Capítulo 16 Bruno

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Tentei me manter distante da Alícia, percebi que ela não gostou da minha presença. Então resolvi curtir a festa, conversar com algumas pessoas que eu conhecia e brincar com meu sobrinho. Estava perto da cabine de filme na sala de jogos quando á vi, parecia triste, tinha um rosto abatido e segurava sua barriga. Foi quando lembrei que não sabia nada sobre a criança e como ela estava, resolvi me aproximar.

_Lis, está tudo bem? - ela não olhou para mim, apenas esboçou um sorriso fraco e ainda em silencio olhou para á direção das crianças que estavam se divertindo perto do seu namorado.

_Onde esteve todo esse tempo? - ela perguntou depois de alguns minutos.

_Podemos conversar em outro lugar ? - perguntei e assim ela me olhou - só preciso de um segundo para falar para o meu irmão e me despedir de Bernardo.

_ Irmão? - ela me perguntou parecendo feliz em ouvir que ele era meu irmão, não sei o porque mas não perguntei, apenas assenti e fui falar com Lucas

Lucas pareceu não entender direito, então eu disse que era urgente e ele me abraçou me tranquilizando. Me despedir de Bernardo foi difícil já que ele queria que eu ficasse. Enfim quando saimos de lá paramos em uma praça, ela estava muda parecia arrependida de ter vindo, olhava para trás e não olhava para mim.

_Alícia, perdão ! - ela me olhou com os olhos marejados. - Sei que errei muito, só percebi meus erros quando te vi longe de mim, só vi o quanto eu te amava quando já não tinha você ao meu lado.

_Mas você nem me procurou depois que eu disse que estava grávida - ela disse com a voz embargada.

_Procurei sim, muitas vezes mas seu pai não me deixava chegar perto, ele chegou a por um segurança perto da casa de vocês para impedir meu acesso e me ameaçou. Pelo incrível que pareça o único que veio me procurar e tentar me entender foi o Alex. - falei olhando para o nada, sem perceber que ela estava em prantos.

Olhei para ela e vi ela alisando sua barriga. Queria muito saber do nosso filho mas não sabia como perguntar. 

_Tentei me aproximar do moleque, mas sobre ele ninguém nunca me falou nada. - ela me olhou, levantou e andou para um lado e para o outro.

_Então você não soube? - perguntou ao parar na minha frente. Olhei para ela e foquei em seus olhos e ela continuou - Nossos filhos morreram depois de um acidente, eram gêmeos, Valentina e Vicente. 

Ela chorava muito, e eu sem perceber que eu também estava chorando levantei e a abracei, com toda a minha força, uma mistura de saudades, amor e tristeza. Ela não recuou apenas me abraçou e chorou ainda mais. Minha mulher ali, meus filhos mortos, dois filhos, era muita novidade para mim até que lembrei de algo e soltei ela que olhou para mim sem entender, corri até a uma arvore que tinha perto e a soquei, soquei varias vezes só parei quando senti a mão dela segurando meu ombro, me afastei da sua mão e me sentei nos pés da árvore com as mãos no rosto, nem liguei para o sangue que escorria na minha mão nem com a dor, apenas chorei. Não tive coragem de olhar para ela, eu sabia a verdade, sabia quem tinha matado meus filhos. Tudo culpa minha, eu a deixei, eu a trai, e por culpa minha meus filhos estavam mortos.

Fiquei sentado ali por um bom tempo...


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