bambi eyes ღ tradley evanson ღ - portuguese version

1 - the ceiling is crying

Tristan estava sendo observado.

A sensação o seguiu a cada segundo do dia. Dois buracos profundos queimando em suas costas onde quer que ele ia. Era como se nenhum movimento feito pelo loiro passasse despercebido, ou, talvez suas suspeitas estavam todas em sua imaginação e o desconforto em suas costas era inexistente. Ele se convenceu da última opção quando atravessou as vazias ruas escuras, ele se sentia como se cada passo fosse testemunhado. Ele nunca poderia entender a ideia de alguém o observando. Não tinha resposta razoável o suficientemente para que alguém pudesse achar Tristan uma pessoa interessante o suficiente para assistir constantemente. Ele era muito sem graça, como uma bolacha água e sal. Ninguém nunca iria perder tempo de seu dia para observar alguém tão desinteressante quando Tristan.

Mas, é claro, haviam um monte de coisas que Tristan Evans não sabia sobre si mesmo.

A manhã começou como qualquer outra: chuva martelando sobre o telhado de seu apartamento, gotas de água deslizando do teto para dentro do balde em que o homem de cabelos claros colocou descuidadamente debaixo do vazamento de um mês atrás. Ele estava exausto naquele dia devido a ter passado a noite terminando seu ensaio para um trabalho. Tristan gostava de pensar em si mesmo como um procrastinador profissional, mesmo sabendo que não houve nada em sua vida para ele se distrair. A vida para o rapaz era tão sem graça quanto sua própria personalidade. Porém, Tristan não tinha certeza se isso importava. Se tivesse muitas coisas para ocupar seus dias, então ele não seria capaz de se importar.

Depois de jogar a cabeça para trás terminando a última gota do chá de framboesa em sua xícara favorita ele a colocou na pia, pegando seu guarda-chuva preto e o colocando debaixo do braço, logo indo em direção a porta para começar seu dia. Quarta e quinta-feira sempre foram ocupadas por seu trabalho chato em uma livraria que não era muito longe de sua casa. Você poderia caminhar até ela de seu apartamento, se quisesse. Mas era raro Tristan fazer isso, especialmente em um dia tão sonolento, porém, todos os dias eram sonolentos para ele.

Saindo para o mundo chuvoso, ele estende seu guarda-chuva, se protegendo dos pingos de chuva caindo do céu. Tristan caminha em direção ao seu veículo, esfregando seu punho sobre as pálpebras pesadas. Desconforto de repente passa por todo seu corpo e se afunda em sua pele pálida quando ele sente a mesma sensação em suas costas. Paranóico, Tristan olha ao seu redor meio borrado, tomando cuidado com tudo que o rodeia. Ele nunca poderia dar sentido a esse sentimento estúpido. Provavelmente não havia nada de errado, era o que o loiro dizia a si mesmo enquanto continuava caminhando até seu veículo em passos mais rápidos do que inicialmente.

"Whoa, olha quem chegou ao trabalho na hora certa." Seu colega de trabalho chato (e melhor amigo), Connor, brinca enquanto o loiro entra pelas portas da pequena livraria. Ser sozinho só fazia sua paranóia ser pior e ele estava mais do que ansioso para não ficar sozinho por mais tempo.

"Cale a boca." Tristan murmura em brincadeira, revirando seus olhos azuis para o menino mais novo. Ele descuidadamente balança suas longas pernas sobre o balcão e pula para o outro lado. "O gerente ameaçou me demitir ontem."

"Eu não estou surpreso." Connor diz.

"Sim, bom, ninguém te perguntou." Disse Tristan, ganhando um olhar brincalhão de seu melhor amigo.

O resto da manhã passou lento o que consistia em clientes silenciosos e brincadeiras tranquilas entre os dois garotos (nada de anormal). Tristan estava em êxtase quando seu turno terminou, mas ele não estava pronto para voltar para seu mundo isolado, onde tudo pode acontecer com ele enquanto não tem ninguém por perto. O loiro estava se tornando muito cauteloso para seu próprio bem, mesmo que não tivesse nada para temer. Nada de ruim tinha acontecido com Tristan, pelo menos era o que Tristan sabia. Ele assumiu que ser orfão quando ainda é pequeno deveria ser considerado como uma coisa muito ruim, mas ele nunca viu por esse lado, como a maioria das pessoas fariam. Para ser honesto, ele gostava deser orfão porque isso o levou a uma pequena família que o amava incondicionalmente e que ele teria não importasse o quê.