Ciao
Esses dias na volta para casa, uma visão incrivelmente insana e simplesmente fácil de se ignorar pela ignorância e insensibilidade de nossos tempos me chama atenção: Uma grande favela impedida de qualquer acesso, como portas ou até mesmo janelas viradas para a pequena avenida, sim! Como em Berlim pós-guerra, um muro enorme separava a alta classe do condomínio da comunidade simplesmente próxima! Um grande muro que após observar, seria implacável até mesmo com as crianças que em horário de chegarem ou irem á escola, os pais que moravam na comunidade seriam sempre obrigados a ir do outro lado do muro por que o transporte apenas ficava ao lado "rico" do muro por uma desculpa simples de segurança.
Chega indignar o fato de como é tratado como algo simples e cotidiano, tendo também em vista que boa parte dos moradores eram pessoa que trabalhavam do outro lado do muro, diferente de Berlim em que atravessar o muro traria a morte, aqui atravessar o muro era a jornada complicada para atingir um mínimo de dignidade a vida de quem estava confinado por uma barreira física e monetária. Aos poucos, eu via até que o transporte publico só chegaria até o lado rico do muro, simplesmente observar toda essa disparidade do progresso desordenado era ir queimando os poucos neurônios sadios que temos num fim de tarde em São Paulo. Contudo, seria possível fazer algo além de oferecer a eles a marreta que é reconhecer o direito de ir e vir? Muitas vezes nosso maior instrumento é escrever e torcer para que no campo das ideias, muros não existam e todos juntos construiremos pontes de oportunidade e comunicação com tais realidades tão ignoradas por serem frequentes. Isso me faz refletir que, nosso país está demasiado dividido entre ruas e condomínios, se pensa que o Brasil se dividiu em Norte e Sul, está enganado! O Brasil se divide em lados de uma mesma rua, numa mesa do almoço, em corredores e até mesmo coisas tão banais como a própria Seleção que já não cumpre o papel de união nacional (olha que nós Paulistas nunca aceitamos muito a representação da camisa canarinho) com vários muros de Berlim entre nossas vidas, realmente isso é triste ver que não apenas bolhas, hoje os muros são mais aplicáveis no dia a dia das pessoas, nós mesmos construímos esses muros em nossas mentes e aceitamos que seu espaço se materialize sacrificando sua visão do horizonte de nossa mente e realidade.
A todo leitor, gratidão eterna.
Guilherme Andreotti de Almeida
(Osasco, 28/09/2018)
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A Armadura de Vidro
PoetryReflexões dos dias atuais de maneira cruel e na carne via o olhar de um jovem com mente impossível de silenciar. Com um poema como "Front Man" dando título ao livro, A Armadura de Vidro busca por meio de poesias e crônicas entregar ao leitor pensame...