A nerd e o Popular( Degustação).

Capítulo 4 - Confusa

Quando finalmente terminei de comer, fui na direção da porta, mas fui interrompida pela voz do Caio a dizer:

- Pra onde vai?

- Não interessa. - Falei curta e grossa já abrindo a porta de casa.

- Ignorante, né? - Falou se virando para mim no sofá.

- Intrometido, né? - Revidei.

- Sua... - Pausou e respirou fundo.

Fechei a porta de casa e o encarei dizendo:

- Qual é o seu problema? Nem comigo você fala e agora quer dá um de "protetor"- Fiz aspas com os dedos.

- Sou obrigado a falar com você, vamos viver juntos a partir de hoje.

- Obrigado? Não que eu saiba, dá muito bem para me ignorar, e você sabe disso, quero saber qual é a sua. - Falei desconfiando.

- Não quer que eu fale contigo, é isso? - Perguntou sem entender.

- Não é isso, só acho estranho você se afastar, ficar 3 anos sem nem sequer olhar para a minha cara, e agora age como se nada tivesse acontecido.

- Éramos crianças, ficou ressentida com isso? - perguntou curioso.

- O que acha? Éramos carne e unha, Caio, o que fez comigo foi maldade.

- Olha, ser popular subiu para a cabeça. - Falou sem explicando.

- Jura? E agora acha que pode concertar o passado? - Perguntei irônica.

- Eu não disse isso, Jennifer.

- Caio, eu lamento, mas você foi idiota, quem me garante que não irá fazer o mesmo novamente?

- Eu não vou, Jennifer, eu já disse que éramos crianças.

Dei uma gargalhada e disse:

- Isso está estranho, não irei mais perder o meu tempo. - Falei abrindo a porta novamente totalmente desnorteada.

Como ele mudou tanto? Será que cansou da vidinha sem graça dele? E por que está sendo tão "gentil" comigo?

Bufei ao pensar nisso e subi no meu skate indo até a pracinha, que ficava perto da rua do Mateus.
Ao chegar na pracinha, avistei a Bia e o Mat conversando num banquinho, os dois pareciam se conhecer há anos, eu não queria atrapalhar eles, então fui direto para a pista de skate.

Depois de uns 15 minutos mandando vê na pista de skate, apareceu um menino do meu lado, ele fazia umas manobras bem mais avançadas do que as minhas, eu não pude parar para ver ao certo quem era, ou então, eu iria beijar o chão.

Fui tentar fazer uma manobra super arriscada e o menino havia passado ao meu lado bem na hora, fui para o chão com tudo e esbarrei no menino, fazendo ele ir para o chão juntamente comigo.

Caí por cima do mesmo e só aí pude perceber que aquele garoto era o Caio.

- Você é uma desastrada. - Falou reclamando de dor.

- Você se meteu em minha frente, seu inteligente. - Falei como se estivesse certa, coisa que eu não estava.

- Eu fiquei em sua frente? Tem certeza?

Depois daquilo, fiquei o encarando e ele retribuiu a encarada.

Como o Caio era lindo, seus olhos eram um acinzentado claro, seus cabelos preto azulado e seu sorriso perfeito, parecia até dentes de mentira.

- Hey, vocês dois, a pista não é lugar de namorar não. - Escutei uma voz familiar, era a Bia.

- Eu mato ela. - Falei comigo mesma.

- Eu caí sem querer, Bia, não viaje. - Falei para me defender.

- E está em cima dele até agora? - Senti o meu rosto queimar e logo em seguida olhei para o Caio, que sorria de lado.

Sai de cima dele completamente sem jeito e o Mat me ajudou dizendo:

- Está bem, Jenni? - Perguntou parecendo preocupado.

- Estou sim, Mateus, obrigada. - Sorri gentilmente e ele sorriu de volta.

Escutei uma tosse falsa e olhei na direção da mesma.

- Eu estou bem também, obrigada. - Disse Caio com ironia.

Ele me encarava desde o momento em que eu havia me levantado de cima dele, o que estava me deixando mais intrigada ainda. Eu estava bem perto de seu rosto e por um momento, passou nessa minha cabeça de fechar o espaço que estava entre nós dois.

Me sentei num banquinho e ele se sentou ao meu lado.

- Você machucou o joelho. - Falou olhando para minha perna sangrando.

- Está tudo bem, nem dói. - Menti, pois ardia e muito.

- Quando chegarmos em casa, eu vou cuidar disso pra você. - Falou como se aquilo fosse uma ordem.

- Não precisa. - Retruquei.

- Você não é de ferro. - Me encarou.

- E? - Começou a ventar repentinamente, o que fez alguns fios de cabelo invadir o meu rosto.

Caio gentilmente pegou uma das mechas que estava voando em meu rosto e a colocou atrás da minha orelha, nesse ato dele, os nossos olhos não se desgrudavam em momento algum.

Meu coração disparava fortemente e eu queria entender o que estava acontecendo ali.

Alguns pingos finos de chuva começaram a cair, o céu começou a escurecer e eu imediatamente disse:

- É melhor nós irmos embora, ou então tomaremos um banho daqueles. - Encarei o céu.