Capítulo 01

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Ninguém merece. Gostaria tanto de estar em casa em frente a minha pequena televisão com um copo ao lado e chocolate. Mas não. Estou aqui em plena noite de sábado, com uma avental servindo gente. Ser garçonete não é bem o que gosto. Mas como tenho que pagar a renda todos os meses e pagar os meus estudos na universidade, tenho que estar aqui, suando. A noite está quente, o ar que prevalece aqui é o que torna tudo isso pior.

- Aqui tem o seu prato - pouso em frente a uma mulher ruiva,não espero sua resposta e corro para atender outra mesa e outra e mais outra.

Olho no relógio e já é hora de terminar o turno. Já são 23:48, e eu já deveria estar fora deste lugar. Corro ate aos cacifos e tomo um banho, visto a roupa que trazia ao vir para cá, um vestido creme curto. Não me preocupo em retocar a maquiagem. Saio e vou ate o parque de estacionamento, subo no meu carro que ainda tem os freiros abatidos. Ignoro e entro no carro. Suspiro por saber que amanhã tenho o dia livre. Graças a Deus.

****

Não sei porque nas estou aqui, mesmo não querendo estou. Lídia quase arrancou-me dos lençóis, para estar aqui , e só por isso estou aqui. Precisa de minha ajuda, como sempre, e quem sou eu para dizer que não. A mansão é grande, e o barulho é imenso, entro pelas traseiras, onde parece ser para os empregados. O jardim é esplêndido, rosas, rosas, rosas, rosas, de todas as cores, rosas . Caminho acompanhada por um segurança, ate a porta da cozinha onde vejo Lídia.

- Obrigado Afonso - diz ela ao senhor, que lhe retribui um sorriso e sai.

-LÍDIA - explodo finalmente - você tem consciência da hora? Tem?

- Desculpa é que a outra moça não veio, e a minha senhora mandou -me arranjar alguém, mas não arranjei, julguei que faria sozinha... - suspira - ... mas vi que é bem impossível, ha uma gentalha na sala, celebrando os 60 anos do Doutor Souza.

- Por onde começo? - pergunto amarrando o avental que encontro pendurado na parede da cozinha.

- Quero que você ponha esse isto em cada um dos copos, com as suas devidas frutas? Percebe? - explica - Como este aqui. Só isso só

- Está bem - bufo, revirando os olhos. Faço o que ela manda, e mais outras tarefas.

No final de tudo a casa parece estar mais vazia. Saio até ao jardim. Me sento num banco por baixo de uma árvore frondosa que dá muita frescura.

Fico ali ate ver movimento na cozinha, levanto-me e vou até lá. Me deparro com um casal, e Lídia.

- Você foi muito útil hoje - agradeceu a mulher.

- Não tem de quê Sra. , é o meu trabalho , a Ângela foi uma grande ajuda.

Eles notam minha presença bem na frente da porta e ambos sorriem.

- Ângela eu agradeço imenso. - repeti ela. - O jantar foi um êxito.
Sorrio.

- É muito encantadora, menina Ângela - disse o homem.

- Obrigada - respondo.

- Já é tarde, pode ficar com a Lídia se quiser. Há muito espaço. - continua o senhor.

- Não , não é necessário.

- Eu lhe imploro - avança a mulher. - Por favor.

Olho para Lídia e ela simplismente sorri.

- Está bem eu fico, mas amanhã bem cedo eu vou embora . - retorqui

Ambos agradeceram novamente e foram embora. Lídia mostrou-me o quarto e fui me deitar, isso é muito para um dia.

FOI ASSIMOnde histórias criam vida. Descubra agora