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Ora, havia sementes terríveis no planeta do pequeno príncipe: as sementes de baobás... O solo do planeta estava infestado. E quando não se descobre que aquela plantinha é um baobá, nunca mais a gente consegue se livrar dele, pois suas raízes penetram o planeta todo, atravancando-o. E se o planeta é pequeno e oa baobás numerosos, o planeta acaba rachando.
"É uma questão de disciplina", me disse mais tarde o principezinho. "Quando a gente acaba a toalete da manhã,começa a fazer com cuidado a toalete do planeta. É preciso que os habituemos a arrancar regularmente os baobás logo que se diferenciem das roseiras, com as quais muito se parecem quando pequenos. É um trabalho sem graça, mas de fácil execução."
E um dia aconselhou-me a fazer um belo desenho para que as crianças do meu planeta tomassem consciência desse perigo. "Se algum dia tiverem de viajar", explicou-me, "poderá ser útil para elas. Às vezes não há inconveniente em protelar um trabalho. Mas quando se trata de baobás, é sempre uma catastrófe. Conheci um planeta habitado por um preguiçoso. Ele havia deixado que ali crescessem três arbustos..."
E, de acordo com as orientações do pequeno príncipe, desenhei o tal planeta. Não gosto de assumir o tom de moralista, mas o perigo dos baobás é tão pouco conhecido, e tão grandes são os riscos para aquele que um dia se perdesse num asteróide, que, ao menos uma vez, abro exceção e digo: "Crianças! Cuidado com os baobás!" Foi para advertir meus amigos de um perigo que há tanto tempo os ameaçava, como a mim , e do qual nunca suspeitamos, que tanto caprichei naquele desenho. A mensagem que eu transmitia era de grande importância.
Perguntarão, talvez: Por que não há nesse livro outros desenhos tão impressionantes como o dos baobás? A resposta é simples: Tentei, mas não consegui. Quando desenhei os baobás, estava inteiramente tomado pela iminência de seu perigo.

O Pequeno PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora