Um Sonho Esquecido

Capítulo 9 Alícia

Choro de bebê pra todo lado, sangue, sirenes e alguém gritando meu nome... Despertei de mais um pesadelo, tinha muitos pesadelos do tipo, alguns eu mesmo nem entendia. Levantei de vagar e sentei na cama por alguns minutos... Fui para o banheiro e fiz minha higiene matinal, tomando um banho demorado e já saindo de lá arrumada.
Fui para o corredor que dava para o quarto de Beta e abri a porta sem fazer muito barulho, pensando que á encontraria dormindo, para minha surpresa ela já havia levantado. Desci as escada e à encontrei sentada na bancada da cozinha tomando café com um livro na mão.

_Bom dia Beta - Falei ainda descendo os últimos degraus da escada.

_Bom dia Lis - ela me respondeu sem tirar o foco do livro, o que me surpreendeu... Beta não era assim era sempre muito comunicativa a insensível aqui costumava ser eu. Tinha mesmo algo diferente nela!

Peguei uma caneca e um prato e sentei de frente para ela e comecei a tomar meu café.

_Vai trabalhar hoje? - perguntou assim que tirou a cara do livro e viu que eu estava arrumada.

_Uma reunião à tarde, já que Luís Fernando está em uma viagem - contei, deu um gole no café e continuei - mas pensei em sair um pouco agora de manhã com minha melhor amiga, o que acha ? - Ela fez cara de joelho e depois sorriu.

_Que tal ficarmos em casa deitadas no sofá? - ela sugeriu me fazendo desacreditar que era ela falando.

_Quem é essa preguiçosa que voltou de viagem no lugar da minha amiga ? - impliquei fazendo ela rir e antes que ela falasse algo eu concordei - tudo bem, mas só hoje ficaremos em casa!

Roberta levantou levando à louça até a pia e me deu um beijo na testa.

Então assim que terminei meu café, deitamos no sofá. Meu sofá era grande o que fazia com que nós duas deitasse nele sem cair. Ela então começou...

_ Nem te contei sobre o Lucas né? - perguntou olhando pra mim.

_Verdade! Quem é esse ser que te deixou caidinha ? - falei fazendo minha melhor cara irônica.

Roberta não era um tipo de pessoa que "caísse" por alguém. Ela ficava e gostava da pessoa.. Ela acreditava muito no amor, o que ela não sabe é que amor não existe! Pais, namorados, família, amigos, todos trairão você pelo menos uma vez na vida, e isso não é amor.

_Ah, é um rapaz bonito e alto. Ele foi legal comigo até pensei que daria certo, mas ele estava tendo muitos problemas com sua ex-esposa e com a guarda do seu filho de quatro anos. Acho que não é isso que Deus quer pra mim! - Ela respondeu depois de pensar um pouco.

Eu só ouvi, não precisei responder. Incrível a Roberta ainda acreditar em Deus depois de tudo que aconteceu com seus pais, será mesmo que Deus deixaria uma criança órfã tão cedo? Que Deus é esse que tirou meus filhos e nunca me permitiu fazer justiça? Sim, porque até hoje não sei quem foi a maldita pessoa que me atropelou.

Ficamos deitadas por um bom tempo, olhei no relógio e vi já estava quase na hora do almoço. Subi coloquei uma roupa para o almoço de trabalho e fui rumo ao endereço de um restaurante.

Ao chegar no restaurante avisei que eu era á senhorita Nunes e que estava esperando alguém. Ela então me conduziu até a mesa ao fundo, onde havia um homem de costas. Quando cheguei perto ele me olhou, sorriu e se levantou...

_Senhorita Nunes? - Ele perguntou com um sorriso em seus lábios.

_Pode me chamar de Alícia - sorri e levantei minha mão para o cumprimentar, já que ele já estava com á mão em minha direção esperando o cumprimento.

_Lucas Ribeiro, mas pode me chamar de Lucas. - ele me respondeu.

Sentamos e conversamos sobre o caso, ele tinha uma esposa que não queria lhe dar o divórcio e um filho que ele pretendia pegar a guarda, já que a mãe não ligava para o menino e vivia viajando deixando o menino com a babá.

Lembrei de Beta, mas seria possível que o Lucas dela tivesse vindo para o Rio de janeiro e ele iria logo lá no Pereira's Advogados aonde eu trabalho? Tudo bem que era o escritório mais famoso do RJ e que poderia ter boas chances de ser o mesmo Lucas, mas isso não era da minha conta, e eu estava aqui para ver a papelada do divorcio e a guarda da criança. Não podia me meter em assuntos pessoas de clientes, e ficaria muito desconfortável da minha parte se eu começasse a fazer varias perguntas pessoas só para saber se era o tal Lucas.