor - dou um beijo em seu rosto - acho que vou te adotar como pai.

-Anna, me conta como você vive aqui?

-Conto sim, mas lembre-se que está me devendo sua história também - digo pegando uma xícara - bom, sai de casa muito cedo, minha irmã, Carol, é adotiva, mas isso não importa, porque ela é minha irmã de qualquer jeito.

-E seus pais?

-Meu pai deu um perdido, minha mãe e eu não nos falamos direito.

-Tem outros irmãos?

-Tenho. Me conta você agora.

-Eu nasci na rua, meus pais morreram cedo, nunca tive uma casa, sabe... Sinto falta de uma família.

-Mas agora você tem, tem a mim, eu não irei te deixar sozinho, tá bom?

-Você é um anjo minha filha.

Sorri de leve, e ouvi a porta bater, Carol havia chegado.

-Fica a vontade Manuel, eu já volto.

-Carol, e aí, como foi e... E porque você tá chorando?

-Gustavo mana, ele me traiu! Na minha cara.

Eu te avisei.

-Vem cá, não chora, ele não te merece, e tenho novidade viu?

-Boa ou ruim? - diz enxugando as lágrimas.

-Boa mana.

-Fala.

-Manuel irá morar aqui.

-Ele parece ser legal.

-Ele é! Você já almoçou?

-Comi um Subway, e você?

-Tomei café agora. Escuta, promete ficar bem? Você sabe que Gustavo não presta.

-Eu sei, obrigada por se importar, vou na sala conversar com Manuel.

Juro que se encontrasse esse Gustavo por aí, ele iria ouvir umas boas. Garoto nojento.

Me arrumo e proponho um cinema. Seria a primeira vez de Manuel no cine, e estava passando um filme ótimo, mas antes teríamos que comprar as roupas dele.
Chamo Carol mas ela prefere ficar em casa e descansar, não insisto, chamo o táxi e Manuel e eu partimos para o shopping.
Chegando lá, fomos a várias lojas, Manuel gostava de roupas discretas, sem muitos desenhos, combinava mesmo com ele esse estilo "sério". Ele tinha bom gosto, na última loja, quando estávamos saindo, uma garota esbarra em mim, fazendo-me cair no chão, aliás, nós duas caímos.

-Desculpe, eu não te vi - fala a garota com sua voz tão doce.

-Sem problemas - sorrio para ela, e quando a vejo, meu coração dispara.

Seu sorriso é tão lindo, seus cabelos escuros me deixaram encantada, cada detalhe era único nela, seus óculos, sua boca, sua pele, seu sorriso, seu jeito...tão perfeita.

-Anna, ei, tá tudo bem? - pergunta Manuel me tirando do mundo das paixões à primeira vista e trazendo de volta pra realidade.

-Sim, tá tudo bem comigo. E você...?

-Davilla. -diz tímida, pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Que perfeita Senhor.

-Davilla, está bem? Mesmo?

-Sim - sorrir.

-Vamos Anna? - Manuel me puxa.
-Vamos...

Eu não quero iiiiirrr

-Você gostou dela né? - pergunta-me.

-Sim... Davilla! - sorrio para o nada, pensado na moça linda.

-Porque não falou pra ela?

-Manuel, isso é loucura, sei nada sobre ela.

-Não é loucura menina, existe sim amor à primeira vista, e essas coisas que as pessoas tornam bobas.

-Você é uma figura!

Fomos ao cabeleireiro e o cara deixou Manuel uns 5 anos mas novo, o que um corte de cabelo não faz?
Voltamos pra casa e coloquei um filme para assistirmos, não queria mas sair, estava cansada e Manuel também, Carol continuara a dormir, deitei um pouco ao seu lado, e lembranças de quando éramos crianças vem como um choque, lágrimas caem, e eu volto para a sala, Manuel assistindo O homem-aranha, e comendo pipoca, eu prestando muita atenção no filme só que não, só pensava na moça do shopping... E como queria reencontra-la.

A Lua - LésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora