4 - Noitada

214 16 1
                                    

Saber "ler" é diferente de saber interpretar um texto complexo, caso esse era o do resultado do teste de HIV que Sabrynna se obrigou a fazer.

Ela se orgulhava de ter ido, era um local público, e ela odiava locais públicos, porque Sabryna nunca se desmontava. Ela não entendia como uma pessoa podia ser duas ao mesmo tempo só pra agradar a sociedade. Pensava que quem a quisesse ver a veria da forma como ela se sentia, ou seja, estonteante, arrasadora, magneticamente atraindo todos os olhares em sua direção.

Ela viva basicamente na rua, tinha um "AP" em algum prédio pulguento do centro, mas que usava só pra dormir, isso quando não conseguia uma estadia num motel luxuoso. Ela gostava de ser tratada bem.

Quem pensaria que uma travesti pagaria um exame instantâneo no dinheiro vivo. Ela tinha pressa, ela não gostava de locais públicos, porque tem uma hora que o efeito "cheguei" passava, e os olhares surpresos, e até mesmo amedrontados, se tornavam olhares corajosos cheios de julgamento. Foi por isso que ela encheu a carteira dourada de notas de cem e as espalhou sobre o balcão na hora de pagar.

E depois de tudo pronto ficou ali com aquele papel na mão, tentando decifrar aqueles códigos complexos. Mas se recusou a pedir ajuda. Por fim decifrou o "negativo".

A noitada pra comemorar isso tudo tinha que ser boa. A melhor boate da cidade, sem dúvidas.

Mal sabia ela que iria encontrar lá o filho do juiz...


Travesti não é BagunçaOnde histórias criam vida. Descubra agora