Minha mente parecia estar em outro lugar quando estacionamos. Rosemay dirigia tranquilamente enquanto eu me afundava cada vez mais no banco do passageiro ouvindo Eric contar histórias engraçadas sobre suas primeiras semanas em San Diego. Outros dois amigos gargalhavam, pediram uma carona até suas casas mas acabaram ficando pois Rosemay havia preparado um bolo hoje para mim, “é grande demais para uma pequena ruivinha” disse sorridente, dando piscadelas para mim.
A garagem era coberta por liquens e réplicas de estátuas Incas. Saí do carro encantada, andei em direção ao jardim vendo lá todos os tipos de trepadeiras e flores. Uma árvore grande dava apoio para um banco-balanço onde me deitei. Rosemay gritou algo sobre entrar na casa e ver meu quarto mas fiquei ocupada demais contando as estrelas.
Após alguns minutos ouvi passos, olhando para o lado vi Eric, debaixo de uma trepadeira que gentilmente acariciava seu ombro. Desviei o olhar rapidamente.
- Lembra de alguma coisa que te ensinei sobre estrelas? Hoje podemos ver...
- Júpiter a olho nu.
Ele sentou na beirada do banco-balanço me fazendo escorregar para perto dele. Ficamos ali, paralisados, quando seu amigo loiro-falso nos deu um susto. Eric deu um pulo e eu caí, todos aqueles segundos de “romantismo” sumiram com as gargalhadas e o ódio cresceu um pouco com a lama na minha blusa.
- Caraca mano, cês tão ai enquanto a gente bate o maior pratão de bolo, fala sério!
Empurrei a mão que se estendia para me ajudar e entrei na casa. A porta pela qual entrei dava para uma cozinha pequena, toda planejada com madeira sintética. Mais um pouco adiante era uma pequena copa onde Rosemay ria com o outro amigo, lhe dei o apelido de Minimoy pelos olhos grandes e cabeleira branca. Puxei uma cadeira e cortei um pedaço de bolo tão grande que os olhos do Minimoy quase saltaram.
- Gostou do jardim querida? Eu mesma o fiz! Que blusa suja é essa? Nós ruivas estamos seventy per cent of the time gatinhas!
- Eu... Ado... Rei o jardim – fiquei um pouco engasgada de bolo, consegui até rir um pouco, até Eric chegar com loiro-falso – Mas am... Sou meio desastrada.
- Tia Roro, Dave e eu temos umas ondas para pegar amanhã, minha casa fica a uns três blocos então... Vou nessa – disse Eric com o braços ao redor de loiro-falso.
Cruzei os dedos para que ela não os desse uma carona.
Rose encheu os pulmões, me encarou, olhou para o bolo, encarou Minimoy, sorriu para Eric e então concluiu:
- Leve o meu carro e ensine a Gi como dirigir um pouco melhor. Preciso de uma escrava para fazer compras no supermercado, sabe?
Dei o sorriso mais falso do mundo e pedi licença para “tomar um ar”, “ver o quarto”... Sumir.
Encontrei meu quarto rapidamente, minha mala estava debruçada na porta. Entrando me vi. Um espelho cobria a parede inteira, o armário a esquerda cheirava a verniz e o mero colchão coberto por uma colcha vermelha se fazia de cama.
Sentada, liguei meu celular. Fui a contatos, contei até 10 e liguei para “Tyler”.
- Alô?
- Oi!
- Ginger! Caraca, a gente está morrendo de saudade, mesmo tendo passado, sei lá, algumas horas?
- É, são quase onze e meia... Só liguei pra avisar que cheguei e... Ah! Vi um pôr-do-sol incrível!
- Sou louco para ver essas coisas contigo! Sua tia é legal?
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Ginger Cake
Teen FictionPara começar, os ingredientes: - Ir para San Diego; - Atropelar um surfista; - Deixar sua paixão de infância para trás; - Desconfiar de seus amigos; - Manias; - Drama. Misture até formar uma massa homogênea de paixão com uma pitada de confusão. ...