Capítulo 1 - Um Desconhecido

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Lívia

O maldito despertador toca de novo, tenho que levantar, mais um dia pela frente. Obrigo-me a arrastar-me para fora da cama, abrir a porta e descer as escadas. O cheiro dos ovos com bacon enchem a casa. Lá está minha amiga Karen, na cozinha preparando o que ela chama de "refeição de verdade", ela já está pronta pro colégio, usa seus jeans novos, tênis e a camisa da farda, ela me olha de cima abaixo, com aquela cara de "vamos nos atrasar e a culpa é sua", minha colega de apê, tão pontual, tão previsível.

– Live, a gente vai se atrasar de novo, é a segunda vez essa semana, a diretora já está de olho na gente. – diz Karen colocando em nossos pratos os ovos com bacon e servindo o suco.

– Me desculpe senhorita perfeita, ontem fiquei até tarde respondendo questões de física, enquanto a bela adormecida roncava lá em cima. – respondo.

– Desculpe por eu ser um ser humano normal que tem sono.

Nós continuamos tomando o café em silêncio. Quando termino subo pra me arrumar, coloco meu velho tênis e minha velha calça, visto a farda e desembaraço meu cabelo com os dedos. Quando desço Karen já está me esperando no carro, pego minha mochila e saio trancando a porta da rua. Pego meu celular e coloco o fone de ouvido, vou escutando a banda Paramore até o carro parar no estacionamento do colégio.

Saímos do carro e vamos em direção às portas duplas.

– Até logo Live, tenho que correr, tô atrasada. – Karen diz isso correndo para a escada.

Estou pegando os livros no meu armário e colocando na mochila, tudo acontece muito rápido, uma fração de segundo e minha mochila aberta cai no chão derrubando os meus livros, olho meio atordoada ao meu redor. E lá está ele, o garoto desastrado que se bateu em mim, olhos castanhos, porte atlético e vários centímetros mais alto que eu. Ele olha pra mim com o olhar de desculpas, sua boca se abre, mas o time de basquete chega e ele congela, seu rosto se transforma. Agora é como se ele estivesse debochando da minha cara.

Eu me abaixo e começo a arrumar meus livros na mochila, olho de canto de olho e um dos garotos, um loiro um pouco mais alto que eu, está olhando pra mim e dá risada.

– O que temos aqui? Lívia é você? Você ainda fala? – ele volta a olhar pro garoto desastrado – então cara, você não vai ser o garoto bonzinho e ajudar ela? – o garoto fica calado.

– Eu não preciso de ajuda, já terminei – o garoto desastrado olha pra mim.

– Que bom, ou você achou que eu ia te ajudar?

Eu me viro e saio furiosa, como uma pessoa que parecia tão gentil se transforma desse jeito? "Ou você achou que eu ia te ajudar?" Foi o que ele disse, ai que raiva desse garoto. Um dos dois, ele é só um idiota ou é bipolar. De qualquer forma não importa, eu não vou falar com ele.

***

Depois das aulas vou para o estacionamento e fico esperando Karen, e lá está o garoto bipolar, no banco do motorista de uma van esperando o resto da trupe chegar, eles vinham logo atrás humilhando um garoto que passava, vendo aquela cena fico enojada, eles continuam andando e começam a entrar na van. Senti alguém me olhando e quando olhei novamente para o garoto do banco do motorista, percebo que ele está olhando pra mim, não apenas olhando, ele está me examinando com os olhos e quando percebe que eu estou vendo ele vira o rosto rapidamente, liga a van e vai embora.

Olho pra trás e vejo que Karen está parada me olhando.

– Que bom que finalmente saiu, agora vamos. – falo rapidamente.

– Desculpa a demora, mas agora já podemos ir.

Depois de chegar em casa e almoçar, coloquei a roupa pra lavar na máquina enquanto eu limpava a casa. Depois de estender a roupa no varal, fui tomar uma ducha fria porque do calor. Enquanto a água do chuveiro caia minha mente trabalhava, eu não conseguia entender, por que ele tinha mudado de atitude tão rápido? Eu aproveitei que Karen tinha passado a tarde toda fora pra fazer uma geral na casa, mas na verdade eu só queria ocupar a minha mente pra não pensar no garoto, preciso esquecer aquela situação. Me seco e me visto com uma roupa fresca e confortável tenho que estudar pra compensar o meu atraso na aula de hoje.

***

Olho o relógio na parede, já são 20:30, nossa perdi o horário, começo a guardar as coisas na mochila. Escuto um clique e a porta da casa se abre, é Karen, claro quem seria, O bin Laden? 

– Oi Live, já jantou?

– Não, desculpa perdi a hora estudando e não fiz nada pra gente comer.

– Não tem problema, vou fazer uma coisa rapidinha e a gente come.

Levo minha mochila pro quarto e pela primeira vez no dia pego o meu livro Mar da Tranquilidade e desço, sento na mesa da cozinha e leio enquanto minha amiga prepara alguma coisa no microondas.

– Prontinho, não é a melhor comida do mundo, mas é melhor que nada. – Karen coloca na mesa uma lasanha pequena de microondas.

– Obrigada.

Acabo meu jantar e volto a ler, Karen me dá boa noite e vai dormir. Também subo pro quarto, me jogo na cama e durmo pensando no idiota do colégio.


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