EU NUNCA VOU ESQUECER

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Quando acordei estava deitado em uma maca e sentada ao meu lado estava minha mãe dormindo.

Eu conseguia ver o céu pela grande janela.

Com muito esforço consegui me levantar e sentar na beirada da janela que estava mais ou menos na altura do meu quadril.

Fiquei olhando as poucas estrelas que estavam lá e me lembrando do caderninho.

Fiquei com muita vontade de chorar mas nesse hora minha mãe gritou e me arrastou de volta pra cama.

Abracei ela que chorava de felicidade enquanto chamava a enfermeira e me fazia comer um lanche, que eu comi com muito prazer aliás.

Tentei me lembrar de algo.A última coisa que eu lembro era de estar acariciando o veado e depois fechar os olhos por causa da luz.

Logo meu pai trocou de lugar com a minha mãe.Ele não chorava, porém parecia bem feliz. Ficamos conversando até a enfermeira dizer que seria melhor se ele me deixasse descansar e voltar amanhã.

Pensei em voltar pra janela, mas logo cai no sono observando o que dava pra ver da minha cama.

Acordei com meu irmão pulando na poltrona e falando pra mim acordar.O outro estava sentado no chão fazendo sei lá o que.Me levantei e dei um abraço neles e falei bom dia pra minha mãe.

Fui ao banheiro, minha cara estava horrível, com olheiras e magra.

Decidi não dar muita importância pra isso e sai.

Cada parte do meu corpo doía, até o fio de cabelo se duvidar.

Me sentei enquanto meu pai entrava e começavam a fazer perguntas.Enquanto isso eu olhava meus irmãos fazendo palhaçadas.Eu estava tao feliz mais ainda tinha um vazio.

-Cadê a Célia?-Perguntei cortando as milhares de perguntas deles.

Eu estava muito cansado pra isso.

-A menina? Ela está aqui do lado, depois vocês se vêem.-Minha mãe disse me olhando.

Isso me fez me sentir melhor, mas me fez lembrar que tem um vazio que nunca vai ser preenchido.Me levantei e caminhei até a janela sentando na beirada dela, me escorei e fiquei com uma expressão vazia pra cidade lá fora, os carros passando e as pessoas andando lá fora.

Meus pais falavam como estavam felizes e sobre como sentiam muito sobre a outra menina.

Não me entenda mal, eu estou muito feliz que eles estam aqui, mas eles vão estar sempre aqui, ou pelo menos por um bom tempo; no momento eu só consigo pensar como ela morreu.

Quando a tarde caiu, eles foram embora.A enfermeira me deu alguns remédios pra dores e falou que eu ficaria aqui por pelo menos mais um dia.

Tomei um banho e me sentei na janela enquanto olhava o resto do caderninho, mas não adiantava eu sempre voltava para aquela página.

Fechei os olhos e fiquei pensando que eu começava a sentir que eu entendia o significado de "Coisas ruins, acontecem com pessoas boas".

Foi um futuro inteiro destruído, tantas coisas que ela podia ter vivido, seja elas comigo ou com outra pessoa.

Falando nisso, cadê a blusa dela?

Vi que não estava perto então decidi me deitar.

Quando Acordei de manhã Célia estava sentada na poltrona.Fiquei feliz em ver ela, e parece que ela também ficou.Começamos a conversar animadamente, mas não durou muito.Começamos a falar sobre tudo, sobre o passado, o presente, o futuro.Decidimos que iríamos tentar manter amizade, por mais que a gente mudasse de escola, o que é bem provável.

Algum tempo depois os meus pais chegaram, falando que eu estava liberado.Me troquei e coloquei uma roupa limpa, que fazia tanto tempo que eu não usava.Peguei minhas coisas, o caderno e a blusa dela que estava caída atrás da poltrona e saímos.

Na recepção encontrei Célia.

Trocamos telefone e nos despedimos.

Cheguei em casa e fui dormir, só acordei na hora do jantar.Comi macarrão, a melhor comida na face da terra e subi para o meu quarto.Fui direto pra varanda.Lá tinha a minha luneta.

Fiquei olhando as estrelas e cada uma delas me diziam que eu nunca vou esquecer dela, pois quando a noite cair ela vai voltar a estar do meu lado.


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