Voltei pra casa depois daquela história. Finalmente dormi, assim que encostei a cabeça no travesseiro. Não sabia onde estava me metendo. Mas sentia que precisava ver Tsuki de novo. Saber se ele conhecia alguma sereia ou vampiro. Se conhecia unicórnios ou outras maldições. No dia seguinte, terminei de organizar o quintal e minha mãe tinha saído, para ver uma vila pequena, perto de casa. Era mais ou menos 18 horas e ela me avisara que, provavelmente, chegaria tarde em casa. Peguei uma bolsa com água, uma maça e meu celular. Não sabia quanto tempo ai ficar fora, então levei também uma troca de roupa. Me arrumei e saí em direção à floresta. Quando me aprofundei mais, gritei:
- Tsuki! Shinne!
Mas não adiantava. Gritei de novo:
- Tsuki!! Tsuki! Shine!!
Andei, floresta adentro, até que vi Tsuki sentado num toco de árvore, olhando para uma flor. Era rosada, delicada e linda.
- Tsuki, estava te procurando. O que foi?
- A Lua me assustou hoje. Disse que o Sol e o Mar querem te conhecer. Eu também encontrei Lorenna, que pretende tomar chá com você. É como se todos do mundo mágico te conhecessem sem nem saber seu nome.
Estendi a mão a ele, que aceitou e se levantou. Depois perguntei:
- Olha, eu também quero conhece-los, mas por que o Sol ou o Mar não vem me ver? Existem outros espíritos com a mesma maldição que você? Tens amigos mágicos?
- Opa, peraí. Uma coisa de cada vez. Já vi que é bem curiosa. O Sol ou o Mar podem mudar de forma, assim como a Lua. Mas se um estranho se aproximasse de você, com certeza não seria tão amigável, quanto está sendo comigo. É um tanto difícil, ver outros espíritos com a mesma maldição. Ainda mais porque a maldição que tenho ocorre uma vez a cada 10 mil anos. Mas quando se vive 2.186 anos, você acaba fazendo muitos amigos e conhece várias pessoas. Ou melhor espíritos. Às vezes esqueço que somos espíritos. E qual foi a outra pergunta?
- Err... Se você tem amigos mágicos. Mas já respondeu.
Ele foi andando e eu o segui. Chegamos a uma cachoeira no coração da floresta. Ao chegarmos, vi Shinne e Tsuki disse:
- Aqui, é onde o mar quer te encontrar. Mas ele sabe que terá de ser agora e não vamos ficar aqui por muito tempo. É perigoso pra você....
Eu o interrompo - Olha aqui mocinho, eu sei muito bem cuidar de mim sozinha - digo cruzando os braços.
- OK, OK - ele diz meio sem jeito - Então, ele mandou uma de suas informantes e amiga minha.
Ao terminar essa frase, em meio à água corrente da cachoeira, vejo algo. A imagem está distorcida e não consiguia ver. Até esse "algo" subir pra superfície. Era uma garota, com cabelos azuis e olhos da mesma cor. O azul dos cabelos e olhos é tão límpido e lindo quanto a água da cachoeira. Ela tinha uma voz tão doce e suave que ainda me lembro.
- Oiee! - ela diz apresentando-se - Tsuki, velho amigo. Como vai com a Lua? E quem é você? - Tsuki abriu a boca para falar algo mas ela o interrompeu - Espera! Já sei! Você é a garota que o Mar quer conhecer, certo? Bom, eu sou Yukimy. A sereia mais antiga deste lugar.
Ao ouvir a palavra sereia, o mundo girou de uma forma inexplicável. Desde criança, eu queria saber se seres mágicos realmente existiam e quando estava na praia uma vez, nadei muito para o fundo. Eu iria me afogar mas antes de desmaiar eu juro, que vi uma sereia. Obviamente, eu era criança e ninguém acreditou. Tive que frequentar 3 psicólogos diferentes durante 6 meses, até finalmente aceitar que era melhor guardar aquilo para mim. Ao ter certeza de que o que vira era real, o mundo girou rápido demais e fiquei tonta. Eu me senti tomada pela necessidade de falar com ela, saber se o que vira era real. Mas algo me impedia de faze-lo, uma força que estava lutando dentro de mim, uma que eu não conseguia vencer. Acredito que tenha desmaiado, já que acordei no meu quarto, com a lua ainda brilhando e um bilhete ao lado da cama, no criado-mudo, que dizia:
"Merediht, desculpe por hoje. Tenho que ir, meu dever me chama. Mas não se preocupe, voltarei logo. Ainda essa noite irei te ver. Sua coisa retangular piscou e fez uns barulhos estranhos. Melhor dar uma olhada, até mais tarde - Tsuki "
Estava numa caligrafia linda. Peguei meu celular e vi 2 chamadas perdidas da minha mãe. Era mais ou menos 21hrs e minha cabeça latejava. A última coisa de que me lembro foi de ver uma moça de cabelos e olhos azuis dizer que é uma sereia. Não conseguia me lembrar de seu nome. Tomei um banho e liguei pra minha mãe:
- Alô
- Alô, filha? O que houve? Eu te liguei mas você não atendeu.
- Eu... Err... Peguei no sono. Tirei uma soneca apenas. Mas por que ligou?
- OK, OK. Queria avisar que vou dormir fora hoje. Vai ter um festival aqui no vilarejo e já está ficando tarde. Desculpe querida, mas é meio longe. Não posso ir aí te buscar.
Perfeito, minha mãe vai ficar fora e vou poder conversar em paz com Tsuki.
- Tudo bem, mãe. Eu me viro. Se cuida. Boa noite.
- Boa noite. Beijos, tchau.
Desliguei. Fui na cozinha e fiz um miojo. Quando estava pronto, subi pro meu quarto pra pegar um cobertor e um travesseiro. Resolvi dormir na sala. Quando subi, vi Tsuki. Ele estava sentado na cama, me esperando pacientemente. Descemos e enquanto comia, perguntei a ele:
- O que aconteceu?
- Yukimy estava se apresentando e você desmaiou. Ela se preocupou mas não pôde fazer muita coisa. Eu te trouxe de volta, mas o mar ainda quer te ver. Que treco é esse que você tá comendo?
- HM... É miojo, nunca comeu?
- Err...'-' Não.
Dei-lhe um pouco de miojo e fomos ver um filme. Lembro-me de que durante o filme, ficamos abraçados embaixo da coberta. Eu adormeci em seu ombro. Adorei aquela noite. Me senti especial.
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Além dos meus olhos
FanfictionMeredith, aos seus 18 anos, ganhou uma casa quando sua avó Lucia morreu. Oque a garota não sabia era que, com essas férias, sua vida iria mudar completamente....