♥ DANIEL ♥

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Ela está quarenta minutos atrasada.

Eu estou quase entrando em parafuso.

Primeiro, porque ela não atende ao celular e não gosto de pensar nela sozinha por aí. Segundo, porque estou ansioso pra caralho. Elena está me fazendo questionar tudo. Meus sentimentos, principalmente. Ela está me fazendo questionar todas as minhas escolhas.

Passo a mão pelos cabelos enquanto tento ligar para ela mais uma vez. Vai direto para a caixa postal. Solto o ar com força. Vou para o bar do restaurante, peço uma dose de uísque e bebo tudo de uma vez só. Estou prestes a voltar para o lado de fora quando meu coração dá um salto. E é tão forte que sinto a necessidade de levar a mão ao peito, mas não faço isso. Não consigo fazer isso porque meus braços não se movem.

Elena está parada na entrada do restaurante, conversando com a hostess. E Deus do céu! Ela está... Acho que linda não faria jus a ela.

O vestido preto e curto que ela usa cai perfeitamente no seu quadril. Suas pernas ficam ainda mais perfeitas com os saltos da sua sandália preta e delicada. Mesmo de longe, sou capaz de ver que as unhas de seus pés continuam vermelhas e isso me faz estremecer.

Lentamente, caminho na sua direção e, quando seus olhos encontram os meus, percebo que não estou respirando.

— Oi — diz timidamente.

Só consigo sorrir enquanto seguro seu rosto entre as mãos e beijo a sua testa, demoradamente. Ela inspira com força e sinto seu corpo vibrar.

— Desculpe o atraso. — pede quando me afasto e é muito difícil fazer isso. Quero ficar perto dela o tempo todo. — Eu me confundi falando com o motorista. Fui parar do outro lado da cidade... — ela franze a testa. — Eu acho.

— Não tem problema. Eu só precisei subornar aquela hostess mal-humorada umas três vezes. — seus olhos vão até a loira atrás de nós e em seguida se voltam para mim. Há certo divertimento no sorriso que ela me lança. — Vamos?

Ela assente e eu coloco a mão nas suas costas, para conduzi-la. Nesse momento, sou surpreendido por um decote que acaba na sua cintura.

— Exagerei?

— Nem um pouco. — inclino o pescoço até encontrar seus ouvidos. — Você está perfeita. — ela estremece e a pele de suas costas aquece sob a minha mão.

— O que você fez hoje? — pergunto puxando a cadeira para que ela se sente.

— Pintei as unhas das mãos quatro vezes. — ela levanta a mão direita para que eu veja. — Tentei arrumar meu cabelo — ele está preso na lateral do seu pescoço, caindo em ondas sobre seu colo. É difícil desviar os olhos da pele exposta do outro lado. — E fiquei bastante entediada. — sorrio e bebo um longo gole do meu vinho. Olhar para a sua boca tão perfeita e tão vermelha está me fazendo perder o juízo.

— Não tanto quanto eu.

— A reunião foi tão chata assim?

— Essas reuniões sempre são chatas, mas não foi isso o que me deixou entediado.

Ela olha para mim com uma pequena ruguinha no canto do olho esquerdo.

— O que te deixou tão entediado? — sua voz está baixa e ligeiramente rouca e isso mexe comigo. Isso mexe muito comigo.

— Acho que senti falta das suas histórias. — e de você também.

Seus lábios começam a se curvar para cima.

♥ POR TRÁS DAQUELES OLHOS - Degustação ♥Onde histórias criam vida. Descubra agora