Júlia levantou da cama e foi à procura de sua irmã, que estava em seu quarto, lendo uma revista. Thalita assustou-se ao ver a irmã entrar pelada no quarto, deixando a revista cair no chão.
- Que é isso, Júlia!? - perguntou, surpresa.
- Eu... To com um pequeno problema.
- Pequeno? Imagina se fosse grande. - ironizou - E porque você está pelada?
- Isso faz parte do problema. - respondeu ela, encarando o chão.
- Merda!
Thalita levantou-se rapidamente da cadeira e seguiu a irmã até seu quarto. Pedro dormia tranquilamente na cama, suspirando de vez em quando. O corpo do rapaz estava coberto da cintura para baixo pelo lençol, deixando à mostra seus bíceps.
- Ai meu Deus! - exclamou Thalita.
- Fale baixo. - pediu Júlia, levando o dedo à boca - Vai acordar ele.
- Ok, desculpa. Mas o que aconteceu aqui?
- Não sei... Eu não lembro. - admitiu ela - Nem mesmo sei como cheguei aqui.
- Isso eu também não sei.
- E agora? - Júlia olhou de relance para Pedro.
- Bom... Vamos por partes. Vocês transaram?
- E eu vou saber! - exclamou ela, falando baixo - Já disse que não lembro de nada!
- Aí você me complica, né Júlia! Deixa eu pensar...
- Se depender de você, estou ferrada.
- Calada. Quem fez merda foi você, não eu. - disse, irritada.
Júlia revirou os olhos. Encarou novamente o corpo do rapaz deitado em sua cama. Teria mesmo dormido com ele?
- Já sei. - disse Thalita, tirando-a de seus pensamentos - Vamos perguntar pra ele.
- Pirou!? - arregalando os olhos.
- Tem uma ideia melhor?
- Não, mas...
O celular de Júlia começou a tocar, fazendo com que Pedro se mexesse na cama. A garota encarou a tela, vendo o nome na chamada: Caio.
- Merda!
- O que foi agora?
- É o Caio!
- Ué... Atende, né.
- Mas o que que eu vou falar pra ele? - perguntou, visivelmente nervosa.
- Sei lá, Júlia. Se vira! - Thalita apontou para o celular, indicando que a irmã deveria atendê-lo.
Após respirar fundo três vezes, ela atendeu o celular.
- Alô...
- Achei que não fosse me atender. - disse a voz de Caio.
- Eu... Estava procurando o celular. - respondeu, nervosa - O que foi?
- Eu sei que você ficou sabendo sobre o que aconteceu comigo e a Sarah ontem. - Júlia permaneceu em silêncio - E sei que deveria ter te ligado antes, mas não consegui. Eu sei que... Fui um idiota, mas você poderia me perdoar?
Júlia encarou a irmã, que não sabia o que estava acontecendo. Ela resolveu então, sair do quarto para deixar Júlia mais à vontade.
- Te... Perdoar? - indagou ela.
- É... Eu não deveria ter feito aquilo. - disse, com a voz fraca.
- Ta... Mas isso não é problema meu, Caio. Não tenho nada a ver com isso. - respondeu, indiferente.
- Como não!? - exclamou - Tudo isso é culpa sua!
- Minha!? - gritou ela, esquecendo-se de Pedro, que ainda dormia.
- Sim, sua. - respondeu firmemente.
- Mas eu...
Pedro Henrique mexeu-se novamente na cama, espreguiçando-se. Seus olhos abriram lentamente, revelando a visão da bunda de Júlia à sua frente.
- Júlia...? - chamou Caio, ao telefone.
- Ai meu Deus... - seus olhos pararam no corpo de Pedro, que a encarava. Ele piscava como que para enxergar direito, mas sabia que a via.
- O que foi, Júlia? - perguntou Caio - Que aconteceu?
- Depois eu te ligo. - disse ela, desligando o telefone.
A garota encarou Pedro, sem saber o que fazer ou dizer. Ele ainda piscava, com menor freqüência, e esboçava um sorriso doce e inocente.
Nem tão inocente assim.
- Vem cá... - disse ele, estendendo o braço esquerdo, que logo caiu sobre a cama. Ele obviamente ainda estava sob o efeito do álcool.
Vamos aos fatos, pensou ela. Eu estou pelada... Ok, poderia ter colocado uma roupa. Burra. Eu estou gorda... O quê? Júlia, foco. Concentra... Eu estou pelada e ele está me olhando. Eu tenho celulite? Quê? Ok, certo. Não! Não está certo, por que ele está me olhando? E ainda por cima com essa... Cara de sonMEU DEUS EU DORMI COM ELE! Calma... Pensa, Júlia! Os olhos dele... São tão... CARALHO ELE É MUITO GOSTOSO! Júlia, se concentra, porra! Ok... Eu sou solteira e estou pelada, ele é solteiro e também está pelado. Ele está deitado na minha cama, me olhando de um jeito que... NÃO! Estamos sozinho no quarto. Ele... Merda, ele está bêbado!
- Júlia... - chamou Pedro, com a voz rouca. Ela saiu de seus pensamentos.
- Oi... Pedro. - respondeu ela, sem jeito.
- Você é gostosa. - disse, sorrindo.
- E você está bêbado.
- Não... Talvez, depende. Que dia eu nasci?
- E o que isso tem a ver? - ela se permitiu um sorriso.
- Tudo. Anda logo, me fala! - pediu ele, sorrindo. Seu rosto estava pela metade tampado pelo travesseiro.
- 15 de setembro de 1996.
- Você... Acertou! - ele riu.
- Você ta muito bêbado ainda, Pedro. - ela também riu.
- Nem to... - ele esperou alguns segundos em silêncio - Me beija?
- Quê? - indagou, surpresa.
- A bêbada aqui é você! - riu ele - Vem cá, me beija.
O rapaz mexeu as mãos indicando que a chamava. Ela sorriu. Ele está muito bêbado. Decidiu aproximar-se da cama. Pedro puxou-a para si, pela bunda, derrubando-a na cama. Depois, virou-a e deitou-se em cima dela, mordendo seus lábios e depositando beijos da boca até seu pescoço.
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Be Mine
RomanceNão há como saber o que se passa por dentro de cada um quando falamos sobre amizade. Será que é suficiente? Os sentimentos sempre são os mesmos ou... Tem alguém que ainda quer mais?