Capítulo III

21 1 0
                                    

[N.A:/ Neste capítulo a narração será em terceira pessoa. Senti muita intensidade para escrever em primeira, talvez uma narração em terceira deixe tudo de uma forma ainda mais clara e até envolvente. Obrigada.]

Sexta feira, 13 de outubro. -White Place, 09:35 p.m

Lucy estava linda. O acontecimento de dois meses atrás, vez ou outra, pairava sobre sua mente. Sentiu-se mal, mas já estava melhor. Respirou fundo, mais uma vez, antes de decidir entrar no local da formatura.
Ao adentrar no local, quase automaticamente, todos os olhares voltaram-se para ela.
Lucy avistou Luíza, perto do bar, junto com mais algumas pessoas cujo faziam o mesmo curso e estavam na party daquela noite.

-Oi, Luíza. -Lucy disse, quando estava perto o suficiente para falar sem precisar ser mais alta que a música.
-Oi, gatinha! -Luíza disse, alto e sorridente. -Achei que tu ficarias ali do outro lado, com seus amigos das artes.
-É o ideal, na verdade. -Riram. -Eu só vim falar que eu vou sentir sua falta. Fomos muito próximas nestes anos, e, apesar de termos nos afastados e nos resumido em apenas parceiras de classe, o carinho continua o mesmo.
-Ow, Lucy. -Luíza a abraçou. -Idem. Porém, eu não vou morrer. Vou sair da cidade, sim, mas só me ligar.
-Ok. -Lucy sorriu. -Bem, agora vou ali com meus amigos das artes. Boa festa.
Lucy deu as costas e caminhou até o outro lado do salão.

-Boa noite... -Lucy disse, ao aproximar-se da mesa.
-Oi! -Dora se pronunciou, ali teriam que lutar para falar mais alto que a música. E os outros a acompanharam com "Ois" e boa noite.
-Senta, Lucy. -Phillip disse.
Lucy, calmamente, puxou a cadeira e sentou-se entre Phillip e Roanna. Mathew levantou-se da mesa e sumiu. Conversaram e beberam bastante. Lucy, na verdade, nunca gostara de beber e, por isso, parou na terceira dose de tequila. Não conseguia sentir o prazer e a felicidade na bebida como os outros. Dora levantou-se para dançar junto com Roanna. Evo, foi atrás de sua irmã cujo já estava dando trabalho pra alguém. Lucy e Phillip ficaram na mesa.
Phillip bebera e começara a falar coisas desconexas. Aproximou sua cadeira de Lucy.
-Me sinto mal, Lucy. -Falou, jogando-se, pesadamente, em cima da garota.
-Vem, vamos lá fora. -Lucy ajudou-o a levantar da cadeira e foram para o lado de fora.
Phillip inspirou o ar gelado da madrugada e virou-se para Lucy, que estava atrás dele.

-Você é tão cheirosa. -Phillip aproximou seu rosto do pescoço de Lucy. -Tão gostosa. -Pegou em sua cintura e mordeu seu pescoço.
-Phillip... -Lucy se afastou. -Me solta. Você está bêbado.
-Ah, qual é?! -Aproximou-se do ouvido de Lucy, agarrando e apertando sua cintura. -Quer isso tanto quanto eu.
-Eu não quero nada, Phillip. -Lucy soou firme. Aquilo estava deixando a garota assustada.
-Tudo bem. Vamos voltar. -Phillip disse.
Quando Lucy virou-se, Phillip a puxou pelo braço, encostou-na na parede e passou a mão por sua perna.
Logo imagens, que Lucy pensou ter esquecido, encheram sua mente. Sua prima ensanguentada na cama. O padrasto em cima dela. O rosto machucado. O quarto escuro.

-Me solta, Phillip. -Lucy o empurrou pelo peito. Em vão.
-Ah, vagabunda. Você sempre quis isso e agora vai me evitar? Bancar a difícil? -Apertou a garota ainda mais contra a parede, segurando-na pela nuca e enfiou a mão por baixo do seu vestido. -Você não passa de uma vadia.
Lucy sentiu os dedos de Phillip por dentro de sua calcinha e tentou empurrá-lo, mas ele a apertava ainda mais. O desepero tomou conta da garota.
-Eu sou virgem, Phillip. Me solta, por favor. -Lucy disse, sentindo uma lágrina escorrer pelo seu rosto. Sentiu um nó formando-se em sua garganta e, a mesma, queimando.
-Cala a boca. -Phillip sibilou, ríspido.

Lucy gritou, como para desfazer-se daquele nó de angústia formado ali. Phillip deu-lhe um tapa. Sentiu seu rosto arder. Phillip tirou seu pênis para fora e a levantou. Ela gritou mais uma vez. Ele deu-lhe outro tapa e tapou sua boca com uma mão. Afastou sua calcinha para o lado e a penetrou. Lucy estava com os olhos arregalados de terror e tensão, e não sabia conter mais seu choro. Sentia-se suja, e que algo dentro dela estava sendo rasgado. Phillip estava indo forte e rápido demais, ela agonizava de dor e sentia-se machucada.
Phillip a largou no chão. Colocou suas roupas. Lucy ficou em posição fetal no chão. Phillip a chutou na costela, nas costas e ajoelhou-se a o lado dela. Deu-lhe um soco no queixo. O gosto de sangue invadiu a boca de Lucy.

-Puta imunda. -Phillip sussurrou por fim e a deixou lá.

×××

Segunda-feira, 23 de outubro.

Dez dias desde o acontecimento na formatura.
Lucy não comia direito, não saia mais com Lindsay, não conversava mais com sua mãe. Não contou a ninguém sobre o ocorrido.

×××

Um ano depois.

Estava deitada na cama, Lucy, de pijama, cabelo bagunçado. Sentia-se doente. Seus olhos estavam rodeados por olheiras, devido a falta de sono. Sua mente estava pesada. Seu corpo cansado e tenso.
Levantou-se da cama, como quem se arrasta, dirigiu-se ao banheiro. Após fazer sua necessidade, olhou-se no espelho: seu cabelo estava cheio de nós e não mais brilhantes e limpos como costumavam ser. Bolas roxas, conhecida como olheiras, grandes e escuras abaixo de seus olhos. Percebeu uma pequena cicatriz no canto esquerdo de sua boca, causado pela mão de Phillip. Estava pálida e fraca. Focou no fundo dos seus próprios olhos, no reflexo da superfície de vidro.
Pensou "Por Deus, quando deixei-me ficar assim?" Abriu, calmamente, o armário a sua frente. Pegou sua escova de dente e o creme dental. Começou a escovar seus dentes.
Logo as respostas para dua pergunta começaram a surgir, lembrou-se da noite de formatura e, como num impulso, socou o espelho.
Seu coração estava acelerado, seu sangue estava fervendo, o líquido vermelho escorria por entre seus dedos mas Lucy não sentira. Lavou a boca e, em seguida, o rosto.
"Londrino filho da puta." pensou. "Eu sou mais que isso."
Lavou seu ferimento, retirando os pequenos cacos de vidro. Regtirou sua roupa e adentrou o banheiro. Ligou o chuveiro.
Deixou a água quente escorrer por suas costas e, em seguida, lavou o cabelo, hidratando-o como já não fazia há anos. As imagens da noite de formatura rondaram sua mente mais uma vez. Pegou a esponja e esfregou sua pele, como força, estava ficando vermelha, ferida, mas, à essa altura, Lucy não se importava mais. Terminou seu banho.
Separou sua roupa de caminhada, iria correr. Lembrou-se que estava, segundo ela, "fracassada" e que ainda não tinha um emprego, mesmo mudando de cidade. Arranjaria um esta semana, decidiu.
Pegou seu celular e saiu. Caminhou ao longo do rio Dee, morava em Chester agora. Lucy correu. Correu agé sentir suas canelas arderem. Correu até o suor formar um "T" na costa de sua camisa. Correu até seu pulmão encher-se de ar. Correu até sentir que seu peito explodiria e, junto à ele, aquelas lembranças.
Jogou-se sobre um banco de uma praça que achara. Não fazia ideia do quanto havia corrido, mas isso já não importava. Sentia-se bem de novo. O pôr-do-sol se aproximava. Ajeitou-se e olhou para o horizonte, observando o encontro do sol e do rio. Automaticamente, sorriu. Lembrou-se que a vida é maravilhosa só pelo fato de estar viva, e que se existia uma vida de merda era daquele que praticou o mal. Mentalmente, perdoou Phillip e, de repente, nada do ocorrido importava mais.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 04, 2016 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Poesias de um coração apaixonado.Onde histórias criam vida. Descubra agora