8- Shinkansen

38 3 0
                                    


Eu havia acordado perto do meio-dia, era Domingo e neste dia raramente manhãs existiam para mim. Após almoçar na loja de conveniencia mais próxima voltei para o dormitório, onde me joguei na cama. Meu PSVita, como sempre, estava carregando, eu não queria incomodar o descanso dele, que após uma longa noite de jogos caiu esgotado, sem bateria. Como resultado disto eu me vi deitado na cama, olhando para o teto sem ter porquê.

"..."

"..."

"...uma garota gata ...Neko-chan"

Me lembrei da ilustração de Sakita Haru, a garota inspirada em Fukami Nodoka, com orelhas e uma longa cola felina. Mas o que ela poderia estar fazendo em uma história?

"Você só desenhou ela porque achou que ficaria bonita, né Haru?"

Pensei alto que Haru provavelmente só desenhou uma arte que gostava, mas era estranho ela ter desenhado aquilo com tanta vontade, quando estavamos tratando do nosso doujinshi.

"...É isso, na certa ela só queria que a Sasami fosse algo como a Nodoka, mas quem não queria isso né..."

Batia com minha mão do lado da cama, havia falado aquilo sem pretensão alguma, mas...

"...espera ai..."

"É ISSO!"

Me levantei logo em seguida, saindo em disparada pela porta do meu quarto. Eu havia tido uma ideia, um tanto boba, mas que poderia ser a faísca de inspiração que tanto precisavamos para começar nosso mangá. Afinal, como seria se seu animal de estimação se transformasse em alguém cuja você esperou pela vida toda, como uma irmã mais velha a te guiar ou algo assim? Era obvio que eu pensei em outras possibilidades de história primeiro, mas... estas eu guardarei para quando eu ficar um pouco mais velho.

A passos largos voei pelos degraus da estreia escada do dormitório, atravessei o corrredor e logo parei na frente do quarto da garota Akiba-kei, batendo prontamente em sua porta.

"..."

Mas não obtive resposta alguma, ouvia somente o silêncio mortal que havia no lugar, derivado da saída das pessoas que moravam ali para visitarem seu parentes, amigos e afins. Poucas pessoas, como eu e Sakita, realmente ficavam em Creative em um Domingo.

Só que desta vez parecia que ela não iria dividir comigo este fato um tanto solitário.

"*toc* toc*"

"..."

Sem resposta, ela deveria ter saído, ou estava tentando dormir e iria me ignorar até se irritar de verdade, algo que poderia acontecer se eu batesse naquela porta novamente. Por isso decidi desistir de contar minha "descoberta" para Haru naquele momento e voltar para o meu quarto.

Só que algo atravessou o silêncio daquele extenso corredor, um som calmo e agudo, produzido pelas teclas do piano localizado logo acima de minha cabeça. Na certa alguém achou que não teria ninguém no prédio e estava tocando lá sem ao menos fechar a porta da sala acústica.

Decidi ignorar este fato também, eu não tinha nenhum interesse em escutar o bater das teclas agudas do piano de um jeito totalmente randômico como aquilo.

"Hmpf, isso tem cara de ser a Yamaguchi-san, com certeza."

Ao botar meu pé no primeiro andar o ruído vindo de cima deu lugar a uma nota, não, várias notas, notas perfeitamente tocadas, suavemente colocadas no tempo certo, arranjadas de uma maneira que eu conhecia.

山手線 - Linha YamanoteOnde histórias criam vida. Descubra agora