Luísa
Acordei mais uma vez da minha rápida soneca de poucos minutos, estava com uma falta de ar terrível e não achava uma posição confortável pra dormir.
Levantei com um pouco de dificuldade, minha barriga já estava enorme e isso me fazia ter dificuldade de levantar e até de andar, eu andava parecendo um pinguim agora.Por incrível que pareça minha gravidez passou voando, eu já estava de 39 semanas, apenas esperando a hora que Alice decidiria vim ao mundo.
Estava tudo pronto, esses últimos meses foram apenas dedicados a ela, meu quarto virou oficialmente um quarto de bebê, em uma das paredes conta com um desenho de arco íris, quis fazer essa pintura para sempre me lembrar que "Depois da chuva sempre o arco-íris virá" e é assim que quero me sentir com a chegada da minha filha.Fernando apareceu poucas vezes durante os últimos meses, compareceu em uma das ultrassom e depois disso sumiu, eu apenas continuei a seguir minha vida com minha filha, entendi que ela não precisaria de um pai, que eu seria uma mãe perfeita pra ela e faria de tudo para que esse amor paterno não abalasse a vida dela, apesar de estar com medo de não conseguir isso.
- Não conseguiu dormir? - Minha mãe pergunta me fazendo levar um susto ao entrar na cozinha
- Não, não consigo achar uma posição confortável - Comento pegando um copo d'água.
Minha mãe estava na cozinha arrumando a lancheira das crianças, mesmo tendo a Lídia pra fazer isso, ela sempre preferiu fazer tanto comigo, quanto com as crianças.
Eu havia feito dezessete anos há poucos dias atrás e fui surpreendida com um bolo todo feito por minha mãe, tinha tanto amor e cuidado naquele bolo, que passei horas chorando por tanto carinho.- Vou aproveitar pra passar as roupas de Alice, estou sem sono algum - Digo
- Vou ficar um pouco com você, estou sem sono também - Ela diz fechando as lancheiras e lavando as mãos.
Subimos para meu quarto e minha mãe me ajudou a montar a tábua de passar roupa, acabou que ela tomou o posto de passar as roupas, enquanto eu arrumava tudo na gaveta.
Decidimos colocar uma cômoda com trocador que facilitaria nossa vida nos próximos meses, o closet foi mantido apenas para mim e com uma pequena parte para guardar coisas de Alice que não usaríamos com tanta frequência.
Enquanto eu arrumava a cômoda, passei a sentir as famosas contrações, nos últimos dias tenho sentido bastante e a médica disse que seria normal, eram contrações de treinamento, mas dessa vez estavam um pouco mais fortes.
- Mãe - Chamo mas não consigo terminar a fala porque uma contração forte me atinge, me fazendo esticar os braços na cômoda e resmungar baixo de dor
- Contrações? - Minha mãe pergunta alisando minhas costas tentando aliviar a dor
- Constantes - Digo ligando meu celular ao aliviar a dor, para cronometrar o tempo
- Já imaginava que estava chegando a hora, dessa semana não passava - Minha mãe diz.
Minha mãe continuou comigo no quarto e as contrações começaram em um intervalo de dez minutos, ligamos pra minha médica e ela pediu para que fôssemos para maternidade, minha mãe no mesmo instante pegou um vestido me ajudando a vestir, em seguida correu para o quarto dela acordando meu pai.
Enquanto minha mãe e meu pai não voltava, peguei as bolsas e coloquei em cima da cama, quando uma contração veio mais cedo e senti um líquido escorrendo entre minhas pernas.
A bolsa havia estourado!
- Vamos? - Minha mãe pergunta entrando no quarto acompanhada de meu pai
- Minha bolsa estourou - Digo apontando para o chão molhado
- Vamos trocar sua roupa, querido pode levar as coisas, já vamos descer - Ela diz e meu pai pega as malas em cima da cama me olhando preocupado.
Minha mãe me ajudou novamente a trocar a roupa e depois me ajudou a descer as escadas junto com meu pai que nos aguardava.
- Que o menino Jesus te dê uma boa hora Luísa, vou estar aqui rezando por vocês - Lígia diz me dando um beijo na testa
- Obrigada Tia Li - Digo abraçando ela com um sorriso, enquanto lágrimas caiam no meu rosto.
Meu pai me ajudou a entrar no carro e minha mãe sentou ao meu lado segurando minha mão, enquanto outra contração me atingia.
Quando chegamos no hospital, meu pai ficou na recepção resolvendo os trâmites, enquanto eu e minha mãe fomos para o quarto que foi reservado.
- Boa noite Luísa, finalmente Alice resolveu vim ao mundo, não foi? - Dra. Elis diz ao entrar na sala
- Finalmente doutora eu já estava ansiosa - Digo sorrindo pra ela.
A doutora me examinou constando que eu já estava com sete centímetros de dilatação, enquanto as contrações aumentavam me fazendo ficar desesperada, comecei a chorar desesperadamente enquanto meus pais tentavam me acalmar preocupados.
A doutora pediu para que me dessem uma injeção que não lembro muito bem qual foi, só ouvir ela conversar com meus pais que concordaram.
As dores aliviaram mais e consegui ficar andando pelo quarto que era enorme, enquanto minha mãe colocava algumas decorações que havíamos trazido é meu pai avisava as pessoas que estiveram presentes comigo nessa gestação, uma fotógrafa também nos acompanhava, era o desejo da minha mãe ter esse dia registrado.- Está na hora Luísa - A doutora diz ao me examinar e olho pra minha mãe desesperada.
Entraram algumas pessoas na sala minutos depois, enquanto minha mãe segurava minha mão de um lado, meu pai de outro, a médica game orientava a fazer força.
- Eu não consigo - Digo entre lágrimas
- Consegue, você é forte! - A dra. diz
- Eu não consigo, não consigo - Digo
- Luísa, lembra que depois da tempestade vem o arco-íris? Lembra disso minha filha? Então seja forte, depois da tempestade seu arco-íris virá! - Meu pai diz e olho pra ele concordando.
Continuei a fazer força, até que o choro agudo tomou conta da sala, me fazendo deitar na cama e respirar aliviada, eu havia conseguido!
- Que menina linda - Escuto minha mãe dizer enquanto meu pai beija minha cabeça
- Parabéns minha filha - Ele diz.
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Um amor chamado Alice
AléatoireAos 16 anos Luísa já tinha um plano em sua vida, queria cursar medicina assim que se formasse na escola. Por escolhas erradas ou até mesmo certas na vida, Luísa acaba vendo seu sonho ir por água abaixo ao se envolver com a pessoa que ela não deveria...