"O que você fez?!"
"O que o seu irmão mandou, cara."
"Dean, você pagou para desmaiar ela?"
"Fica tranquilo, Sam. A gente vai dar um jeito."
***
FOI DIFÍCIL IDENTIFICAR ONDE EU ESTAVA quando abri os olhos. Escuro, um cheiro indefinido, um espaço quente e apertado. Meus braços e pés amarrados me impediam de me mover, e minha boca tampada me impedia de gritar. Em determinados momentos era possível ouvir uma pequena discussão em vozes distantes sobre "ter apagado a garota". Bem, a única garota mantida presa num porta-malas era eu.
— Nós não podíamos ter feito isso, Dean. — o som da voz era interrompido pelos ruídos de uma estrada.
— Sammy, a garota escapou de dois ataques demoníacos. Precisamos saber o que ela é.
— Só estou dizendo que não era preciso tudo isso. Ela acabou de acordar de um coma de 12 horas.
— Enquanto não soubermos o que ela é, como escapou e como sobreviveu, ela vai ficar sim presa conosco. Se viemos investigar, vamos investigar direito.
As vozes se silenciaram em seguida. Tudo que eu ouvia eram ruídos embaralhados; o som da estrada, do carro, e de supostas bugigangas chacoalhando em cima do capô. Meu raciocínio trabalhava à favor de gerar teorias para o que estava acontecendo. Dois ataques, supostos poderes, ferimentos que desapareceram, agentes falsos do FBI, e uma profecia falha. Tudo isso levava de volta para uma pessoa: Bridgit.
Pude perceber quando o carro parou e senti meu coração acelerar na espera do porta-malas abrir. Ouvi as duas portas baterem simultaneamente, e os passos pesados encima de um chão áspero se aproximarem. Logo, a luz da manhã indo diretamente nos meus olhos foi ofuscante. O loiro sequer falou algo antes de me jogar acima de seu ombro com a força e agilidade de um soldado treinado. Não importava o quanto eu me debatesse, ou tentasse dizer algo, nada o impediu de seguir até a entrada de um hotel barato.
A roupa do hospital tornava tudo mais incômodo. A única visão que eu tinha era do chão e do cara mais alto segurando uma arma de cano longo. Mesmo com a visão limitada, percebi que uma das duas camas estava cheia de livros antigos, e no centro, um pentagrama com símbolos em volta, com uma cadeira no centro, a qual ele me sentou e me amarrou com outra corda.
Um senhor baixinho de cabelo grisalho e boné desgastado caminhou até mim e me analisou por inteiro.
— Então é ela? — debochou.— Achei que trariam algo mais assustador.
— Ainda não sabemos o que ela é. — disse o loiro, cujo nome ainda era confuso pra mim, mas como o grandão sempre se referia, parecia ser Dean.
— Escapou de dois ataques demoníacos. — o outro completou.
O velho arrancou a fita da minha boca e senti um arrepio percorrer todo o meu corpo. Meus olhos merejaram.
— Como é o seu nome? — seu olhar estava fixo nos meus.
— Mitchie. — havia um pequeno fio de nervosismo escondido no meu tom.
— O que você é, Mitchie? — sua expressão não era amigável.
— Do que você tá falando? — olhei para os dois rapazes.
Eles se entreolharam, pegaram um copo com um líquido transparente e um crucifixo, e jogaram em meu rosto. Quê?
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If I Had Wings (Hiato)
Fanfiction"Mas não haviam razões o suficiente para que eu continuasse lutando. Para que eu continuasse colocando a vida de todos em risco à favor da minha. Não poderia continuar agindo pela ganância do poder, ou pelo anseio da liberdade, pois Sammy, eu nunca...