Extravasa

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- Pensei que ia precisar derrubar a porta. -Disse o josh assim que abri a porta.
- Eu estava ocupada. -Falei indiferente e um soluço escapou da minha boca.
- Você estava chorando ! -Disse ele como se estivesse descoberto a América.Tranquei a porta e voltei para o sofá sem responde-lo.
- Você está bem ? -Indagou ele cauteloso, o mesmo se sentou a uma distância considerável de mim no sofá.
- Estou super bem e você ? -Minto com um sorriso forçado.
- Percebe-se, eu tô legal.
- Desistiu da balada ?
- Não, eu vim te buscar !
- Já disse que não estou animada. -Digo e me levanto do sofá inquieta, sigo para a cozinha e ouço os passos do Josh logo atrás de mim.
- Por isso mesmo que você precisa ir, não consigo ver você assim toda caída !
- Ei eu não estou caída !!
- Então por que não vem comigo ? Nós podemos fazer aquele esquema de desenrolo se precisar. -Insistiu ele, eu sei como o Josh é, se eu não for ele vai passar a noite toda me enchendo, sendo assim é melhor eu ir com ele e quando ele arranjar alguém eu volto.
- Hum, vou comer e depois me arrumo
- Sabia que você não iria resistir ao meu charme ! -Falou ele com uma piscadinha. Essa noite vai ser longa.
*
- Desse jeito eu é que não vou querer ir ! -Gritou novamente o Josh pela decima vez, estou dentro do banheiro há quase uma hora e eu realmente estou enrolando, não só pra não querer ir mas também por já ter vomitado umas três vezes. Termino de escovar os dentes, jogo água no rosto passo a mãos na minha calça jeans vermelha, me olho no espelho e repito para mim mesma "Não é nada demais". Eu sempre fui muito neurótica em relação a doença, então para mim qualquer coisinha é grave mas definitivamente isso não é uma grave ! Abro a porta do banheiro e não vejo o Josh, caminho lentamente para o meu quarto e encontro ele sentado na minha cama.
- Desistiu de ir ? -Indago esperançosa.
- Não, acredite em mim você nunca vai esquecer a noite de hoje !
- Aham, você sempre fala isso.
- Mas hoje é diferente, eu estou sentindo aqui. -Disse ele enquanto coloca a mão no peito, sentimental até demais.
- Ah que fofo. -Falo sem ânimo.
- Já podemos ir ?
- Logico, minha moto está la em baixo. -Diz ele se levantando da cama.
- Moto ?
- É, eu por acaso tenho carro ?
- Não mas precisa de um.
***/
O vento gelado bate em meus braços, como eu queria sentir essa ventania em meu rosto levantando o meu cabelo, o Josh deve estar a mais de 50 km por hora e minha maior vontade no momento é retirar esse capacete !
A boate que estamos indo hoje eu já estou cansada de ir, ela foi a primeira que eu fui quando cheguei aqui, sim eu vim com o Lucas que na época não havia conhecido a Manu ... Enfim eu não tenho certeza se conhecer ela foi melhor para ele mas tenho a certeza que para mim não foi !
Josh para a moto lentamente em frente a boate vermelha, já posso ver uma fila imensa cheia de jovens de vários estilos, passo meus olhos pela fila e observo por mais tempo um homem branco com o cabelo meio castanho, por um momento eu até acho que ele é o Miguel. O homem olha na minha direção e lança um sorriso de lado e eu faço o mesmo.
- Vai descer não ? -Disse o Josh me olhando serio.
- Vou sim ! -Falo já saindo de cima da moto. Andamos para a frente da boate e sem encarar a fila entramos, como já falei eu conheço bastante gente por aqui. A batida frenética entra em minha cabeça, tudo treme, as luzes piscam e para a minha surpresa não está tão cheio. Sigo para o bar com o Josh e me sento em um banquinho.
- O que vão querer ? -Indaga o Barman olhando diretamente para o decote fundo do meu bore preto.
- Duas caipirinhas ! -Responde o Josh por mim, ele passou o braço pelo meus ombros e encarou o barman que logo deu um sorrisinho sem graça para o Josh.
- Achei que havíamos terminado. -Digo assim que o barman se vira.
- Mas terminamos ! -Diz ele gritando no meu ouvido.
- Então porque essa ceninha ?
- Ele não serve pra você. -Diz ele enquanto olha descaradamente para uma loira quase pelada que passa do nosso lado.
- Ela também não serve pra você. -Falo após dar um tapa nele.
- Aqui a bebida. -Diz o barman nós interrompendo, pego ela e bebo, o liquido gelado desce pela minha garganta causando um reboliço no meu estômago; sinto novamente a sensação de enjo mas decido ignora-la. Foi o tempo de eu olhar para o outro lado e o Josh sumiu, percorro o perímetro com os olhos e encontro ele agarrado na loira quase pelada. Bebo mais duas caipirinhas e já sinto o efeito, estou me sentindo leve e toda aquela minha preocupação não existe mais na minha mente. Ouço o solo de uma guitarra e levanto subitamente, chego na pista de dança e sem me importar com as pessoas em volta eu me deixo levar pelo som ensurdecedor da guitarra que logo é acompanhada pela bateria, quando dou por mim eu ja estou pulando descaradamente de olhos fechados.
35 minutos depois
- Boa Noite. -Diz uma voz grave perto do meu ouvido, abro os olhos e dou de cara com o homen da fila.
- Boa Madrugada. -Falo com um sorriso, me viro e ando em direção ao bar, me sento e o homen logo oculpa o banco ao meu lado.
- Uma Caipirinha ! -Grito para o barman.
- E um Martine por minha conta. -Completa o homem ao meu lado, me viro e olho diretamente; seus olhos são castanhos claro, o cabelo é quase castanho e ele é branco. É o mesmo homem da fila, mas de perto ele não tem nenhuma se quer semelhança com o Miguel.
- Está sozinha ? -Indaga ele após dar um gole no martine.
- Sim e não.-Falo calmamente ainda encarando-o.
- Não é bom uma moça tão nova andar sozinha. -Diz ele me fuzilando com o olhar.
- Não sou tão nova, quantos anos acha que tenho? -Falo entrando no papo dele.
- Uns 20 ou 21 anos, acertei ?
- Errou feio, tenho 26 e você já está na casa dos 40 ?-Brinco com ele e um sorriso encantador surge em seus lábios. A mesma tontura de hoje mais cedo invadi meu corpo, pisco algumas vezes e apoio uma mão no balcão.
- Ah eu passei perto, você quem errou muito feio. Tenho 29. -Responde ele com o mesmo sorriso. Um nó se forma em minha garganta e nada parece sair, sinto uma agonia no meu peito, o enjoo retorna mas eu engulo em seco.
- Você está bem ? -Questiona o homem ao perceber meu mal estar. Abro minha boca para responde-lo mas tudo apaga e a última coisa que sinto é uma forte pancada na cabeça.

Sua Graça Me Alcançou #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora