1.

326 15 17
                                    

O despertador tocou às 7:00.

Amber acordou e olhou pela janela. "Belo dia de sol para mais um dia monótono" -Pensou. Amber levantou-se e deu início a sua rotina de sempre. Arrumou a cama, lavou o rosto, e colocou o uniforme do orfanato Santa Cecília (uma camiseta polo branca com o emblema do orfanato bordado em verde, e um short-saia xadrez verde e cinza). Colocou também as suas meias ¾ e seu par surrado de All Stars, que estava mais pra cinza do que branco. –Preciso lavar essa coisa. –Disse Amber para si mesma, olhando para os tênis. Janete, a sua colega de quarto, ainda estava dormindo esparramada na cama.

-Vamos, Jane. Acorde. Se demorarmos muito a Madame Imogen subirá aqui e nos dará puxões de orelha!

-Tudo bem, tudo bem. Já estou indo, agora pare de me sacudir. –Respondeu Janete entre resmungos.

-Vá se trocar, deixe que eu arrumo sua cama.

Enquanto Janete estava no pequeno banheiro, Amber estava observando o quarto agora arrumado. Era um cômodo completamente sem graça. As paredes eram brancas, assim como o teto. O chão e os poucos móveis eram feitos de uma madeira com tom escuro. O quarto ficava no terceiro andar, e nele só havia duas camas, uma ao lado da janela (a de Amber) e a outra do lado oposto perto da porta. Em cada cama havia um colchão que não era exatamente confortável, mas que dava pro gasto. E também havia um travesseiro com fronha branca, e um lençol cinza claro que dava tédio em Amber só de olhar. Entre as camas havia um criado-mudo com um abajur em cima e um despertador. De frente para as camas e ao lado da porta do banheiro, havia uma única cômoda que as duas meninas dividiam, já que mesmo somando as roupas de ambas não davam o suficiente para encher todas as gavetas. Ao lado da cômoda, ficava um espelho simples, mas que mostrava o corpo por inteiro. Não havia ventilador de teto, apenas uma única lâmpada no centro. E só. Todos os quartos eram iguais, a não ser pela posição dos móveis. Algumas pessoas possuíam alguns bens materiais que trouxeram de casa quando vieram parar no orfanato, mas não era o caso de Amber, que foi parar no Santa Cecília quando ainda era um bebê. Ela nem sequer possuía um nome. Quem escolheu o nome "Amber" (um nome derivado de 'âmbar') foi a Madame Imogen, que foi quem a encontrou na porta do orfanato. Ela escolheu este nome pois Amber possui uma doença rara chamada Heterocromia, onde o portador da doença possui um olho de cada cor, às vezes castanho e verde, ou verde e azul... Amber possui um olho castanho, e outro dourado. Amber se achava especial por isso, mas as outras crianças olhavam-na com estranheza. Por este motivo, quando ela fez 5 anos, Madame Imogen comprou um tampão para cobrir o olho dourado. Amber estava de frente para o espelho colocando o tampão neste instante quando ao seu lado, apareceu uma garota com cabelos ruivos escorridos cortados simetricamente, fazendo contraste com o seu, que era castanho claro e cortado em camadas que destacavam as suas ondas.

-Está pronta, Amber? –Perguntou Janete.

-Estou sim.

-Então vamos descer.

Ao chegarem lá em baixo, foram para o refeitório. Já havia algumas pessoas comendo, mas a maioria ainda estava na fila. Elas logo entraram também. O café de hoje era uma tigela de mingau de aveia, e uma fruta. Maçã ou pera. Amber e Janete se sentaram para comer. Elas mal tinham terminado o mingau, quando uma moça magra com traços rígidos e o cabelo preto preso num coque, entrou no refeitório. Automaticamente o salão ficou em silêncio.

-Bom dia, crianças.

-Bom dia Madame Imogen. –Responderam todos em coro.

-Vocês terão mais 5 minutos parar acabarem suas refeições, e depois vocês deverão pegar o cronograma de vocês com a Senhorita Eleonor. Entendido?

DescendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora