03. Alex, o Pesadelo Freudiano

5.7K 364 7
                                    

Naquela noite, Dulce não descansou. Sua mente não parou por um minuto sequer, ia e voltava para a mesma coisa. Para a mesma pessoa, Alex. Por que ele despertava nela tanta raiva? O que havia nele para despertar em si uma fúria inimaginável?

Aquele olhar... não saia de sua cabeça.

Ele a atormentava. Sua presença, ou a falta dela, roubaram-lhe o sono.

Aquilo que ela havia visto na casa do professor. Não havia dúvidas de que tipo de pessoa ele era. Como poderia um homem ter duas faces tão distantes?

Ela sabia.

Ela havia tentado esquecer.

Antônio... porque aquele nome veio em sua mente naquela noite?

Havia um motivo para ambos se odiarem. Um dia já haviam se amado, ou pelo menos Dulce julgava um dia tê-lo amado. Mas tudo terminou quando Antônio partiu para cima dela, feito uma fera. A sua vida mudou naquele dia.

Ela tinha na mente que os homens, de alguma forma, sempre a machucavam. Já Alex... Bem, para ela, Alex a irritava. Dentre devaneios, Dulce julgou que também poderia ama-lo.

O amor é um cão dos diabos.

O diabo de sua vida tinha cabelos pretos e olhos repuxados. Por que ele a irritava tanto? Ela não queria descobrir a resposta.

...

— Ele fez o quê? — July disse arregalando os olhos.

— Bem, apenas me disse para esquecer o que vi no quarto.

— Bem, você queria uma prova para tirá-lo da docência, aí está ela.

— Acredito que preciso de um pouco mais.

— Um pouco mais? Amiga, eu realmente não te entendo.

Dulce pensou se deveria contar a July que o professor havia estado ali. Ela poderia ter contado sobre o olhar de ambos, sobre terem estado tão perto um do outro. Poderia ter contado que Alex era o motivo de ter perdido o sono.

Maldito!

...

Mesmo sem querer concordar em voltar as sessões de terapia, Dulce o fez mesmo assim. Porém, não antes de pedir ao pai que trocasse de profissional. Julgava que seus problemas de infância e os da vida adulta deviam ser ouvidos por pessoas diferentes.

Era quinta-feira, primeira sessão, ela se sentia exausta, como se seu corpo estivesse cansado durante todo o tempo, afinal, agora perdia a noite, o seu rosto agora tinha olheiras gigantescas, e ela começava a perder peso. Para sua sorte, o prédio onde ficava o consultório não era muito longe da Cabana, ela poderia ir para as sessões como se estivesse pegando carona com seu pai, economizaria algumas passagens de ônibus.

— Acho que já está na hora de eu ter um carro. — Questionou enquanto ele estacionava.

— Não, só se todos os postes da cidade fossem de borracha.

— Que isso pai! Não pode ser tão ruim assim. July tem um carro caríssimo, ganhou aos 18 anos.

— July nasceu em berço de ouro. Seu querido paizinho começou a ter dinheiro agora. Posso pensar em te dar um carro, mas teria que ser manual, um carro com peças baratas de se achar, que não gaste muita gasolina... pode ser um bom presente de formatura.

Ela saiu do carro, despediu-se de seu pai e seguiu para o consultório.

O lugar parecia amistoso. As paredes eram em tom azul, com pequenos detalhes dourados no rodapé. Ela sentou e esperou seu nome ser chamado.

A amante Livro1 ( Em Revisão )Onde histórias criam vida. Descubra agora