Último romance

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Lucas

Ela gritou umas três vezes que amava aquela música, e eu adorei o seu sorriso. 
-Odair José é um gênio, mas eu acho que qualquer música fica melhor na versão de Los Hermanos.
-Não fala assim que eu me apaixono por tu, Ceci.
Percebi que ela corou um pouco e achei aquilo a coisa mais linda do mundo. Além de tudo, ainda curtia minha banda favorita? COMO LIDAR, DEUS??
-Qual é?! 
Ela deu uma gargalhada que fez com que o mar se calasse só pra ouvir. Eu nunca tinha me sentido assim com uma menina. Nunca.
-O que mais tu ouve?
-RHCP, Beatles, AC/DC, Gorillaz, Engenheiros, Legião ou qualquer outro rock clássico que tu imaginar.
Comecei a bater palmas e ela riu de novo. Queria guardar aquele som num pote pra ouvir nos meus momentos mais tristes. Aquilo com certeza iria me fazer melhorar.
-Que bom gosto, linda! Curto tudo isso também.
-E então...
Senti um pouco de ironia na sua voz, e franzi o cenho. Acho que ela percebeu e resolveu se explicar.
-Desculpa, viajei aqui. Me referi ao meu ex -e a todos os outros. Acho que não tenho bom gosto, não.
Apesar do sorriso em seu rosto, senti certa tristeza em suas palavras.
-Não conheço muito bem você ou sua história, mas tenho certeza de que todos eles que saíram perdendo. 
Ela olhou pra baixo, e depois pra mim. Vi seus olhos e não deu pra resistir: eu tinha que beija-la. E quando o fiz, já não existia mais nada. Era o beijo mais doce, e nossas bocas se encontraram como se esperassem por aquilo à décadas. Peguei em sua mão, e a levantei do barco. Ela ria e girava nos meus braços. Era linda. Tinha toda a beleza do mundo em 1,70. Eu a observava com os olhos atentos de alguém que acabara de conhecer sua estrela favorita no mundo. Sorri vendo aquela menina brincar com o vento. Minha menina, eu repetia  em voz alta enquanto ela se soltava e colocava os pés no chão. Minha não, era dela mesma e eu sabia, apesar de não conhece-la bem. Amava isso.
– Dança comigo?
Eu falei, enquanto olhava em seus olhos.
– Eu não sei dançar. E nem tem música.
– E daí? Olha as ondas e o barulho que elas fazem quando quebram. É a nossa música!
Sem saber como me negar ela ia apertando firme uma das minhas mãos e eu a rodopiava que nem um pião bonito e raro. Um pião que qualquer outro cara iria esconder por medo de perder, mas eu não sou assim. Eu não tinha coragem de diminuir a liberdade que ela carregava com os pés descalços na areia, e sei que não podia coloca-la uma gaveta, pois prendê-la seria como matar sua alma e eu amava senti-la viva sorrindo com a sensação de ter o mundo todo aos seus pés. E ela tinha. E agora tinha a mim, também.
– Vamos correr?
– Pra onde?
– Qualquer lugar longe dos olhares da galera.
– Vamos.
Ela me pegou pelo braço e corremos com a mesma velocidade do quebrar das ondas para qualquer lugar que fosse longe o suficiente para ser só nosso. Já eramos um pouco um do outro, eu sentia.
– Cansei.
Ela disse, enquanto respirava fundo com as mãos no joelho.
– Já? Achei que você era uma atleta.
Ela ria uma primavera doce e beijava os meus lábios com leveza.
– Olha que noite, cara.
Eu falei enquanto segurava sua mão.
– O céu está lindo.
– Até a lua deu licença.
– Licença?
– Pra gente. E as estrelas estão nos assistindo, ó só.
– Não aponta não.
– Por quê?
– Da verruga no dedo.
– É sério?
– Sei lá, minha vó dizia.
– Superstição boba.
– Pode ser, mas eu não aponto.
Ela ia se sentando e sorria com os olhos. Olhava-me com carinho, com desejo e eu retribuía da mesma forma e brincava com a alça da blusa dela, enquanto ela mordia o lábio entre uma palavra e outra. O cheiro de álcool e tesão e o perfume dela ia evacuando do corpo da gente e misturava-se com o mar. Ela gemia palavras bonitas enquanto eu tirava sua roupa e beijava todas as partes de seu corpo. Era impressionante como ela era linda, mesmo com vergonha. Tirou minha blusa e arranhou minhas costas da forma mais sexy possível. E quando começamos a fazer amor, ela olhava em meus olhos como se necessitasse de cada beijo meu. Eu a sentia, mas não como todas as outras. Eu a desejava, e precisava olhar pras mãos, olhos e boca dela. Precisava que ela sentisse o que eu queria dizer sem que eu falasse. Era especial. E enquanto eu chamava seu nome e atingimos o clímax juntos, as estrelas, lá do alto, aplaudiam a cena enquanto o céu chorava uma chuva de emoção. Era uma vez. Era pra sempre. Ao menos assim, eu esperava que fosse.

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