Certas coisas nunca mudam

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Ouço passos se aproximar da porta do quarto, sinto o fim próximo, Okay, nem tanto mas minha mãe com certeza está furiosa. Digamos, que eu passei um pouco dos limites dessa vez

-Amanda? -ela parecia séria, escorada na porta do quarto

-O que é? -cuspi as palavras

-Acabei de falar com o delegado. -a falta de gritos estava me deixando assustada -A família do Marcos retirou a queixa.

-Ótimo! -sorri -Falei que não ia dar nada, você e o papai sempre tão dramáticos...

-Vamos colocar você no Elite. -minha mãe me cortou, engasguei

-Como que é? -eu não conseguia acreditar

-Amanda, você passou dos limites, avisamos.

-Colégio interno? Qual é? Aquilo lá é pior que os militares!

-Menos drama Amanda. -ela continuava séria -Se não tivessem retirado a queixa como você acha que íamos resolver isso tudo? Você jogou o carro do Marcos de um pe-nhas-co. -ela falou a ultima parte bem claramente

-Ele foi extremamente rude comigo. -reclamei -Só faltou agarrar a vadia que estava com ele, porque defendeu ela até não haver mais argumentos.

-Amanda, aquele carro nos custaria tudo que temos. Nunca te deixamos faltar nada, sempre teve o que queria era só respeitar regras.

-Odeio regras. -virei o rosto pra janela

-Aprendera a viver com elas. Amanhã é seu ultimo dia aqui, arrume suas coisas.

-NÃO PODE ME MANDAR PRA LÁ!!! -grito

-Posso, e estou mandando. Goste você ou não. -ela fechou a porta, as lágrimas começaram a surgir nos meus olhos, a raiva tomava conta

-QUE INFERNO! -praguejei, ela não tinha direito de me trancar num inferno como o Elite, cheio de gente mimada e metida a esperta, e regras pra todo lado, se pelo menos meu pai estivesse aqui. Me joguei na cama e peguei no sono.

Abri os olhos, 12:00, levantei e fui a cozinha. A velha rotina de decidir se tomo café ou almoço, minha mãe chegaria logo. Liguei pro restaurante e pedi viandas. A comida chegou antes de minha mãe, arrumei a mesa e comecei a comer, quando a porta da frente se abriu, minha mãe passou séria por mim, estava brava

-Pediu comida? -ela observou

-Não cozinhei tudo isso em 20 minutos. -falei sarcástica

-Amanda sua educação não esta ajudando, o que seu pai pensaria de tudo isso? -aquelas palavras me feriram

-Meu pai não está aqui. -falei calma mas a raiva em minha voz era perceptível

-Arrumou as malas?

-Eu não vou ir. -olhei-a no fundo dos olhos

-Como é? -ela largou o garfo

-Eu-não-vou-ir. -falei silaba por silaba

-Ah você vai, ou é o Elite ou militar. Você decide. Nem que eu tenha que dopar você.

-Sabe é por isso que meu pai te deixou. Porque você não sabe resolver nada sozinha! -gritei

-Amanda London, suba e arrume as malas. -eu havia aberto a ferida -Ou vai por bem, ou vai por mal. -empurrei o prato e subi as escadas batendo o pé, joguei as roupas de qualquer jeito pra dentro da mala. Elite. Eu conhecia duas pessoas apenas que estudavam lá, uma era uma nerd e a outra minha prima, Karen. Precisa de Marcos, ele me ajudaria, com certeza me desculparia pelo carro, ele sempre desculpou. Desci as escadas correndo, e sai pela porta ignorando os gritos da minha mãe. Marcos deveria estar sozinho, os pais dele ficavam fora o dia todo, andei um quarteirão inteiro ensaiando um discurso para pedir...bom, desculpas. Eu raramente peço desculpas. Bati na porta, nada. Havia barulho dentro da casa, puxei o trinco e aporta abriu

-Marcos? -chamo, não há respostas, escuto risadas vindo do quarto dele, subo as escadas, e a voz vai ficando mais nítida, a raiva vai me enchendo, era voz de mulher. De vadia. Abro a porta rezando pra ser um vídeo pornô. Marcos esta em cima da vadia da noite passada, Roberta, detalhe: Sem camisa e com a calça aberta, a vadia me olha por um momento confusa, depois sorri triunfante, viro as costas e começo descer as escadas

-Ammy... -Marcos vem atrás de mim, fechando a calça e me chamando pelo apelido intimo -Não é nada disso que...

-Que eu to pensando? -termino a frase pra ele, seguro o choro -Então o que é? Novo jeito de estudar? Vai lá explica! Quero ver você explicar como ta sem roupa. -minha voz era alta, ele procurou palavras mas acabou por ficar em silencio -Foi o que eu pensei. Olha ta certo, não sou a melhor namorada do mundo, e ferrei com seu carro -ele olhou pro chão -Mas custava terminar comigo antes? Já estava com ela ontem? -ele suspirou -Responde! -bato o pé

-Já. -ele fala, fico em choque, imaginava que sim, mas ouvir dele era pior -Olha Amanda, quer saber? Eu to de saco cheio dos seus caprichos, dessa sua mania de querer chamar a atenção do seu pai sempre, de sobrar pra mim resolver seus problemas, de ser tudo do seu jeito! -ele estava irritado, de uma maneira que eu nunca tinha visto antes

-Traição foi a resposta? -gritei de volta -Então vai la! Termina o que começou. E aproveita bem, não vou mais estar por aqui mesmo!

-Por favor, chantagem?-ele riu debochado

-O que? Não, não é chantagem.

-Qual é Amanda, conheço você. Por um momento pensei em ter visto uma Amanda que valia a pena investir. -a maneira que ele falou machucou

-Vai se ferrar. -falei em um sopro só e sai dali, a cabeça doendo, cheia de mais para um dia. Entrei em casa, peguei minhas malas e olhei pra minha mãe

-Vamos. Agora. -meu tom deve ter sido muito triste, pois minha mãe destruiu aquela muralha que ela tinha posto na cara

-Olha meu anjo, eu sei que vai ser um pesadelo pra você. Mas você tem que aprender a levar as coisas a sério...

-Tanto faz. -me virei e fui até o carro. O silêncio foi intenso até a entrada do colégio, onde Jess me esperava.

-Quando a gente vai mudar de escola, a gente avisa a melhor amiga! -ela reclamou assim que desci do carro

-O que faz aqui? -Não posso conter o sorriso ao vê-la, conhecia Jess desde que tínhamos 5 anos

-Mais de uma década juntas, não pensou mesmo que eu ia deixar você vir pra ca sem mim achou? -Jess era alta, loira, olhos claros e um sorriso tão cativante , e simpática. Eu era muita coisa, menos simpática. Bom, depende da pessoa. Mas Jess sempre me atura.

-Obrigada. -sussurro, ela pisca pra mim.

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Então gente, esse é o primeiro capitulo, ficou um pouco curto eu sei, mas vou publicar uns maiorzinhos! O que acharam? Eu estava sem nada pra fazer e veio a inspiração. Espero que gostem!


Quebra-meOnde histórias criam vida. Descubra agora