[Pra felicidade de vocês, achei meu fichário, mas aí minha net deu problema e acho que já tá tudo resolvido. Deus me ouça! Aqui vai:]
Ayla não ligou muito em arrumar tantos papéis, até o momento em que isso começou a ficar extremamente chato. Sentia algo estranho. Tédio.
Resolveu sair dali, só pra tomar um ar. Havia percebido que, bem próximo ao local onde ficava a biblioteca, tinha um bosque.
As ruas eram antigas, com tons escuros. Por ali apareciam crianças, algumas brincavam, outras queriam correr pra um lugar afastado ou ficar no colo de suas mães. Meninas pediam balas, meninos brincavam com elásticos.
Continuou seguindo. Passara por um beco estreito, no final havia uma cerca de arame rompida, atravessou, mas sua cautela não lhe salvou de pequenos arranhões.
Andava por uma pequena estrada de terra, sozinha, as árvores pareciam querer lhe dizer algo, mesmo com tudo estando em silêncio, também conseguia ouvir o barulho. Talvez fosse apenas seus pensamentos.
Se sentiu tonta.
Decidiu voltar à biblioteca, não queria que Adelaide percebe-se que tinha saído. Mas quando chegou, percebeu que não adiantou de nada.
─ Adela foi atrás de você em casa. Ficou super preocupada com a sua ausência. Não faça isso de novo, menina, ela não pode se estressar muito. Adela é muito emotiva, seus sentimentos, principalmente o desespero, são exagerados ─ Bernadete falou parecendo se importar mesmo com a velha.
Ayla agradeceu sem jeito e andou rápido pelo mesmo trajeto que tinha feito com a amiga, até chegar em sua vila. Se lembrava exatamente do caminho.
─ Ah! Olá, Ayla! ─ depois de olhar para a menina, a velha disse normalmente, tirando areia da sapatilha na porta. Sorriu.
─ Me desculpa, Adelaide, eu...
─ Não precisa se desculpar por nada, menina. Eu sabia que você estava bem.
─ Como?
─ Intuição. De qualquer forma, eu saí mais cedo da biblioteca pra ir ver algo. Quer ir comigo?
As duas partiram em direção a casinha que a velha queria comprar.
Era em uma área não muito afastada da vila onde morava. Uma casa de frente para um rio. Ayla amou aquele lugar no primeiro instante que respirou fundo ali e sentiu paz, no primeiro momento em que teve uma pequena visão do que parecia ser perfeito para ela estar. Um vento balançava a grama grande e todas as outras plantas.
─ Eu tenho que esperar alguns papéis pra ter esse lugar pra mim. Sinto que já é, mas não legalmente. Ninguém mora aqui há anos.
Ayla percebeu que Adelaide sentiu tristeza, mas dentro desse sentimento havia outro, esperança.
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A queda.
RomancePerdida entre o céu e a terra, entre pensamentos e buracos vazios de lembranças, com um peso negro sobre suas costas. É assim que Ayla caminha, ou tenta, em busca de suas raízes, impedida de ter um futuro por não saber de seu passado. Mas sua mente...