Pequenos universos

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Ja eram nove horas. Não, eu não iria na aula, eu não faria nada hoje,absolutamente nada. Nem sair da cama. No chão dava pra ver aquele maldito papel fofoqueiro falando da briga de Matt e Ian e o Marcos, bufei, tinha tudo la, que Marcos foi meu namorado, e tudo mais, meu jantar com a Kimberli,não citava as drogas ou a briga com meu pai, mas como alguém poderia saber tanto? Jess entrou no quarto
-Amy... Falei que você passou mal, mas você não pode passar o dia assim
-Posso e vou. -murmurei
-Amy ta um dia lindo la fora, vamos pra piscina pelo menos.
-Obrigada, Jess. Mas eu não tô afim.
Ela suspirou. Era triste ver Jess triste por mim, ela sempre tenta consertar minhas burradas e me deixar feliz, mas dessa vez era impossível. O rosto do meu pai quando viu os comprimidos, passei o domingo inteiro no quarto, não queria vê-lo, e agora não queria ver Kimberli.

Já era perto da hora do jantar, todos deviam estar no refeitório me esgueirei para fora do meu quarto, agilmente corri até a piscina, fui até o muro onde Matt me instruiu e pulei com facilidade

-Eu sabia! -Matt disse escorado no muro, primeiro o choque, a surpresa

-O que? -eu ri nervosamente

-Você não podia ficar presa naquele quarto o dia todo. -ele sorriu de canto, se eu pudesse emoldurar aquele sorriso e levar a um museu, pessoas pagariam pra vê-lo todos os dias.

-É, eu sei. -falei baixinho

-E agora, vai pra onde?

-Não sei.... Só pensei em fugir. -minha boca formou uma linha curvada para cima

-Vem comigo. -ele me puxou

-Onde vamos? -perguntei

-Você vai ver. -entramos em um carro e ele dirigiu feito um louco até um local de patinação no gelo

-Vamos patinar? -eu ri descendo do carro

-Não ria antes de ver com os próprios olhos. -ele pegou minha mão, e meu corpo inteiro arrepiou-se em resposta, entramos, ele me calçou patins e me levou a pista -Só não repara, eu sou um desastre.

-Ah para. -falei enquanto começávamos a patinar, ele fez um sinal para um moço, a luz diminuiu eu musica calma começou tocar -Muito bom.. traz todas aqui? -falei rindo

-Não, só as mais fáceis. -ele riu e o derrubei -Calma moça! -ele levantou rindo -Gosto daqui, gosto de patinar, patino desde pequeno e você estava tão pra baixo hoje, pensei que te ajudaria a se alegrar.

-Acertou, adoro patinar. Mas, como sabia que eu ia fugir?

-Não sabia, estava planejando escalar até seu quarto e te obrigara vir, quando vi você contornando a piscina. -eu ri

-Você é tão cavalheiro. -disse sarcasticamente, crianças começaram a patinar em volta de nós

-Oi Matt. -disse uma garotinha, devia ter uns 7 anos

-Oi Matt. -disse um menininho de uns 5 -Ela é sua namolada? -ele perguntou

-Quem?-ele fingiu procurar em volta -Espera? Você pode ver minha amiga invisível? -ele passou o braço ao redor de mim e fez cara de surpresa

-Para Matt -o garotinho reclamou, patinava de costas -Eu sei que isso não existe! -ele reclamou e Matt e eu rimos

-Essa é Amanda, Thomas.

-Ela é bonita. -o garotinho sorriu

-Obrigada. -falei sorrindo

-Voxe é namolada desse bobão? -ele perguntou, quem dera eu ser motivo desse sorriso

-Não. -eu ri

-Então, quer ser minha namolada? -ele falou, e eu ri

-Quero.

-Okay, vou ir complar umas balas pra gente. -ele falou e sumiu

-Esse garoto vai ser problema. -Matt falou

-Ele é um doce. -comentei

-Meu primo. -Matt deu um sorriso convencido

-Ah cala boca. -empurrei ele levemente, ainda havia um pequeno roxo no seu queixo -Ainda doi? -perguntei

-Não. Acredite. -ele sorriu, sentamos

-Você tinha razão, me sinto melhor. -falei

-Eu sempre tenho razão. -Matt ergueu o maxilar triunfante

-Você é um mané. -falei, estávamos próximos

-E você uma idiota. -ele reclamou

-Eu sei. -eu ri, sabia que ele se referia a Marcos

-Mas não é isso que te esta te deixando triste não é? -ele falou

-Não. -falei baixinho

-Quer conversar sobre isso?

-Não, eu estou bem melhor agora. -sorri

-Ótimo. -ele disse -Vem. -tiramos os patins, Matt me guiou por uma escada enorme e sem fim, eu já estava sem folego quando chegamos lá em cima

-Onde estamos?

-Na minha parte favorita desse prédio. -ele abriu uma porta e estávamos no terraço, toda a luz da cidade era vista, o vento da noite tocava nossas peles suavemente

-Uau. -foi tudo que eu pude falar, e por um momento, tudo aquilo que eu guardei dentro de mim, não só durante o dia,mas a minha vida toda, sumiu, e por um breve momento foi como se aquilo ali, eu, Matt, e a cidade abaixo de nós fossemos um universo só, perfeito, único, imenso, infinito e livre, como jamais seremos. Uma luneta estava perto de uma das pontas

-Da pra ver a lua de um angulo incrível daqui . -eu apenas deixava que ele me conduzisse como em uma musica, como se dançássemos o universo em verso, cada palavra parecia ecoar no profundo silêncio da vida, como entrelinhas nos livros, como as memórias sussurradas por um álbum de fotografias.... Olhei a lua, as estrelas, e até um planeta Matt me mostrou, ele falava com paixão, como se já tivesse vivido anos

-E aqui... -ele se aproximou pra olhar pela luneta, nossos rostos juntos, dois corpos pedindo pra se tocarem, e ele não exitou, me puxou para si, colando seus lábios ao meu, primeiro suavemente, devagar, calmo, então suas mãos puxaram minha cintura e o beijo ficou intenso, respirações juntas, suas mãos firmes em mim, e ao mesmo tempo tão soltas, um sentimento de leveza me invadiu e eu não queria nunca mais sair dos braços de Matt, como se nossos corações batessem no mesmo ritmo e um precisasse do outro pra continuar pulsando, então nossos lábios se separaram pra voltar a se encontrar, ficamos ali, apenas conversando entre nossos lábios, apenas dançando a music ado nosso pequeno universo. Éramos, um pequeno e perfeito universo naquele momento.

Quebra-meOnde histórias criam vida. Descubra agora