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Por mais que Amber estivesse exausta, ela não conseguiu dormir de imediato. Ficou repetindo mentalmente como um mantra "tomara que não tenha sido um sonho, tomara que não tenha sido um sonho...". Só pegou no sono por volta das 2:00. Acordou com alguém sacudindo os seus braços loucamente.

-Acorda Amber, acorda! –Disse Janete eufórica.

-O que? –Respondeu Amber, que ainda estava morrendo de sono.

-Madame Imogen subiu aqui e pediu que eu te acordasse imediatamente. Acho que tem uma família querendo te ver!

-O que?! –Repetiu Amber, levantando com um sobressalto.

"não foi um sonho então" –Pensou.

-Vá logo, Amber. Se troque e vá direto para a sala de Madame Imogem.

Amber tinha acabado de por o uniforme e estava correndo em disparada em direção à porta, quando de repente parou e olhou pra trás. Poderia ser a ultima vez que ela veria Janete. Voltou para abraçar a amiga, que retribuiu o abraço com afeto.

-Sentirei muito a sua falta, Jane.

-Eu sei, também vou sentir a sua. Mas agora vá, não desperdice sua chance!

-Tudo bem, estou indo.

Amber deu um ultimo abraço em Janete e correu para a sala de Imogem.

Ao chegar à porta, bateu três vezes. Escutou uma voz familiar dizendo:

-Entre.

Amber abriu a porta e tentou esconder o desapontamento. Benjamin não estava na sala. Só havia Imogen, um homem e uma mulher que pareciam comuns. "E se não fossem as pessoas certas?" "E se, numa terrível coincidência, uma família normal resolveu me adotar logo hoje?". Amber deu um passo pra frente, e depois mais outro. De repente, o casal se virou para olhar pra ela, e por um momento, ela notou os olhos mudarem de cor. E então ela soube.

Andando confiantemente agora, foi até a mesa de Imogen e sentou-se na cadeira.

-Mandou me chamar, Madame Imogen?

-Mandei sim, Amber. Está é a Carmen, e este é o Marco. Este adorável casal disse que havia observado uma garota todos os dias pelo portão. Disseram que a garota passava a maior parte do tempo no jardim com uma outra garotinha ruiva. E que ela era encantadora. Logo soube que era de você que estavam falando. Eles querem te adotar, Amber.

Amber tentou fingir estar surpresa. Mas como estava verdadeiramente feliz, Madame Imogen nem desconfiou de que ela já sabia o propósito daquilo.

Pela primeira vez, Carmen falou.

-Olá, Amber. Você quer vir com a gente?

-Sim, por favor! –Respondeu com entusiasmo.

-Então pegue suas coisas enquanto eu e meu marido terminamos de acertar os detalhes.

-Tudo bem então. Com licença.

Amber correu escada acima até o seu quarto. Janete não estava mais lá, já devia ter ido tomar café a essa altura. Amber abriu a gaveta, pegou seu pijama e algumas roupas íntimas. Pegou o seu All Star branco, o único par de tênis que tinha. Pegou sua escova de dentes no banheiro, e colocou tudo numa mochila pequena que o Orfanato disponibilizava para estas ocasiões. Amber já ia voltar para sala de Imogen quando se lembrou de uma coisa. Abriu a ultima gaveta e pôs a mão lá no fundo. Foi tateando até achar alguma coisa felpuda e fofa. Puxou. Era sua manta de quando era bebê, a única coisa que ela tem que lembre os pais. Jogou a manta na mochila com as outras coisas, e voltou para a sala de Madame Imogen.

DescendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora