Capítulo 2

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Capítulo 3 - El Paso

P.O.V CAMILA

Respirei algumas vezes antes de girar a maçaneta e entrar na casa da minha amiga.

- Mama! - Ouvi a infantil, fina e alegre voz de Luna assim que entrei na casa de Dinah. Ao mesmo tempo senti um pequeno corpo abraçando minhas pernas. Baixando o olhar, deparei-me com os olhos verdes e a pelo branca como de Lauren, o sorriso inocente deixando os dentinhos ainda de leite a mostra e, na cabeça, uma touca amarela feita por minha mãe e dada de presente à pequenina no último inverno.

Quase que, involuntariamente, sorri.

Depois de tantas horas de tensão no hospital, preocupada com o futuro de Lauren, eu finalmente tinha motivo para um sorriso sincero. A pequena pulou em meus braços e eu não pensei duas vezes: abracei-a com toda minha força - se é que restava alguma em meu corpo - e enchi minha pequena de beijinhos, o que fez sua gargalhada gostosa soar em meus ouvidos. Percebi que Dinah e Apolo chegaram à sala para me recepcionar também. Ele se aproximou de mim, deu-me um beijo carinhoso no rosto e acariciou minhas costas. Ao olhar para ele, pude ver que sorria, apesar da tristeza aparente em seu rosto.

- Tá faltando alguém. - Luna se manifestou ainda em meus braços e eu olhei para ela como que questionando quem faltava. - Cadê ela? - A pequena não precisava tocar no nome de Lauren ou chamá-la carinhosamente por "mommy" para que eu soubesse de quem ela falava. Essa era uma pergunta que eu muito temia. Nunca fui boa em dar notícias ruins para as crianças, Lauren sempre o fizera; lembro-me, inclusive, dela explicando para Apolo sobre ELA e como a doença agia sobre si. Mas agora a responsabilidade estava em minhas mãos e, mais uma vez, eu tinha que encarar tudo com coragem por eles.

Respirei fundo e senti meu filho mais velho se afastando, porém mantendo o olhar atento sobre nós, provavelmente porque ele também estava ansioso e não sabia lidar com tal situação. Caminhei até o sofá com Luna nos braços e, quando passei por Dinah, recebi dela aquele olhar que praticamente dizia para que eu permanecesse forte e todo o resto daria certo. Coloquei minha pequena sentada e sentei-me de frente para ela no sofá. Seus olhinhos acompanhavam atentamente cada um dos meus movimentos até que finalmente encontrei as palavras que me pareciam adequadas ao momento.

- Sua mãe esta dodói, Luna. - Eu mexia em seus cabelinhos e ela entortou o nariz. - Ela vai ter que ficar lá com o tio Joseph por um tempinho.

- Dodói como no dia que Apolo caiu e machucou o joelho? - Falou assustada. - Bota um ban-ban... Um bandeti!

- Band-Aid? - Falei rindo e ela concordou feliz. - Bom, é um pouquinho mais complicado que isso.

- E... hum... quando ela volta, então? - A resposta mais exata para essa pergunta era "Eu não sei e talvez ela nem volte mais", mas, se essa realidade já era difícil de ser encarada por mim, imagine para uma menina de cinco anos. - Eu queria ver a mommy! - Ela falou interromoendo meus pensamentos e me trazendo de volta a realidade. Senti sua pequena mão tocando minha coxa, chamando minha atenção para si e olhei-a nos olhos. - Tudo bem se ela não voltar agora, só quero que ela volte bem. - Segurei sua mão ainda pousada em minha perna e sorri para ela.

- Assim que ela melhorar um pouquinho, podemos fazer uma visita. O que acha? - Sugeri e vi um grande sorriso ganhar seu rosto.

- Sim, mama! Sim! - Ela falava animada e batia palminhas, com os olhos brilhando. E mais uma vez, abraçou-me pelo pescoço e eu apenas retribuí seu gesto de carinho.

- Luna, vamos brincar no nosso quarto? Acho que a mama precisa conversar com a tia Dinah. - Era Apolo quem falava e estava de pé próximo ao sofá com uma mão estendida para a irmã.

Until The EndOnde histórias criam vida. Descubra agora