Capítulo 02: Caminho das Lamentações.

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A luz tímida do Sol já começara a iluminar. Haviam duas entradas para o vilarejo, a do Norte e a do Sul. Esperei pelo Madeus na entrada Norte. Demorou apenas alguns minutos até Madeus aparecer carregando dois cavalos de seu pequeno patrimônio. Sua típica armadura de metal, para ele totalmente essêncial. A espada posta de lado e uma capa vermelha escarlate com um gorro acochoado balançado com o vento. Aquele de fato era o manto da família Taskar, vermelho de sangue e quente como a vida. No meu caso, preferia uma roupa mais leve e menos barulhenta. Couro e pele. Reforçada com tiras de couro. Meus dois pequenos machados escondidos na minha cintura. Armas essas que foram encontradas pelo meu pai em uma de suas antigas escavações.

- Você me pediu os cavalos, porém não contou para onde iremos. - Disse Madeus, querendo respostas.

Me apoiando no estribo lancei-me sobre o cavalo. Direcionei o olhar até Madeus e indaguei:

- Deveremos cruza as Terras Geladas. Preciso encontrar o Oráculo. Confirmar uma dúvida sobre minha visão.

- É uma viagem suicida, Jonhan. Morreremos quando adentrarmos a Floresta Negra de Mour.

- Tenha confiança, meu velho amigo. - Falei enquanto balançava as rédeas do cavalo direcionando-o.

Foram dois dias de viagem com pequenas paradas para o descanço dos cavalos. Lá estavamos, no ponto onde a neve termina e a Planície Aurora começa. Apartir dali fomos em direção ao Sudeste.

Quando o Sol começou a aquecer sobre nossas cabeças Madeus foi obrigado a guardar sua capa feita para os dias frios do Vilarejo das Neves. Imagino se ele sabia do clima que iriamos enfrentar, pois dali para frente apenas o calor dos raios solares reinava. Paramos sobre um enorme pessegueiro perdido naquele longo campo composto apenas de grama pura e verde. Talvez os Deuses estivessem dispostos a nos ajudar em nossa causa. Aproveitamos para comer e beber um pouco.

- Sabe, Jonhan. - Falou Madeus me direcionando a fala. - Aqueles cinco dias em que você esteve inconsciente eu realmente pensei que não fosse mais acordar...

- Porém aqui estou eu. Forte como uma rocha. - Falei levantando o braço a procura do musculo.

Madeus sorriu.

- A mulher que tu procuras deve ser bem especial.

- E ela é, Madeus. Os dias que a tive em meus braços foram os mais vívidos de toda minha vida.

Madeus olhou para os céus. Quando o olhei pelo canto dos olhos notei uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

- Ela também era linda. Seus longos cabelos negros e olhos azuis como o mar... - Madeus falava com dor no peito.

- E o que aconteceu ? - Perguntei, ainda tentando não ser rude.

- Eu estava protegendo o perímetro. Estava feliz com a notícia de que terias um herdeiro. Lembro que eu ficava rezando para ser um homem... - Parou o homem que desabara a minha frente.

Logo Madeus se recompos e continuou:

- Já havia passado um ano de minha estadia no vilarejo do outro lado da montanha. Eu iria realmente casar com ela... - Ele suspirou demonstrando pela primeira vez o seu lado emocional. - Ela se chamava Lirya. Sua barriga estava enorme. Foi como um pesadelo, que me assombra até os dias de hoje... Dezenas de bandidos invadiram o vilarejo, matando a todos. Fui fraco em proteger a única coisa importante na minha vida... - Madeus parou de falar, quase que congelado pela dor.

Eu cruzei um dos braços sobre ele, o metal de sua ombreira rangeu. Abracei-o com força.

- Desculpe-me. - Sussurrei ao seu lado. E fiquei em silencio. Era como se eu não tivesse palavras para dizer e consolar.

As Moedas de LasbelOnde histórias criam vida. Descubra agora