Me encolhia no pátio da penitenciaria,o sol estava tão forte como num típico verão de começo de fevereiro paulista,o guarda se mantia olhando na direção oposta a mim,num esforço para parecer que realmente num presenciava aquela situação deploravél,um chute vindo diretamente no meu estomago,outro na coluna,um acertava minha mão que protegia o rosto falhamente,era um revival do meu colégio,uma nostalgia amarga,"bem vinda" ria uma das presa,grande, com algumas tatuagens mal feitas no braço,típica visão de uma marginal que a tv sempre coloca.Num sei bem quanto tempo durou essa cena,mas lembro do barulho do sinal,e o sangue escorrendo pelo o meu uniforme alaranjado,mal conseguia sentir o meu corpo,meus olhos falhavam numa tentavia de abrir,e mal tinha forças gritar por ajuda,me manti ali,ate que algumas guardas vinham me socorrer,voltei a cela horas depois com vários hematomas e curativos,minhas companheiras de cela nada disseram,se mantiam calada,ao menos eu tinha um lugar para dormir.
A violência gratuita se manteu por alguns meses,eu apanhava diariamente,sempre das mesmas presas,que se divertiam,e riam sadicamente enquanto eu ficava em posição fetal no chão ou me apoiava na grade de ferro,nenhuma vez fui capaz de revidar,ou de chorar,ainda tão anestesiada com minha prisão,não conseguia ao menos sentir raiva.
Um dia Dolores, uma companheira de cela quase tão nova quanto eu, que havia a poucas semanas sido transferida para ali,me explicou o motivo de tanta implicância das demais presas comigo,"elas acham que você matou sua filha",me olhava com olhar de ternura,e segurava a minha mão,"mas isso não é verdade,nem filha eu tenho,quem contou isso??" num tom completamente descontrolado, "a guarda","a guarda?e a troco do que ela contaria isso?","num sei" respondeu ela.Realmente não fazia sentido,mas eu tinha que reverter isso,já não aguentava tantas visitas a enfermaria diariamente."Eu te ajudo" disse Dolores com um sorriso no rosto,só acenti com a cabeça,naquele momento eu não podia negar ajuda.
Dolores era tão doce que era dificil decifrar a razão de ela acabar na cadeia,ela era quase ruiva,branca quase palida,e tinha as bochechas rosadas,não passava dos 25 anos,embora tinha aparência de 17 anos,pelo o seu belo corpo esguio e pequeno.
"conversei com elas" disse Dolores após sua saida da cela para o trabalho voluntario que oferecia na cozinha, "e ai?" perguntei apreensiva, "contei para Rita na verdade,e ai é esperar", Rita era uma das presas que andava com a presa grande,alias era apelidade de muralha.Nunca fiquei tão apreensiva na vida como naquele momento,mas já esperava apanhar novamente naquela tarde.
Me manti sentada dessa vez nas escadas,segurava a mão nervosamente,respirava quase que sem intervalo nenhum,Via Muralha,Rita e mais algumas presas tão assustadoras quanto,Dolores vinha quase atrás,gesticulava,mas meu nervosismo não captava nada,eu suava como nunca,e aquela cena se transformava numa agonia eterna,e como se todas se movimentasse lentamente a minha direção,como uma marcha da morte.
"Quero ouvir a história" diz a Muralha segurando a minha boca com certa agressividade,consigo ver a preocupação de Dolores no olhar,"ok"tento pronunciar com certa dificuldade.E assim começo.
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Depois de Marcus...
RomanceAs marcas de um relacionamento abusivo se mantinham presente em Paola,após tantos anos sendo refém da sua própria inocência,se via finalmente livre,mas o que restava da vida,após ter sido manipulada pelo o homem que mais amou?Diante dessas reflexões...