Tentava não pensar no passado, embora ele,relutava em mim sempre,e minha mente relutava em vão contra,mas o que mais me martirizava era a forma que até as maiores das mentiras eram fáceis de serem absorvidas,talvez fosse a forma mais perversa que nossa mente tinha de nos satisfazer momentaneamente.Quem sabe jamais vou saber explicar como tudo ocorreu,de fato minha inocência havia morrido naquele disparo, e minha alma padecia juntamente com os demais pecadores.
Era injusto dizer se 15 anos trancada era de fato o suficiente para eu obter o meu perdão;embora toda violência que sofri, metade do tempo que passei ainda vivia da ilusão de que não era real,era difícil encarar o que eu havia perdido, ou fazer suposições de como minha vida seria,eu jamais iria saber, o fato é que enquanto todos ingressavam na faculdade, eu me contentava em não apanhar no patio do penitenciaria.Faltando apenas um dia para ser solta, ainda me mantinha assustada,a felicidade que devia acompanhar obrigatoriamente a liberdade que estava preste a receber não me contemplava invés disso o medo de saber que estaria sozinha era maior,e encarar um passado que jamais seria apagado era a perfeita ideia de inferno para mim.
6:00 horas da manha,os portões se abriam, comigo,uma jaqueta que ainda me servia,e nada mais.Meus olhos fechavam,era como captar o vento,a sensação ainda era quase impercebtivel,andei alguns passos, obviamente não havia ninguém para me buscar,então andei,um carro passou, e num instinto de sobrevivência,estirei meu braço, balançando freneticamente,por sorte o carro parou, eu envergonhada,abaixei e pedi num tom de clemência:
-por favor...-Não precisei completar a frase, o homem virou para mim e balançou a cabeça num tom de positivo, fazendo menção para eu entrar.Entrei, e desviava o olhar para a janela,tentando não fazer contato visual,tinha medo de que um interrogatorio surgisse ali,e a questão de eu ter saído da cadeia viesse á tona.Felizmente poucas perguntas foram feitas, e eu acabei sendo levada ao centro de São Paulo sem grandes complicações.Desci do carro e procurei por uma caixa registradora,ter trabalhada o tempo que permaneci na cadeia me rendeu uma quantia de dinheiro suficiente para ficar bem por um tempo,e isso me deixavá mais tranquila, já que aqui eu num tinha ninguém a recorrer.
Fui andando até a pensão que eu havia pago,tinha apenas um comôdo, e o banheiro ficava no pátio, sendo dividido por mim e mais 3 garotas que moravam nas casas ao lado.O lugar era um dos piores,eu não tinha se quer um movél, e dormia no chão,estava tão cansada que ao menos tive a oportunidade de pedir um colchão,mas 15anos presa havia me ensinado a perder todas os meus mimos,e me acostumar com o pouco.
Dias depois tratei de procurar emprego,tentei em diversos restaures,lojas de roupas e calçados,e por fim consegui num bar nojento e sujo,não era registrado, não tinha direito algum,o sálario era baixo,porém eu trabalhava por 14 horas em média,e o chefe era um homem muito mal humorado que tinha por diversão tratar seus funcionarios da pior maneira possível, aceitei o emprego.E por um ano trabalhei por la,ate um dia que por fim faliu.Havia boatos que a mulher do chefe havia fugido com um dos funcionarios,e levado junto parte do rendimento do bar,culminando assim no seu fechamento definitivo em dezembro de 2000.Noticia a qual veio acompanhada com o aumento agressivo do aluguel da pensão,que sem aviso previo havia dobrado de preço,sem muita saida me vi obrigada a ir morar na rua, e assim fiz.
Nos primeiros meses por conta do calor sobrevivia bem,mesmo sem meu cobertor que havia sido roubado,porém com a chegada de março as chuvas se acumulariam,e a vivência sem uma casa se mantia impossível.Felizmente podia contar com a generosidade de algumas pessoas que semanalmente iam entregar sopa aos desabrigados, e ia me mantendo viva.
Numa dessas entregas,numa tipica noite paulista fria,me enfiava na fila pacientemente esperando a minha vez,uma mão se estendia,e me entregava uma manta e um café.
-Aqui tome-era uma moça com aparência angelical,apesar de aparência simples e pouco vaidade,havia a sensação que a conhecia,e percebi que a mesma havia sentido a mesma coisa.Sentei um pouco mais a frente,quando ela vem ate mim,naquele momento,olhando seu rosto mais próximo,havia finalmente lembrado o porque de seu rosto ser tão familiar.
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Depois de Marcus...
RomanceAs marcas de um relacionamento abusivo se mantinham presente em Paola,após tantos anos sendo refém da sua própria inocência,se via finalmente livre,mas o que restava da vida,após ter sido manipulada pelo o homem que mais amou?Diante dessas reflexões...