VI

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A festa estava incrível. Ao menos, foi o primeiro pensamento de Júlia ao chegar no local. Várias luzes iluminavam o salão, junto de uma pista de dança enorme ao meio, com um DJ que tocava as melhores músicas. Não havia do que reclamar.

Júlia avistou a aniversariante e cumprimentou-a com um abraço, entregando-lhe um presente. Um colar de pérolas que, segundo a garota, tornaria a amiga encantadora; junto de um par de brincos que combinavam. Depois disso, encontrou-se com suas amigas e, em menos de dois minutos, um copo de batida de morango estava em suas mãos. 

Enquanto a noite passava, a garota bebia cada vez mais, sem exagerar, claro. Porém, ao passear pelo salão, esbarrou-se no braço de um rapaz à sua frente e derramou a batida em seu paletó. Ela realmente não sabia onde esconder a cara. O rapaz assustou-se com o ocorrido, mas logo se recompôs e conversou com a menina desastrada.

- Ai meu Deus... Eu não queria... Sinto muito! - dizia Júlia, na tentativa de amenizar a desgraça da situação. Ela olhava fixamente para o chão, ora mexendo nos cabelos ora balançando o copo ainda em sua mão.

- Desastrada. - disse ele, docilmente.

Não estava sendo rude, apenas se divertia com a situação. Júlia levantou o rosto, encarando o rapaz. Ele sorria ao olhá-la. Era Pedro Henrique.

- Pedro! - exclamou ela, surpresa.

- Meu nome. - disse ele, ainda sorrindo - Acho que vou precisar de um terno novo.

- Sinto muito! Sério, eu não...

- Relaxa, Jú... É só um terno.

Pedro decidiu contornar o assunto e não falar mais nisso. Ele e Júlia conversaram durante a maior parte da noite, ainda que os dois tivessem copos com batida em suas mãos.

- Você está linda. - disse ele, sorrindo. Encarava-a docilmente.

- Obrigada... - respondeu ela, timidamente - Você também está.

- Certeza? - ele apontou para a mancha de batida em seu terno.

Júlia riu, seguida por Pedro. Ele soltou o terno e continuou a conversa, olhando fixamente para a garota. Ela vestia um vestido colado, que ressaltava suas partes mais atraentes, de cor azul - sua preferida. Seus cabelos castanhos, presos em um lindo penteado, faziam qualquer garota sentir inveja. "Eu preciso muito conseguir que ela fique comigo hoje, nem que eu precise esperar ela ficar muito bêbada", pensou ele. "Não posso perder essa chance".

- Quer dançar? - perguntou ele, em meio a conversa.

- Claro!

Os olhos castanhos da garota brilhavam ao ver os olhos verdes intensos do rapaz encarando-a. Pedro levou-a para a pista de dança e os dois ficaram ali, colados, ao ritmo da música. Nada mais importava naquele momento. Eles eram dois amigos, que estavam interessados um pelo outro, e que queriam aproveitar a noite se divertindo. Não havia nada de errado em fazer isso.

Em um momento de fraqueza, Pedro aproximou o rosto do pescoço de Júlia e cochichou em seu ouvido, para que ninguém mais pudesse escutar.

"Escuta, não sei se é a festa, se foram os anos desde que te conheci, as bebidas, nossa amizade, ou o jeito que você consegue ser gata em qualquer roupa que esteja vestindo, mas eu estou com uma extrema necessidade de beijar você, e eu espero que você não me bata por isso."

Dito isso, o rapaz aproximou seu rosto do dela, olhando-a profundamente em seus olhos, e deu-lhe um selinho. Ela sorriu. Em outras palavras, ele não apanharia. Isso era suficiente. Pedro beijou-a docilmente nos lábios, por alguns segundos, e depois explorou toda sua boca com a língua. Ele se lembraria bem desse beijo por bastante tempo. E Júlia também.

Ao passo que ela suspirava, com ar sonhador cada vez mais apaixonado, ele beijava-a e mordia seus lábios de uma maneira apaixonante. Alguns convidados ao redor viam a cena e aplaudiam ou apenas observavam o amor entre os dois. Mesmo que fosse um amor entre amigos que duraria apenas uma noite. Ao menos era o que pensavam naquele instante.

Júlia acordou no dia seguinte, sábado, às 13:27 da tarde e espreguiçou-se na cama. Seus braços se esticaram e ela sentiu o toque de alguém, deitado a seu lado. Ao se virar, deparou-se com Pedro. O braço esquerdo do rapaz enlaçava sua cintura. Merda, pensou. Ela levantou a cabeça, com cuidado para não acorda-lo, e verificou embaixo das cobertas: ambos estavam pelados. Merda. Olhou ao redor do quarto, à procura de alguma camisinha jogada ou algo parecido, mas não encontrou nada. Merda. Nem mesmo suas roupas, ou as dele. Merda.

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