Capítulo 8. Nas nuvens

44 7 7
                                    

John

O táxi vai seguindo pelas ruas, parando nos engarrafamentos, a sacola que Live me deu esta no meu colo. Não consigo parar de pensar nela cuidando de mim, tão paciente, tão delicada.

Trim...

Meu celular toca, tiro do bolso e olho na tela "Pai". Não atendo, estou nas nuvens no momento e não posso atender.

Não sei a quanto tempo estou no carro, mas de repente o carro para.

– Deu 30 reais.

– Aqui, pode ficar com o troco, ah, mais uma coisa, você pode anotar o endereço do lugar em que eu peguei o táxi? E seu número, caso eu precise de um táxi.

– Ok... aqui esta, mais alguma coisa?

– Não, obrigado.

O táxi vai embora e eu fico no portão tomando coragem pra entrar, olho o relógio, já são 15:13, meu pai deve estar uma fera. Entro em casa, meu pai está no sofá, não vejo minha mãe e minha irmã, elas devem estar lá em cima onde a discussão não chega.

– Eu posso saber onde você estava?

– Já que perguntou, não. – digo isso e vou em direção a escada, mas meu pai levanta e vem na minha direção.

– Você fez o motorista de idiota, o que foi isso no seu rosto? Era só o que me faltava, um filho marginal. 

– Olha só o pai preocupado, até parece que você se importa com alguma coisa, a não, você se importa com a sua imagem, não é? Quem você pensa que é?

– Eu sou o cara que sustenta essa casa, você ama falar mal de mim, mas gosta de gastar o meu dinheiro.

– Esse é o problema? Eu vou procurar emprego se isso fizer você sair do meu pé. – quando terminei de falar, meu pai parecia que ia explodir de tão vermelho.

– Você ficou louco? A mídia vai cair matando se ver você trabalhando em um mercadinho qualquer. Chega desse assunto, mas eu espero que isso não se repita.

Dou graças a Deus por encerrar o assunto, subo as escadas de 2 em 2 degraus pra chegar o mais rápido possível ao meu quarto, antes que meu pai mude de ideia e queira continuar nossa “conversinha”.

Chego ao quarto, tranco a porta, jogo a mochila na cama e vou ao banheiro, guardo as coisas que Live me deu no armário e tiro a roupa pra tomar uma ducha, merda, sem querer eu acabo magoando o olho, tiro o curativo e tento lavar o lugar sem magoar, mas é difícil. Depois de vestir uma bermuda e uma camiseta, olho as instruções que Live escreveu pra mim, ainda são 16:10, isso, tive uma ideia, vou pro banheiro pego o que Live me deu pra fazer o curativo e tento fazer um olhando no espelho, não ficou muito bom, mas é melhor que nada, fico em dúvida se fico com essa roupa ou se troco, dou uma olhada no espelho e resolvi trocar de camisa, coloco uma preta de mangas compridas e agora? Qual eu uso? O tênis ou uma sandália? Decido ir de tênis. Nunca fui de ficar indeciso com roupas, mas quando se tratava de Live, não sabia o que ela ia gostar e isso me deixava nervoso.

Saio do quarto e desço as escadas em silêncio, não quero ter que me explicar. Consigo sair sem ser visto, pego o papel que o taxista me deu e ligo pro número, chama duas vezes antes dele atender.

Vidas OpostasOnde histórias criam vida. Descubra agora