Capítulo 2

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Vamos começar tudo do ínicio.

(...)

10 de Março de 2012

13:00h

A Instituição tinha decidido pôr-me numa escola pública. Não percebo porquê. Até sei, na escola privada não tinha amigos nenhuns e apenas não me saia bem em nada. Apenas ficava no meu canto, afinal, é esse o meu lugar. No meu próprio mundo, num lugar onde ninguém podia entrar, onde apenas estava lá eu e os meus pensamentos, onde a única opinião que contava era a minha. 

Enquanto estava nos meus pensamentos, não me apercebi que estava a ir em direcção das salas principais. Aqueles corredores cheios de gente mimada, onde têm um pai e uma mãe à espera em casa, desejosos de saber como foi o dia dos seus filhos, com um jantar em família enquanto viam o programa de Quarta-Feira à tarde a dar na TV. Enquanto passo por eles olham-me da cabeça aos pés como se eu fosse um completo extraterrestre a chegar ali. Ao menos sejam discretos. Meu deus, como eu odeio a escola.

Estava quieto a pensar em várias maneiras de destruir a escola sem destruí-la na realidade, quando esbarro contra uma rapariga. Apenas fechei os olhos e controlei-me para não dizer tudo da boca para fora. Mas aí eu abri os olhos. Pensava que tinha batido com a cabeça. Mas não podia mostrar que tinha adorado bater contra ela. Não faz parte de mim.

- Vê por onde andas - respondi da maneira mais seca que consegui

- ahm.. Desculpa. Desculpa. - ela parecia aflita

que voz! 

-Desculpas não resolvem nada. 

Acho que fui demasiado rude com ela. Ela ficou vermelha. Sim, fui rude. Ela levantou-se, agarrou nos livros e foi na direção oposta à minha. Eu olhei para trás, queria ter uma última visão dela. Mal sabia que aquilo não ia ser a última vez.

18:00h 

Estou deitado na cama, cansado psicologicamente e fisicamente. Não pensava que um primeiro dia numa escola pública fosse tão difícil, afinal, aquilo é basicamente pessoas que têm tudo o que querem, quando querem e sem precisarem. Uma coisa em comum com as escolas privadas.

Mas, o mais estranho nem é isso. Não consigo parar de pensar naquela rapariga. No quanto ela me despertou durante 2 minutos que mais pareceram 2 horas. Juro que, quando fecho os olhos, ainda vejo-a ali. À minha frente, com aqueles cabelos longos castanhos, com os olhos castanhos mais fundos que o azul do mar. Ainda sinto o cheiro do perfume caro dela. Isto nunca aconteceu com nenhuma outra rapariga. Nem com as raparigas que andava só por andar. E vem acontecer com uma que apenas esbarrei e deixei os livros caírem? Poupem-me. 

O amor consegue ser uma treta tão grande. Agora vocês pensam: "Mas tu nunca amas-te ninguém?" e   eu respondo com toda a sinceridade: Já. Já amei ao ponto de cair no buraco mais fundo que existia na minha mente. Amei durante anos, lutei com todas as forças que tinha, lutei como nunca tinha lutado por ninguém. Eu amei, amei de uma maneira imensamente estúpida de amar. Eu acordava ás 08:00h numa manhã de domingo só por saber que ela era uma pessoa madrugadora e acordava cedo aos fins de semana. Eu amei duma maneira que pedia desculpa por tudo, mesmo que a culpa não fosse minha. Eu desculpava qualquer porcaria que ela fizesse. Porque eu a amava. Amava. Porque agora, nada dela resta. Nem fotografias, nem cartas, nem cheiros e nem sentimentos. Ela passou a ser uma marca do meu passado, uma marca que não vai voltar, uma mentira que um dia foi verdadeira, mas é passado. E sim, demorei a chegar à conclusão que era o fim mas, lá cheguei. E agora, por ter sido magoado durante tantos anos seguidos, nunca mais amei. Nunca mais aproximei-me sentimentalmente de alguma rapariga. Tinha aqueles casos de uma noite em que na manhã seguinte já não me lembrava do nome dela mas, nada passava disso. Não havia números de telemóvel , nem mensagens de "bom dia". Eu desisti do amor, o meu coração está pintado de preto e não vai ser uma rapariga de perfume caro que me vai fazer acreditar nisso de amor. E por isso, vou continuar a magoar para não ser magoado. Vou ser frio como um dia foram comigo. A pisar quem me pisou, e mesmo que isso não seja a atitude mais correta, não me interessa. Li um artigo no jornal que dizia "A vingança é um prato que se serve frio" e , puta que pariu, têm toda a razão. 



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⏰ Última atualização: Oct 25, 2015 ⏰

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