1. Reconhecimento da área

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Se é para escrever sobre as minhas lembranças, vamos começar com aquela que tinha tudo para ser o meu presente e futuro mas ficou somente no passado. Aliás, eu nunca coloquei essas lembranças para fora porque mesmo depois de tanto tempo, elas ainda mexem muito comigo e me fazem ter pesadelos à noite todas as vezes que procuro entender e esquecer. Mas eu não quero esquecer,para deixar bem claro,por isso aceitei o convite do meu psicólogo dr. Christian que tanto insistiu que eu acabei concordando. Eu ainda não disse meu nome...acho que fica subtendido ao leitor, ( nesse caso meu amado e curioso terapeuta) mas se vamos fazer isso é melhor fazer bem feito. Bem, meu nome é Ana Lúcia de Alcântara, sou viúva e tenho três filhos, sou uma "jovem senhora" (não contarei todos os meus segredos neste livro!). Para os íntimos eu sou Aninha, mas para "Ele" eu era Lúcia.

Eu atualmente sou professora mas estou prestes a me aposentar,consegui me formar em letras e especialista em literatura brasileira, por isso leitor se notares alguma referência a autores da nossa excelentíssima literatura, não me acuse! Principalmente Vinícius de Moraes e Machado de Assis. Por que na qualidade de faminta leitora, eu não garanto que sou boa escritora. Naquele tempo, eu tinha 17,quase 18 anos, terminando o ensino médio e com a preocupação do meu pai acerca do meu futuro: casada com um homem íntegro e médica! Ele não fazia ideia... Se bem que eu também não, até que Heitor apareceu e bagunçou tudo o que eu havia cuidadosamente arrumado e me fez ver o mundo de uma forma que ninguém mais poderia. Jogou um balde de água fria nas minhas crenças e me vacinou com coragem! Ele era incrivelmente charmoso com seus cabelos pretos sem um corte definido e braços fortes,tinha os olhos caramelo e o dom de fazer-se ouvir sempre, seja cantando ou argumentando com alguém. Daqueles olhos que refletiam uma saudade de casa mas ao mesmo tempo um espírito desbravador é o que eu mais sinto falta, mas também da sua unipresença mesmo que fosse só em meu pensamento. Mas o objetivo desse livro não é vangloriar as minhas conquistas mas relatar o que eu perdi ou o que se perdeu,depende do ponto de vista.

Naquele Tempo...Onde histórias criam vida. Descubra agora