Capítulo 7. 3° Encontro

70 8 7
                                    

Lívia

Meu Deus, eu tinha tudo sobre controle, mas o idiota tinha que se meter no meio. Saí do ônibus puxando o cara pelo braço, o que ele achava que estava fazendo? Em um dia ele derruba meus livros e dá risada da minha cara, no outro dia ele tenta salvar o mundo? Que tipo de estranho ele é?

- O que você estava pensando? Acho que um bêbado teria batido naquele cara mais forte que você. Já tinha batido em alguém antes? - eu paro e olho pra cara dele, não está nada bonita, ele está com um corte bem embaixo da sobrancelha e seu olho começa a inchar um pouco.

- Vamos, tem uma farmácia logo ali. - vou andando, mas percebo que ele não me segue. - O que foi? Vem! Não se preocupe, não vou te bater. - falo isso dando uma risada sarcástica.

- Há, há, há, muito engraçado, não é esse o problema, depois da farmácia nós vamos aonde? - ele pergunta meio desconfiado.

Me aproximo dele e falo.

- Roubar um banco. - digo com a sobrancelha arqueada, ele me olha desconfiado - Minha casa fica há um quarteirão daqui, passamos na farmácia e depois vamos pra minha casa, vou cuidar do seu machucado, antes que você me processe. - dou as costas a ele sorrindo e ele me segue.

Passamos na farmácia, eu pego álcool, pomada pra cicatrizar, os remédios de Karen e material para o curativo.

- Vamos! - assim que falei isso, ele olhou para sacolas na minha mão e falou.

- Pra quê tudo isso? Você não gastou dinheiro, gastou? - ele pergunta com cara de ofendido.

- Não, eu roubei. É claro que gastei seu bobo, mas Karen também precisa. Ela está doente, por isso não fui ao colégio, fiquei em casa cuidando dela. Não que você tenha reparado minha ausência.

- falo isso e vou para a saída.

- Na verdade, - paro e olho pra ele, o que será que o maluco vai dizer agora? - eu senti sua falta, mas você não estava em lugar nenhum. Depois fugi do meu motorista e entrei no 1° ônibus que vi, por acaso foi o mesmo que você entrou. Quando eu vi aquele cara tentando se esfregar em você... eu... eu não pensei mais em nada, só partir pra cima dele. - eu virei o rosto, não aguentava olhar para aqueles olhos, eu já tinha me enganado muito com as pessoas.

- Obrigado, pela intenção de me proteger, faz tempo que... que ninguém age desse jeito por mim. Mas precisamos ir. - termino de falar e sigo, não preciso olhar pra saber que ele me segue. Não posso negar que estou feliz, o irônico é que, estou feliz com a pessoa que mais me irritou nos últimos dias.

Não demora muito, logo chegamos em casa, coloco as coisa na mesa da cozinha, pego o remédio de Karen e subo, quando chego ao quarto dela, ela está deitada e enrolada na cama.

- Karen? Eu trouxe seu remédio, senta pra tomar o comprimido e depois você descansa. - ela levanta um pouco pega o comprimido coloca na boca e bebe com a água que está na sua mesinha de cabeceira.

- Obrigada Live, não sei o que eu faria sem você. Que barulho é esse? Quem está lá em baixo?

- Não se preocupe, é aquele garoto do colégio, ele se meteu em uma confusão, mas depois eu conto, agora descansa.

- Live, depois quero saber tudo. - minha amiga fala com aquele sorriso malicioso.

Saio do quarto e quando chego ao andar de baixo, ele está sentado em uma das cadeiras da cozinha.

- Vamos cuidar disso, está bem feio, vou só lavar as mãos. - ele me olha lavar as mãos e depois secá-las. Pego o álcool, o algodão e peço pra ele lavar o machucado na pia com água e sabão. Eu pego um papel toalha e começo a enxugar o lugar.

- Eu poderia dizer que não vai doer, mas vai arder bastante, preciso que se prepare, eu preciso desinfetar o lugar. - ele balança a cabeça consentindo e fecha os olhos, eu molho o algodão no álcool e passo de leve no corte, percebo que ele sente arder, mas não se move, nem mesmo emite um som.

Limpo bem o corte e depois passo a pomada e faço o curativo.

- Toma esse comprimido, é um analgésico e vai ajudar na dor, olha você vai tomar esse comprimido de 6 em 6 horas, pelo menos até amanhã, isso aqui é pra fazer o curativo, tem que fazer outro amanhã, mas quando você for dormir, deixe sem o curativo para que não fique abafado e amanhã antes de sair faça o curativo para proteger. Entendeu? - ele me olha com cara de curiosidade.

- Live, como aprendeu tudo isso? Eu não gravei metade do que você falou, e mais uma pergunta, como você aprendeu a se defender?

- Eu vou escrever tudo no papel. Eu tive que aprender, quando eu... perdi... eu tive que aprender, não tinha outro jeito. Eu tive que aprender, é isso que acontece quando você perde quem te defendia. - por um momento lembro do meu pai me ensinando defesa pessoal, tento tirar isso da cabeça, acho que o garoto percebe que não quero falar do assunto.

- Ok, mais alguma instrução, enfermeira Live? - eu não aguentei e dei risada, notei uma coisa, ele sabia meu nome, mas eu não sabia o dele.

- Na verdade tem uma coisa, eu não sei o seu nome e não posso continuar te chamando de idiota, então como devo te chamar?

- Me chame de John. E desculpa pelo dia do colégio, depois com o tempo você vai entender.

Ele sai e pega um táxi, acena pela janela e vai embora. Acho que tenho outro pensamento sobre John, acho que assim como eu ele também tem seus segredos.

* * * * * * * * * * * * * * *
★ Parabéns, já leu o capítulo 7 ★

Parece que finalmente esses dois vão se acertar, o que você acha?

Beijos e obrigado pela atenção !!!

Vidas OpostasOnde histórias criam vida. Descubra agora