Prólogo

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---------------------5 anos Atrás-------------------

"Eu tô te falando cara, ela acabou de passar por aqui. E estava só de calcinha e sutiã, juro que se não tivesse derramado toda a minha bebida e não parecesse tão louca... Teria agarrado na hora."

Bem longe como numa galáxia qualquer, ou numa dimensão contrária ouço Joe Collins resmungar sobre mim. Não me importo, assim como não dou a mínima pra qualquer outra coisa que não seja o brilho imensurável da lua àquela noite.
Naquele momento não me importo mais com nada, nem com Joe Collins, nem com minhas roupas ou com o frio congelante da noite sobre minha pele nua e tão frágil. Sinto me dormente, sinto me livre... Abro os braços e sinto a brisa. O penhasco sobre meus pés é consideravelmente alto, mas não suicida... Somente libertador.
Essa noite não quero sentir nada.

Com o barulho persistente da festa à poucos metros dali, concentro-me na brisa e nos distintos sons da floresta ao meu redor.

Nada me impede daquele momento ser o fim, nada.

Com esse pensamento, aperto meus dedos ao redor do pequeno teste de plástico em meu punho. Querendo pôr fim naquilo, com a mesma intensidade com que quero dar fim à tudo.
Meus pés titubeiam no chão frio rochoso, e sinto meu coração cavalgar um passo... Seguindo minha rota, e meu único objetivo naquele momento. A calmaria das águas lá embaixo, o som das correntezas seguindo seu percurso sem nenhuma alteração. O rio segue a vida toda na mesma rota, na mesma sequência... Quero me juntar à ele, me derramar em suas águas e me deixar derramar com ele.

Não quero mudanças... Não preciso delas.

Quando estou à menos de um passo do precipício, ouço o estilhaço de uma garrafa de vidro, e em seguida, gritos bêbados e irracionais comemorando. Mas não é isso que me faz parar... É o som da voz dele por sobre o da multidão que me causa arrepios.
É o "Cai fora" nada educado de James Maslow que me dão o ímpeto necessário pra me fazer o que fiz naquela hora.

- Bella !!

Ouço quando grita meu nome, sinto quando me alcança, mas não voltei atrás... Não tinha mais como voltar.
Um passo, e meu corpo vai junto a liberdade da noite.
Junto às águas do rio.
Como disse, não era uma queda tão alta e alarmante, mas por poucos segundos eu senti a liberdade.
Senti o cheiro do que se é voar. Senti meus braços ao vento, minha pele sendo partida ao meio pelo frio que me abraça... E ao fundo, a voz desesperada de James.

Mais rápido do que esperava, meu corpo é brutalmente chocado com as águas. Inesperadamente congelantes e profundas. Logo estou sendo envolta pelo lençol de gelo, deixando-me dominar por sua correnteza.
Enquanto afundo mais e mais, meus membros vão aos poucos perdendo a sensibilidade, até que enfim... não sinto mais nada.

E quando chego ao meu objetivo, o desespero me consome em uma velocidade quase instantânea.
Como em um lapso, volto a realidade... E estou presa no fundo do rio, congelando e com os membros dormentes, me perguntando o que diabos me trouxe aqui.

Logo acima de mim, na superfície das águas, assisto o brilho do luar e bem no centro quando um anjo mergulha ferozmente no rio.
James determinadamente nada até o fundo, contra a correnteza e sei que não me vê, pois é bastante escuro, e me desespero mais ainda.
A necessidade de oxigênio me subindo ao cérebro, e me fazendo engolir ingenuamente uma quantidade absurda de água. Até que enfim sinto mãos agarrando meus braços com força, me puxando pra cima, para a superfície e para a noite.

E a última coisa que vejo antes do mundo se apagar, é o brilho imensurável da lua.

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Bella Psicótica (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora