14 de setembro de 2105, a água a décadas já havia se tornado um recurso escasso, mesmo antes da grande contaminação, algumas poucas colônias sobrevivem com aquíferos que os abastecem, os poucos riachos que sobraram antes do confronto converteram-se em toxinas que invejariam até a pior das cascavéis, aliás que cascavéis ?? A fauna e a flora foram a anos reduzidas em largartos entre árvores retorcidas e estéreis. A civilização ainda se confrontava, mesmo depois de todo o ocorrido a paz só se distanciou mais dos sonhos de seres racionais. Por isso que durante todo esse tempo tenho me preocupado em elevar meu pensamento ao nível de conceito do grau mais alto.
Nesse novo mundo que eles criaram, entre dunas de areia e destroços daquilo que um dia foi alguma coisa, água potável e combustível, valiam mais do que ouro maciço ou quaisquer outra riqueza que um dia já fora moeda de troca entre a humanidade. Sim, petróleo o grande causador da desgraça que passamos ainda senta-se no trono da Terra, bate no peito e se nomeia rei, mesmo depois de tudo, escravizando a minha raça. Felizmente qualquer um que precisa se chamar de rei não é um monarca de verdade.
Me incomoda a lembrança daquele avião prateado, sua longa cauda de fumaça o seguia pelo caminho em que ele cortava no céu poluído, e algo despencou dele me causando um frio na barriga e arrepio na espinha, fora o primeiro de muitos cogumelos que ainda estavam por vir.
Em 2100 na virada do século uma chuva de cogumelos cobriu o planeta, não durou mais que 3horas e tudo se transformou naquilo que é hoje até mesmo os inocentes distantes do problema, anônimos totalmente sãos de problemas estatais e de intrigas ideológicas, não escaparam dos raios de propulsão dos cogumelos, por três rápidas horas milênios de vida e culturas sensacionais presentes na Terra, foram cobertos por uma cortina vermelha, onde só podiam escutar-se gritos, todos precisavam de socorro, mas não tinha ninguém para socorrelos, lembro como se fosse ontem minha tentativa de fuga me deparei com uma mulher é indescritível a quantidade de sangue que havia sobre ela, quase nem pude perceber o bebê que alheio ao inferno que presenciavamos tentava insistentemente tirar algum alimento dos seios de sua mãe, queria eu voltar pro útero materno para não presenciar o dia de sangue, antes que eu pudesse piscar os olhos uma coluna que viveu mais do que as outras em uma casa despencou nas suas costas a retirando do tormento, queria eu ser aquela mulher. Nada escapou: templos religiosos, as 7 maravilhas do mundo, nada foi poupado, os únicos que nem sequer chegaram a ver o que se passava foram os verdadeiros causadores da guerra, protegidos em seus abrigos anti-nucleares.
Aquele foi o dia mais sangrento da história do planeta, as vezes me pego sozinho imaginando o motivo da criação de uma arma de genocídio tão brutal quanto aquela, será que na busca do poder realmente vale tudo? Valeu a pena toda essa morte? Agora não existia mais os antigos países e nações, então esse banho de sangue que a ordem de um homem causou foi em vão?
Eu sei que perdi a esperança na raça humana mesmo antes da grande queda, por isso me agrada muito mais a solidão, não vivo em colônias minha água eu roubo de caminhões que a transportam entre os abrigos, eles encontram-se altamente escoltados, portanto eu conto com as tempestades de areia para forçar a parada do comboio e separar a escolta do caminhão. Minha fama está crescendo, isso me preocupa, as colônias começaram a produzir estações meteorológicas para preverem as tormentas de terra, fiquei sabendo de um caminhoneiro abordado que na colônia Barrabá sou conhecido como rato da poeira. A água que tenho do meu último saque durará no máximo dois meses, quando ela se esgotar terei problemas, será arriscado e perigoso interceptar outro comboio
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Os Cogumelos
Science FictionEm um mundo pós-abocaliptico, todos os cogumelos atômicos já caíram, como se dará a sobrevivência da humanidade nesse mundo ? Como sobreviveram e como vivem os homens e mulheres que se depararam com o terror de não apenas uma, mas várias armas de ge...