1 - Unfeelings

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É tudo sobre não sentir. Não sentir amor, não sentir alegria, não sentir tristeza, não sentir paz. Minha alma vagueia pelo espaço gravitacional, somos prisioneiros desse mundo, aonde só iremos sair quando pagarmos nossa penitência. Você impertinentemente insiste em orbitar meus pensamentos, o quão tola seria eu, em negar a atração de nossos cosmos.

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Me sento em frente a imensa janela do meu quarto e observo, no Horizonte resquiscios do que outrora fora escuridão, começa a dar lugar para a Luz que já se mostra ansciosa para tomar o seu lugar, mesclando-se assim com as pinceladas da noite, Formando um céu cor de lilás.
A solidão minha companheira nesse último ano, prossegue juntamente comigo, o sono que me foge a noite, mas durante o dia esforça-se para me atormentar começa a me preencher me deixando entorpecida pelo seu abraço.
Me levanto e ando na direção da imensa e solitária cama que chama por mim, atendo seu chamado e me deito nela embalando em um sono conturbado e infeliz.

Eu estou em um lugar muito escuro, me levanto e vagueio pelo imenso nada, eu olho para os lados e o que me rodeia é a escuridão, e então ouço um choro ele ecoa por todos os lados procuro avidamente a origem mas não encontro, e o choro prossegue só que mais sofrido agora, e então por fim ele para. A escuridão da vazão a uma claridade raza, mas suficiente para me fazer enxergar um corpo no chão, é de uma mulher corro até ela dando de cara com uma barreira invisível, eu tento chegar até lá mais em vão, me esforço para ver quem é e percebo, É ela, seu rosto e pele pálidos pela vida que ja não habita mais o corpo, em seus braços fios que se conectam a uma máquina, que apitam incessantemente anunciando sua morte aumentando até ficar em um barulho ensurdecedor.

Acordo assustada e ensopada de suor. - Saaaaally. - grito.
Após alguns segundos ela aparece em seu uniforme usual e diz - Parece que alguém acordou... oh e toda suada. - diz Sally observando meu estado, não dizendo mais nada.
Sally é a ajudante de casa, moramos apenas eu e ela aqui. Na verdade só eu, Sally vai embora a noite e volta pouco depois do alvorecer.
Meu pai, podemos dizer que meu pai é algum tipo milionário que me paga para não incômoda-lo. Ele não mora comigo... e eu também não sei aonde ele vive, nossas conversas são somente o básico e quando necessário. Minha mãe morreu a um ano atrás de câncer, e podemos atribuir uma grande parcela ao fato de eu não falar com o meu pai por ele ser culpado disto.
Ele traia-a constantemente com as putas de seu escritório, sempre desconfiamos mas mamãe fazia questão de fazer a pose de boa esposa e família perfeita. Então ele fingia que amava minha mãe, ela fingia ter a família perfeita, e eu... bem eu não fingia e eis o problema.
Constantemente a via chorando pelos cantos, e então um dia ela não suportou mais, e entrou em depressão, contraindo também um câncer fatal. Os médicos disseram que o mesmo fora contraído de uma magua muito grande que ela comportava em si. OU SEJA O PUTO DE MEU PAI.

- Vou preparar-lhe um banho. - Sally diz e entra no banheiro.
Volta minutos depois e me arrasta da cama até o chuveiro. Me enfiando lá dentro de roupa e tudo rindo, dizendo que eu parecia um zumbi, saiu e fechou a porta atrás de si.
Tomei meu banho rapidamente e sai do chuveiro, enrolo-me na toalha e vou até meu quarto.
Visto minhas calças usuais, pretas, rasgadas e largadas. Uma blusa dos meu ídolos Pink Floyd e uma jaqueta jeans por cima.
Assim que termino de me arrumar olho no relógio e vejo que já são 17:00H, meu celular começa vibrar, olho no indicador e um numero estranho aparece.
Atendo, e meu dia se torna no mais alto negro quando ouço a voz de meu pai.
- Preciso te ver, Hoje. - ele diz enfatizando a última palavra.
- Mas eu não preciso. - respondo igualmente.
- Kyle, venha até meu escritório agora, Jared está indo te buscar. - ele diz e desliga.

Puto, Cretino. Sequencio uns tantos quantos palavrões enquanto Jared dirige até o escritório de meu pai.
- Chegamos, mocinha. - Jared diz com um sorriso, eu o adoro-o, trabalha pra meu pai desde que nasci, e sempre me tratou com muito estima.
- Vá lá, velhote obrigado. - digo rindo de volta. Ele apenas balança a cabeça enquando ri.
Saio do carro antes que ele abra a porta para mim, pois não preciso disso. Entro no prédio luxuoso e vou até o elevador, apertando o último andar. A sala do babaca Presidente.
As portas estão quase se fechando, quando alguém coloca a mão fazendo-as se abrir novamente e logo reconheço o rosto.
- Porra. - Murmuro para mim mesma quando vejo a cara do segundo cara mais babaca depois do meu pai, o seu melhor amigo. Que assim como o babaca um só pensar em enriquecer, transar e beber.
Ele entra e atrás dele está um rapaz, que entra junto com este.
- Kyle - ele diz me olhando surpreso. - Como você cresceu, e está muito bonita, que bom te ver. - ele diz.
- O mesmo não pode ser dito. - digo ainda encarando a minha frente.
- Continua como sempre. - diz rindo.
Sabendo de suas origens, Levanto o meu dedo indicador e o do meio formando um V, fazendo um movimento com a mão. Resumindo, o que no meu país é um sinal de paz.
(Na inglaterra significa o mesmo que um sinal de dedo do meio para nós.)
Ao fazer isso o ser que o acompanhava se pronunciou pela primeira vez rindo.
As portas do elevador se abriram e eu fui direto para sala do meu pai ignorando as suas assistentes que me disseram para esperar ser anunciada.
- Eu lá tenho que esperar pra ser anunciada, incapaz. - digo entrando na sala dele.
- Finalmente, eis que surge o raio de sol. - ele diz dramatizando.
A sala ela era ampla e muito luxuosa assim como todo o resto. A mesa dele ficava contra a parede, e na sua direita ficava uma janela que ia do teto ao chão, cobrindo toda a parede. Dando vista ao mundo exterior.
- Adiante-se. - disse me jogando em um sofá. A porta é aberta e mais dois seres viventes se juntam a nós.
O babaca dois se senta no sofá a minha frente, seguido pelo babaquinha que concluo ser seu filho pelas semelhanças. Ambos de pele clara, cabelos loiros meio acobreados, e profundos olhos verdes.
Meu pai comprimenta-os e se senta em uma poltrona entre os dois sofás.
- Então, Ashton como tu está grande, quando te vi era um pinpolho de gente. - meu pai diz.
O babaquinha que agora tem nome responde: - Sim, então foi a muito tempo. - e dá um sorriso simpático.
- E eu to aqui pra quê? - pergunto em um tom óbvio.
- Bem, Kyle eu e seu pai decidimos algo, que achamos que vão gostar. - o babaca dois diz esfregando as mãos umas nas outras enquanto olha pro filho.
Que tem a mesma cara de medo que a minha.
- Como, nós - meu pai continua, apontando para seu amigo e ele. - passamos muito tempo viajando, e vocês passam o tempo todo sozinhos em casa... - NEM PENSAR. - eu interrompi, entendendo a sua ideia absurda, me colocando de pé.
- Sempre soube que vocês dois eram insanos, porém não a tal ponto. - disse apontando para eles.
Ashton entendeu a idéia alguns minutos depois e disse. - Pai como você decide uma coisa destas e sem me consultar. - diz mais ainda mantém o tom gentil.
- Porque, nesse caso. - meu pai disse apontando para nos dois. - A opniao de vocês não iria mudar em nada. Isso aqui não é Comunismo, é Democracia e quem dita as regras aqui somos nós.
- Eu disse Não. - esbravejei. - Você nem sabe como ele é, ele pode ser um pedofilo e querer me estuprar. - Disse
- Cale a boca, Kyle. - meu pai disse.
- Essa é sua preocupação? Pai olha a cara dessa menina, certeza que ela vai tentar me matar enquanto durmo. - Ash disse, contendo um riso.
- Eu apostaria nisso. - disse encarando pela primeira vez o rosto desse humano.
- Chega. - Bob O babacão dois disse. - Está decidido.
Me viro e saio da sala como um vulto. Vou até o elevador e me dirijo para casa da unica pessoa capaz de me aturar nesse momento.

Save Me | Ashton IrwinOnde histórias criam vida. Descubra agora