Os Cogumelos

Capítulo quatro: A definição

Os três homens, e as três mulheres seriam meus jurados, eles trabalhariam exclusivamente em auxílio da líder para sentenciar minha pena da forma mais "justa" possível, como se eu não soubesse o que estaria pra rolar, minha cabeça provavelmente, entretanto não perdi o controle para o pânico me mantive calmo, puxando um leve sorriso em meus lábios buscava demonstrar arrogância e desestabilizar a tal princesa de Barrabá, dessa forma.

A lâmina da guilhotina estava sedenta por sangue toda a população aguardava aos pés da pirâmide esperando que eu fosse o homem que daria de beber a ela, a rainha de Barrabá era conhecida como a esperança da vida dos humanos, uma postura muito perceptível, e bem comum entre os terráqueos, afinal sempre que a situação se complica, ou o líder é penalizado e culpado por todos os fracassos, ou cultuado como a luz no fim do túnel por toda a população, esse costume nunca mudou entre nós humanos, mesmo depois de todas as tragédias acarretadas pelas decisões de alguns líderes.

-Pois bem, estamos aqui e seremos rápidos com isso, ok- transmite essas palavras solenemente, como se estivesse calma e imparcial com a situação, a bela líder de Barrabá- estamos aqui todavia para julgar as atitudes desse rato que vemos a nossa frente, senhor rato imundo, o senhor é acusado de assaltar caminhões pipa, causando prejuízos sociais quase que irreparáveis a nossa colônia, o que tem a dizer em sua defesa?

Eu realmente me senti um rato, um rato entre ratoeiras onde não haveria escapatoria, as palavras da líder foram fortes, sérias e convictas, ela sabia de tudo que eu fiz, e não era de minha honra mentir, por mais que eu já fizera de tudo para sobreviver e por mais que alguns dissessem que ladrões não tem honra, eu não mentiria para aquela mulher, e aquele olhar que atravessava duas lentes e lia minha alma. Eu sempre fui um homem com esperança no meu cartel de virtudes, isso me manteve vivo por tanto tempo, mas aquela situação tantos olhos me fatiando, rindo por dentro, querendo levar um pedaço de mim para casa, os olhares sóbreis de todas as pessoas que me vaiaram pelo caminho, que eu saqueei para me manter vivo, era justo secar a boca de tantos, e molhar a minha? Acredito que sim, afinal, a humanidade não poderia fazer nada de bom, tudo que eu fiz foi correto. Confuso.

-Senhor, repetirei minhas palavras novamente, vós seres acusado de roubar vários litros de água que abasteceriam a colônia por dias, para benefício próprio e individual, para que não proteste a acusação, vale destacar que o senhor foi autuado em flagrante enquanto tentava roubar um caminhão

-Eu tenho consciência do que fiz. Só me arrependo de não ter feito direito.

Logo após dizer estas palavras de cabeça abaixada com meu sorriso amarelo e irônico destacando-se entre os fios do meu cabelo que cobria o rosto todo, causei tumulto na mesa redonda um dos homens se exaltou levantando de sua cadeira e exclamando uma ordem em direção a líder, ele exigia que eu fosse flagelado e decapitado, entretanto a mãe de Barrabá estava surpreendida não esperava receber uma investida nas primeiras palavras redigidas pela minha boca, mas logo encaixou a cabeça no lugar bateu com toda a força a mão esquerda na mesa e deu a ordem para o homem exaultado sair daquele edifício em 30 segundos ou ele seria o decapitado por erguer a voz contra sua princesa, ele colocou o rabinho entre as pernas e saiu do local a passadas longas.

-Senhor, está ciente que caso apontado como culpado nesse julgamento será executado, não está?

-Caso eu não venha a morrer aqui, e caso eu fosse liberado, morreria no deserto, pelo menos dentro de Barrabá serei reconhecido- novamente causei tumulto entre os jurados ali presentes, porém dessa vez ninguém levantou a voz, e a líder não se espantou.

-Diga-me senhor. Viveras tanto tempo sozinho no deserto com essa mesma vontade que traz diante a mim ? Estava salvo com sua mamãe?- respondeu com o mesmo sorriso irônico que eu estampava no rosto