O soneto de um Bem-te-vi

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Encaro distante o papel e a submissa lapiseira
Tentando capturar com dificuldade um pensamento
Claro o suficiente para descrever meu tormento
Enquanto giro em minha velha cadeira.

Um Bem-te-vi orgulhoso de peito estufado
Pousou no arame farpado em cima do muro
Olhando-o, deixei escapar num murmúrio:
"Se eu pudesse, acredite, fugiria ao teu lado".

As rosas no jardim sorriem alvas e brilhantes
Eu, pensando em ti a todo instante,
Me pergunto como seria se eu fosse escolhida.

Mas o Bem-te-vi voou, as rosas murcharam
E eu, a sonhadora que quis o que não era seu,
Voltei a girar minha cadeira velha e sofrida.

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