De volta, finalmente ?

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São 03:00 da manhã e eu estou terminando de me preparar, meu vôo saí por volta das 4:00 horas da madrugada (manhã) , devo chegar bo Brasil por volta das 14 horas.
Enfim chegou o grande dia, vou voltar para o Brasil. Vou sentir saudades de fala inglês, da padaria da esquina, dos preços super bons do shopping ! Uma parte de mim ainda diz que devo ficar por aqui mesmo e deixar a morte chegar sem avisar ninguém, essa parte também diz que viva ou morta não vai fazer diferença.
  - Vamos Alice ? -Fala a Manu batendo de leve na porta do meu quarto que está aberta. Olho cada milímetro do quarto afim de guarda-lo na memória, ainda está mobiliado, pois o Lucas pretende alugar assim.
  - Vamos sim ! -Falo e me viro.
  - Não sabia qu você gostava tanto daqui. -Diz a Manu ao me olhar e ver que estava a  chorar, passo uma mão no rosto e com a outra seguro minha mala de mão melhor.
  - Até que gosto, mas não chorei só porque vou sentir saudades daqui.
  - Me desculpa Alice mas eu já te conheço a um bom tempo e qualquer um pode perceber em seu rosto que você não está muito afim de viajar, alguém está te obrigando a ir ? -Indaga ela parando no meio do corredor.
  - Não, vou por que quero.
  - Olha se for o Lucas, eu posso conversa com ele, não quero te ver infeliz ! -Fala ela emocionada, hum, ok;  eu não esperava por isso.
  - Pode ficar tranquila, eu estou bem. -Falo e abraço ela, nunca pensei que a Manu gostava de algum jeito de mim, ela sempre manteu uma distância de mim; ou eu que faço isso ?
  - Amores da minha vida, estamos quase atrasados ! -Grita o Lucas  da sala, eu e a Manu rimos e andamos até ele.  Todo o caminho feito até o aeroporto foi cheio de conversas e planejamentos, quem mais falou foi a Manu, dava para ver em seus olhos o quão animada estava para reencontrar seus pais, acho que ela não os vê há 2 anos.
  - Por favor coloquem o sinto de segurança, nós já vamos levantar vôo. -Disse a aeromoça alto para que todos escutassem, o Lucas ficou sentado ao meu lado enquanto a Manu acabou ficando em outra fileira.
  - Ta com medo ? -Pergunto ao Lucas sabendo que ele não gosta muito de avião, apesar de negar sempre.
  - Lo-o-ogico que não !
  - Então porque está gaguejando ?
  - Só estou ansioso para rever meus pais ! Você sabe que tem 5 anos que não vejo eles.
  - Sei, mas vocês se falam todo dia !
  - É diferente, vou poder abraça-los e pedir perdão pessoalmente por tudo !
  - Mesmo sabendo que eles de qualquer jeito vão te perdoar ?
  - Mas eu vou pedir, vai que eles não aceitam ?
  - Eles são crentes é óbvio que vão te aceitar de volta !
  - Talvez não, nem sempre as coisas são como imaginamos, cuidado para não se surpreender com o que você pode encontrar por lá ! -Diz ele e em seguida vira a cabeça para onde a Manu está e manda um beijo.
   A viagem foi super tranquila, eu praticamente dormi o tempo todo ! Desenbarcamos normalmente e lá fora demos de cara com os pais do Lucas, ele largou as malas e foi de encontro a eles, parecia até cena de filme. Depois de muitos abraços, sobrou até para mim, saímos do aeroporto.
  - Olha qualquer coisa liga, tente não se perder ! Toma cuidado na rua com essas malas, e não esqueça de me ligar ! -Afirma o Lucas antes de eu entrar no táxi.
  - Ta bom papai Lucas ! -Falo fazendo voz de bebê e todos riem. A Manu e o Lucas vão ficar na casa dos pais dele até arrumarem um cantinho só deles, se livraram de mim.  Passo o endereço para o Taxista e espero ansiosamente pela chegada em casa, vou ver minha mãe, pela primeira vez consigo ver algumas coisas boas em toda essa história !
    O táxi demorou uns 40 minutos até chegar na porta da casa, pago ele e após tirar as malas do carro ele vai embora.
  - É eu estou de volta ! -Penso alto parada na calçada junto as malas. Deixo as malas e vou tocar a campainha, antes nem tinha.
  - Minha filha ! -Diz minha mãe ao atender a porta e logo "voa"  em cima de mim, depois de me sufocar bastante ela me larga e posso ver seus olhos marejados.
  - Entre, entre ! -Diz ela enquanto passa as mãos no avental.
  - Preciso de ajuda com as malas ! -Falo controlada, ela se vira para dentro e grita :
  - RHUAN !!! -Ele rapidamente aparece, me surpreendo, ele já não é mais o baixinho meio gordinho, está alto, magro cabelo liso e preto e os olhos castanhos do pai.
  - Não é que você voltou mesmo ! -Diz ele ao me ver.
  - Quem é vivo sempre aparece ! -Fala uma voz feminina de dentro da casa, Allana.
  - Só preciso de ajuda com a mala.
  - Pode deixar. -Fala o Rhuan, pego uma das malas e ele vem trazendo as outras duas, entramos na casa e paramos na sala.
  - Hum, onde posso coloca-las ?
  - No seu quarto ue ! -Responde minha mãe sorrindo. Subo as escadas e abro a porta do meu antigo quarto, tudo está do jeito que deixei só que bem mais limpo.
  - Fico feliz que tenha voltado ! -Diz o Rhuan quando larga as malas próximo a cama.
  - Também, poderia avisar pra minha mãe que vou arrumar as coisas aqui no quarto e já desço ?
  - Ah posso sim.
  - Obrigada. -Falo com um sorriso forçado, ele logo se retira e eu me jogo na cama, lágrimas involuntárias aparecem e eu as deixo escorrer, está tudo tão igual ! Sento na cama e começo a desfazer as malas, quase não enxergo de tão embaçados que meus olhos estão. Abro o armário e encontro ele do jeitinho que deixei, todas as marcas feitas por mim ainda estão ali, abro a primeiro gaveta passo a mão pelo fundo e levanto um pedaço da madeira que eu mesma quebrei para esconder minha gilete, sim ela ainda está aqui, intacta dentro do pacote; ainda tem roupas que eu deixei, vou usa-las, já que em Nova Iorque o tempo era mais frio e eu não usava muitas roupas frescas; mexo em todas as coisas e vou relembrando acontecimentos, como da vez em que briguei com o Miguel, mas  o que mais lembro é de quantas vezes eu chorei e me senti presa dentro deste quarto. 'Quero ver o banheiro' , penso do nada, abro a porta do quarto mas paraliso ao ouvir uma voz vinda do primeiro andar.
  - Ela chegou ? -Fala uma voz masculina tão conhecida, Miguel.
  - Já sim, está no quarto. -Responde Allana.
  - Quero tanto vê-la ! -Diz una voz feminina, não sei quem é.
  - Carol você não estava na casa da sua avó ? -Pergunta Allana com uma voz desconfiada.
  - Sim, mas o Miguel passou lá e me deu uma carona.
  - Vocês andam juntos demais ! -Diz outra voz masculina, talvez o Rhuan. Droga ! Será que eles estão juntos ? Não estou preparada para ver o Miguel, ainda mais junto de outra garota ! Fecho devagar a porta do quarto, troco minha sandália por um tênis, pego meu celular e faço o que a anos não fazia, pulo a janela, devido a falta de experiência caio de bunda no chão, 'Aí ' ! Corro até tomar uma distância segura da casa, sento em um banco na rua ofegante.  Talvez você me ache infantil, mas eu sou é medrosa ! Tenho medo de olhar nos olhos do Miguel e sentir os mesmos sentimentos de antes, medo de  me apegar a eles, medo de morrer, medo de fazer tudo errado. Quando pensei em voltar para o Brasil na minha cabeça eu achava que tudo ia voltar ao normal, como se o tempo não estivesse passado e eu seria feliz pelo menos uma vez na vida, só por um pequeno período porque a morte jaz a porta. Meus pensamentos são interrompidos pelo toque pesado do meu celular.  

Ligação on

Eu: Alô ?

*** : Poderia falar com a Alice ?

Eu: Sou eu, pode falar.

*** : Aqui é o doutor Carlos Fonseca, queria te perguntar sobre o tratamento.

Eu: Como já disse, não tenho interesse.

Carlos: Você sabe que o tratamento pode salvar sua vida, ne ?

Eu: Dei uma pesquisada e vi que mesmo fazendo o tratamento os riscos de morte continuam sendo os mesmos, só um milagre mesmo .... e eu já disse que não acredito em milagres !

Carlos: Eu tenho certeza que você vai mudar de opinião, você é tão jovem, não custa nada tentar ! Não vai ter custos.

Eu: Custa tempo  e como você sabe eu não tenho muito, tchau !

Ligação of

Só me faltava esse cara agora, realmente que saco ! Me estresso rápido e em resposta me sinto tonta e uma dor diferente, como se estivesse sendo espetada por uma agulha, fecho o olhos e começo a contar;  depois de chegar ao número 50 abro novamente os olhos e a tontura se foi, graças a ... Deus ? Affz que pensamento ! Meu telefone toca novamente. ' Ah se for esse médico ! ' , olho a tela do celular e vejo que é o Lucas.

Ligação on

Eu: Alô ?

Lucas: Onde você está ?

Eu: Apenas saí ...

Lucas: Você fugiu !

Eu: Quem te disse isso ?

Lucas: Eu apenas decidi vir até sua casa pra ver como estava e quando cheguei disseram que você saiu mas não foi pela porta. Foi pela janela né ?

Eu: Uhun ...

Lucas: Porque fez isso ?

Eu: Ainda não estou preparada para ver o Miguel e eu também ouvi a Allana dizendo que a Carol e ele estão juntos.

Lucas: Francamente, você sabia que isso seria possível ! Mas não se preocupe porque eles são apenas bons amigos.

Eu: Tanto faz. Ainda está na casa ?

Lucas: Sim, onde você está ?

Eu: Quero ficar sozinha, não estou afim de levar bronca.

Lucas: Quem falou em bronca ? Vamos sair, só eu e você como nos velhos tempos, nada de balada nem bebida.

Eu: Ainda bebo, você pode ficar com o guarana (gargalhadas) , estou a três quarteirões de casa sentada em um banco verde.

Lucas: Me espera aí que já estou indo.

Eu: Ok, tchau.

Ligação of

Que otimo ! Não vou precisar voltar para lá, pelo menos não agora ! Vou sair com o Lucas e só vou voltar bem tarde assim todas as visitas já vão ter ido embora e pelo menos não vou ver o Miguel, hoje.

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Oooooi abençoados & abençoadas !!! Estão bem ? Gostaram do capítulo ?
  Não sejam fantasmas haha, comentem e dêem estrelinhas !
Beijor até o próximo capítulo !

Desculpem  os erros, a culpa é do celular.

Sua Graça Me Alcançou #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora