Terra 223

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De todas as obras que a engenharia optimiana pode criar, esta é a maior delas. Em cada placa de metal, em cada parafuso, em cada parte dessa nave-mãe, é possível perceber um toque optimiano (até hoje, a ciência que os Mumans aprenderam é quase toda de produção Optimus).

Terra 223 teve esse nome em homenagem ao lar dos ancestrais dos Mumanos que viajaram milhares de anos-luz pelo espaço até que, por alguma razão, a nave voltou para o sistema solar Hélios (como é chamado o sistema solar para fins de registro nos mapas espaciais). O 223 vem da ideia de que esta nave passou por 222 testes de ignição, funcionamento e adequação do moto quântico e claro, do seu tempo de sobrevivência no espaço. A primeira suposição de vida útil era de 222 anos, mas logo vê-se que faz séculos que ela existe, e continua trabalhando como se tivesse acabado de ser ligada.

Nos registros históricos da nave não constam as coordenadas do seu lançamento. Por alguma razão, eles foram apagados e nenhum vestígio foi deixado, qualquer vapor ou nuance que desse a entender em que sistema solar ela foi inventada. Mas, as histórias contadas de avós para netos são enfáticas ao afirmarem que a titânica estrutura de metal veio de algum ponto de Andrômeda, galáxia situada a milhões de anos-luz da Via Láctea.

Seja como for, a estrutura dessa colossal nave permitiu a morada de milhões de Mumans por séculos no espaço profundo. Aos poucos, ela foi recebendo melhorias feitas pelos seus moradores, que, graças ao intelecto avantajado dos Mumanos, puderam encontrar todo o tipo de resposta aos problemas que enfrentaram durante a longa viagem.

Porque razão foi construída? Não se sabe. As histórias dizem que ela, na verdade, tinha abrigado outra espécie parecida com os Mumans, mas mais antiga - Os Homo Optimus - enquanto eles buscavam um planeta habitável no espaço. Depois que encontraram o planeta, a nave foi deixada próxima de uma nuvem de asteroides (talvez porque serviria como base para abrigar a mão-de-obra necessária para extrair os minérios dos asteroides enquanto o planeta era colonizado), mas seja como for, foi deixada lá por muitos séculos até que num belo dia, começaram a adaptá-la para receber mais gente por um tempo determinado (222 anos, dizem), e durante uma longa viagem.

A nave possuía, originalmente, um motor de dobra convencional, mas logo ele foi trocado por um Reator Quântico de Partículas, algo muito mais avançado e inventado pelos próprios Mumans (ou assim pensavam), que mais tarde se tornou um Motor para manter a gravidade artificial ao redor da nave. Sabe-se que o motor atual é um sistema que mantém uma microestrela massiva em seu interior, controlada por um monte de equações e modelos matemáticos capazes de enlouquecer um humano comum, mas de fácil entendimento para os Mumans. Há uma retroalimentação entre a estrela e o motor que o controla.

Houveram 3 testes (acredite ou não) para o motor funcionar, e dizem que o teste número 2 fez um planeta inteiro ser destruído (e um micro buraco negro ser criado).

É uma nave bem armada (pois nunca se sabe quando alguma ameaça poderia atingi-la) e com um sistema de defesa avançado, protegendo seus tripulantes de raios cósmicos de todo o tipo, interferências gravitacionais sutis entre corpos próximos e até, dizem, servindo como lente gravitacional para observadores externos. Quase ninguém acredita nessa última parte, mas ninguém duvida disso.

Cerca de 100 anos antes dessa história acontecer, a nave estava próxima de Plutão. Sua velocidade tinha sido reduzida para evitar qualquer problema com a gravidade dos demais planetas, porque, mesmo abrigando eficientemente uma microestrela, ele ainda era potencialmente perigoso.

Além disso, evitaram ao máximo chamar a atenção das espécies nativas do sistema, e de uma espécie que os Mumans dessa geração só conhecem pelas histórias que os mais velhos contam e pelos vagos registros históricos da nave. Por razões que são longas demais para serem escritas agora, eles preferiram passar por alguns dos planetas até a Zona Habitável daquele sistema.

Fator TheoOnde histórias criam vida. Descubra agora