Camila povLigo meu celular e telefono para casa, antes da aula de Química, para saber como vai minha irmã. Baghda não está nada feliz, porque Sofia teve um ataque depois de provar o almoço. Pelo que entendi, Sofia jogou sua tigela de iogurte no chão, em sinal de protesto. Seria demais esperar que minha mãe tirasse um dia de folga no country club, para cuidar da adaptação de Baghda em nossa casa?
O verão começou oficialmente. E não posso estar em casa para cobrir as falhas da nova enfermeira de Sofi. Eu bem que deveria me concentrar mais nos meus objetivos. Entrar na mesma universidade que meu pai cursou, a Northwestern, é minha meta principal. Assim, poderei estudar perto de casa e ter mais tempo para ficar com minha irmã.
Depois de fazer algumas sugestões a Baghda, respiro fundo, colo um sorriso nos lábios e vou para a classe.
- Ei, baby, guardei um lugar para você. - Austin me mostra um assento ao seu lado.
Mesas altas, de laboratório, com dois lugares cada uma, estão dispostas na sala. Isso significa que vou me sentar ao lado de Austin, nas aulas de Química, durante o resto do ano. Significa também que faremos, juntos, o tão temido projeto sênior de Química.
Sentindo-me uma tola por ter pensado que as coisas não estavam bem entre nós, eu me acomodo no banco alto, e pego meu pesado livro de Química.
- Ei, veja, Jauregui está na nossa classe! - diz um garoto, no fundo da sala. - Ei, Laur, venha para cá!
Tento não olhar enquanto Lauren cumprimenta seus amigos com tapinhas nas costas e apertos de mão complicados demais para serem repetidos.
Todos dizem "ese" uns aos outros; sei lá o que isso significa. A presença de Lauren atrai todos os olhares.
- Ouvi dizer que ela foi presa na semana passada, por posse de metanfetamina - Austin cochicha ao meu ouvido.
-Não!
- Sim - ele diz, erguendo as sobrancelhas.
Bem, essa notícia não deveria me surpreender. Ouvi dizer que Lauren sempre passa os fins de semana drogada, desmaiada, ou envolvida em alguma atividade ilegal. A Sra. Peterson entra na sala e fecha a porta, com um estrondo. Todos os olhares se movem, do fundo da sala, onde Lauren e seus amigos estão sentados, até a frente, onde está a Sra. Peterson, em pé. Ela tem cabelos castanhos-claros, presos num rabo-de-cavalo bem apertado. Deve ter quase trinta anos, mas os óculos e a expressão de perpétua severidade fazem com que pareça bem mais velha. Ouvi dizer que ela ficou assim, muito brava, porque no primeiro ano em que lecionou aqui os alunos a fizeram chorar. Também, eles não respeitariam uma professora jovem o suficiente para ser sua irmã mais velha.
- Boa tarde. Sejam bem-vindos à aula de Química. - Ela se senta na borda da mesa e abre uma pasta. - Vejo que já escolheram seus lugares; mas acontece que eu mesma resolvi organizar os assentos.
Reclamo, junto com toda a classe, mas a Sra. Peterson não perde a moral. Parando em frente à primeira mesa, diz.
- Austin Mahone, sente-se aqui. Sua parceira será Becky Gomes.
Becky faz parte do grupo de torcida do colégio, junto comigo. Sou a líder e ela é uma espécie de co-capitã, ocupando a segunda posição no grupo. me pisca um olho, como se pedisse desculpas, e senta-se ao lado do meu namorado.
Enquanto a Sra. Peterson vai lendo a lista, os estudantes relutantemente se deslocam para os lugares por ela designados.
- Camila Cabello... - A Sra. Peterson, aponta para a mesa atrás de Zac. - Queira sentar-se ali, por favor.
Sem nenhum entusiasmo, obedeço.
- Michelle Jauregui... - E ela indica o banco ao meu lado. - Ali.
Oh, meu Deus! Lauren... minha parceira de Química durante este ano inteiro? De jeito nenhum, não há como, isso não está direito!
Lanço a Austin um olhar que é um pedido de socorro, enquanto tento evitar um ataque de pânico. Definitivamente, eu deveria ter ficado em casa, na cama, debaixo das cobertas.
- Lauren - ela diz à professora - me chame de Lauren.
Interrompendo a leitura da lista, a Sra. Peterson ergue os olhos e a observa, por cima dos óculos.
- Lauren Jauregui - ela diz, antes de alterar o nome, na lista. - Sra. Jauregui, tire esse lenço. Tenho uma política de tolerância-zero, em minhas aulas. Não permito qualquer tipo de acessório relacionado a gangues, nesta sala. Infelizmente, Lauren, sua reputação fala por você. Quanto ao Dr. Aguirre, ele apoia totalmente minha política de tolerância-zero. Fui clara?
Laurem a olha de cima a baixo, antes de fazer deslizar o lenço que traz na cabeça, expondo seus cabelos negros.
- É para esconder os piolhos - Austin cochicha para Becky, mas eu o escuto, e Lauren também.
- Vete a la verga - diz Lauren a Austin, com os olhos verdes incandescentes de raiva. - Não meta o focinho onde não é chamado.
- Qual é, garota? - Austin rebate. E então se dirige a todos - Ela nem sabe falar Inglês.
- Já chega, Austin. Sente-se, Lauren. - A Sra. Peterson olha para o resto da classe. - Isso vale para todos vocês. Não posso controlar o que fazem fora daqui, mas, na minha aula, quem manda sou eu. - E volta-se para Lauren. - Fui clara?
- Sí, señora - ela responde, lentamente.
A Sra. Peterson continua a ler a lista, enquanto faço de tudo para evitar qualquer tipo de contato visual com a garota sentada ao meu lado. Foi uma pena deixar minha bolsa no meu armário; eu poderia fingir que estava procurando alguma coisa, como fez Dinah, nesta manhã.
- Que droga - Lauren resmunga, mais para si mesma. Sua voz é sombria e áspera, ou será que ela fala desse jeito de propósito?
Como vou explicar à minha mãe que sou parceira de Lauren Jauregui? Oh, Deus, espero que ela não pense que isso aconteceu por minha culpa. Olho para meu namorado, totalmente entretido numa conversa com Becky. Sou tão ciumenta! Por que ela não deixou eu me sentar ao lado dele? Saco!!!
Seria bom se Deus desse a cada pessoa um Do Over Day, um dia para corrigir o que está errado, para reviver o que é bom. E então a gente poderia gritar: "Recomeçando!" E um novo dia teria início. Hoje é um dia em que eu, definitivamente, faria isso. Começaria tudo de novo. Será que a Sra. Peterson realmente acha justo colocar a líder da torcida organizada como parceira da garota mais perigosa do colégio? Ela só pode estar delirando! A Sra. Delirante termina, finalmente, de designar os lugares.
- Sei que vocês, estudantes do último ano, pensam que sabem tudo. Mas não se considerem pessoas bem-sucedidas... Não antes de contribuir para a cura de doenças que afligem a humanidade, não antes de fazer da Terra um lugar mais seguro para se viver. A Química tem um papel crucial no desenvolvimento de remédios, nos tratamentos de radiação para pacientes com câncer, na utilização do petróleo, na camada de ozônio.
Lauren levanta a mão.
- Sim, Lauren? - diz a professora. - Quer fazer uma pergunta?
- A senhora está dizendo que o presidente dos Estados Unidos não é um homem bem-sucedido?
- Estou dizendo que dinheiro e status não são tudo. Use seu cérebro para fazer algo pela humanidade, ou pelo planeta onde vive. Aí, sim, você será uma mulher bem-sucedida e ganhará meu respeito, coisa da qual pouca gente pode se gabar.
- Tenho algumas coisas de que posso me gabar, Sra. Peterson - diz Lauren, obviamente se divertindo.
A Sra. Peterson ergue a mão:
- Por favor, poupem-nos dos detalhes, Lauren.
Francamente, se Lauren pensa que o fato de hostilizar a professora vai nos render uma boa nota, está enganada. É óbvio que a Sra. Peterson não gosta de espertinhos, e que meu parceiro já está na sua mira.
- Agora... - diz a Sra. Delirante - quero que cada um olhe para a pessoa sentada a seu lado.
Oh, tudo menos isso. Mas não tenho escolha. Olho de novo para Austin, que parece bastante satisfeito com a parceira que a professora escolheu para ele. Becky já tem um namorado, senão, eu a questionaria, seriamente, sobre por que ela está se inclinando desse jeito para Austin, ou jogando os cabelos para trás, tantas vezes seguidas. Digo a mim mesma que estou sendo paranóica.
-Vocês não precisam gostar do parceiro - diz a Sra. Peterson. - Mas terão de trabalhar juntos, durante os próximos dez meses. Reservem cinco minutos para se conhecer e, então, cada um apresentará seu parceiro, para toda a classe. Falem sobre o que fizeram durante o verão, se têm hobbies, ou sobre qualquer outra coisa interessante ou original, que talvez seus colegas não saibam. Seus cinco minutos começam agora.
Abro meu caderno e o empurro na direção de Lauren.
- Escreva alguma coisa sobre você, aqui, e eu farei o mesmo no seu caderno.
Antes isso, do que tentar conversar com ela. Ela acena em concordância - embora eu perceba uma leve contração, nos cantos de sua boca - e me dá seu caderno. Será que imaginei esse riso, ou ele realmente aconteceu? Respiro fundo, afasto esse pensamento e me concentro em escrever, até que a Sra. Peterson nos pede para parar e ouvir as apresentações.
- Esta é a Becky G - diz Austin, o primeiro a falar.
Mas não escuto o resto do discurso de Austin sobre Becky, sua viagem à Itália, suas aulas de dança neste verão. Em vez disso, olho para o caderno que Lauren me devolve e, de queixo caído, leio o que ela escreveu.
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Opostos
AksiOs garotos do instituto Fairfiel, do subúrbio de Chicago, sabem que South Side e North Side não se misturam. Assim, quando a líder de torcida Camila Cabello e a marginal Lauren Jauregui são obrigadas a trabalhar juntas como parceiras de laboratório...