山手線 - Linha Yamanote

10 - Xmas date

"..."

Horas dormidas na noite anterior: zero.

Nível da minha força de vontade: cinco negativo.

Nível do meu nervosismo e apreensão: mais de nove mil.

"...ahhhh"

Este era eu naquela tarde de trabalho, correndo o risco iminente de ser chutado daquele lugar por falta de disposição. A loja em que eu trabalhava estava lotada, pois haviam vários lançamentos simultâneos, tanto volumes de mangá em edição especial quanto novas visual novels. É claro que eu já havia conseguido minhas cópias, literalmente quando os exemplares foram postos à venda, mas apesar de sentir um pouco de remorso por usar minha posição privilegiada para isto não tinha jeito, era uma data especial e eu sabia que se esperasse pelo fim do dia para comprar acabaria sem nada.

"..."

Sim, era uma data especial, 25 de dezembro , mais conhecida como Natal. Se não fosse pela mensagem, seguida de uma ligação, por parte dos meus pais eu não teria me lembrado. Maltido fuso horário, se estivéssemos na mesma zona temporal eu não teria esquecido também do dia anterior, no qual passei a véspera de natal sem saber de sua existência.

Mas eu sabia que a culpa não era nem dos meus pais, nem de Greenwich, a única pessoa que tinha culpa era eu mesmo.

"Afinal, sou eu que preciso dela, não?"

Sim, eu dizia uma verdade, enquato estava perdido em meu monólogo mental em um canto da loja. Yamaguchi Kirino me revelou o que eu tinha que saber para finalmente compreender aquela garota sem sentindo algum e, parecendo saber disto, a tal garota resolve me lançar um feitiço de paralisia geral ao me enviar uma mensagem.

"Amanhã venha até o ponto de observação da Tokyo Skytree as oito, não demore."

Os dizeres da mensagem, assim como o nome "Sakura" no contato não deixavam dúvidas: Eu iria rever Sakita Haru novamente, e desta vez tudo poderia mudar.

Mas eu não conseguia compreender o porquê de Sakita ter voltado mais cedo, sendo que a mesma disse que voltaria na sexta-feira. Será que ela realmente cumpriu sua missão, confrontou sua família e libertou seus pais de tal acordo? Ou será que não... será que...

"...Ahhh não adianta ficar pensando! Trabalho, Kazuto, trabalho!"

Dei alguns tapas na minha própria face e me dirigi ao ponto mais movimentado da loja, mas enquanto eu ajudava os clientes a encontrarem seus tão queridos itens eu não conseguia parar de pensar no falso brilho azul escondido pelos óculos de Haru, escondido pelos seus cabelos presos em Twintails. Mesmo quando ela estava em seu modo Shibuya-kei eu parecia ver a aura da garota alegre e tsundere exalar de seu corpo. Saber que dentro de algumas horas eu poderia perder ela não me deixava ter foco, o que me mandou de volta para fora do alcançe dos clientes.

"Ah, Kurugaya-san!"

"Essa não, estou despedido." foi o que pensei ao ver o gerente da loja a me chamar, minha expressão de ânimo zero não havia mudado e eu não conseguiria negar qualquer acusação de trabalho mal feito.

"O que foi? Você saiu da frente da loja meio abatido."

"S-sim, é que..."