Bom, para que todas parem de odiar o André, vai um pouquinho dele para que vocês o conheçam melhor...
Como tem bônus hoje, o capítulo sai na sexta, junto com o desafio.
André
Julho de 2013
Enfim férias. Ou recesso. Seja o que for, tenho uma semana de descanso. Livre. E como sempre faço quando tenho um tempo livre, corri para o colo da minha mãe.
Minha mãe é minha rainha, o meu maior tesouro e o grande amor da minha vida. Sou muito apegado à Dona Júlia (que ela não me veja chamá-la de dona, pois ela detesta).
Sou filho único, minha mãe é viúva e também filha única. Meus avós já faleceram, então somos apenas eu e Julinha. Meu pai, o grande Rodolfo, faleceu há cinco anos, vítima de um assalto, o que fez com que minha mãe saísse do Rio e viesse para a região dos Lagos, por acreditar ser mais tranquilo.
O amor de meus pais era lindo, desses dignos de filme. Meu pai me ensinou como tratar uma mulher. Via o modo como tratava minha mãe, com respeito, admiração e amor. Ele sempre me dizia que toda mulher era uma princesa. Cabia ao homem que estava com ela transformá-la em uma rainha.
Cresci em uma família feliz, estruturada e tive uma infância tranquila. Nunca tivemos muito dinheiro, mas nunca me faltou nada. Foi assim que formei meu caráter e valores. Via meu pai trabalhar duro e honestamente junto com minha mãe para manter nosso sustento. Fui ensinado a dar valor aos estudos e aos sentimentos que realmente importavam. Aprendi a ter fé na vida e acreditar que o amor existe sim, desde que você esteja disposto a encontrá-lo.
Foi divagando com esses pensamentos que cheguei ao portão da casa de minha mãe. Caminhei da rodoviária de Bacaxá até sua casa. Precisava dessa tranquilidade de cidade pequena. Julinha estava no quintal, regando e conversando com suas plantinhas. Abri o portão em silêncio, abracei minha rainha e a rodei. Uma paz me invadiu. Não existia nada melhor do que estar em família. Nada era mais importante que a família.
Logo minha mãe arrumava uma mesa farta e bonita para nosso café da manhã. Uma das maiores qualidades da minha mãe era ser uma cozinheira de mão cheia. Conversamos amenidades, comemos bastante e logo Dona Julia começou o interrogatório:
- André, meu filho. Quando você vai colocar juízo nessa cabeça? Você está ficando velho. Precisa formar família. Criar raízes.
- Minhas raízes estão onde você estiver, mãe. Você é minha família. E eu tenho juízo. Só que hoje tenho coisas mais importantes para tratar.
- E aquela sua namorada, como era mesmo o nome? Ah, Viviane. Acabou mesmo?
- Sim, mãe, tem mais de seis meses. Vivi queria cobrar coisas que não estava disposto a assumir. E, também, eu nem era muito apaixonado por ela. Talvez tenha sido um erro esse relacionamento.
- Toda vez que você fala dos seus relacionamentos, você diz que foram um erro. Esse é o seu problema, filho. Quer tudo certinho demais. Não há certezas no amor. É uma loteria, na qual só quem tem coragem de arriscar pode ganhar. Você precisa confiar mais em você, no seu julgamento e na sua vontade de ser feliz.
- Ok, mãe, vou pensar nisso, mas não agora. Quero descansar, curtir você, uma boa praia e, quem sabe, até umas gatinhas, hein Julinha?
- Como quiser meu filho, como quiser. Só vou te falar uma coisa: um dia você vai encontrar uma pessoa especial. Ela vai te fazer duvidar de tudo que você tem certeza, vai ser diferente de você, vai te assustar e até te irritar. Mas, ainda assim, você vai querer estar perto dela. Mais que isso, vai precisar estar perto dela. Quando sentir esse choque na sua realidade, não a deixe escapar. Essa sintonia acontece apenas uma vez na vida. Você vai poder até achar outros amores e será feliz. mas nunca como poderia ter sido.
- Tá inspirada hoje, hein mamãe? Vou tomar um banho e dormir um pouco que estou precisando. Te amo, mãe.
Levantei da mesa e fui para o meu quarto deixar minha mala e tomar um bom banho. Depois me joguei na cama e dormi bastante. Acordei apenas na hora do jantar. Como era meu primeiro dia, resolvi ficar em casa. Vi jornal com minha mãe, uma mania que ela tinha desde quando eu era criança, dizia que era importante saber o que acontecia no mundo.
Acordei cedo no dia seguinte e fui à praia. Saquarema tem uma praia linda e é perto de várias outras. Encontrei um grupo de amigos de infância e ficamos bebendo e jogando conversa fora um pouco.
A praia, apesar de não ser verão, estava linda e cheia. Aproveitei cada minuto daquele momento de relaxamento. Cerveja, amigos, praia e mulher bonita. Depois de meses de estresse, era tudo que eu precisava.
Fui para casa almoçar, conversei com Dona Julia, que continuava inspirada, e quis continuar me falando sobre amor, relacionamentos e afins. Apesar de estar cansado, ouvi o que minha mãe tinha para dizer. Sinceramente, não sou do tipo de ficar por aí, gosto de coisas que duram, gosto do compromisso e da estabilidade, da rotina.
Mas venho de uma leva do que chamo de amores experimentais. Aqueles amores que você acha que vão dar certo, mas só depois que experimenta percebe o erro que cometeu. Meu último relacionamento foi assim. Viviane era uma excelente garota, mas não entendia que eu precisava me dedicar aos estudos, que um filho e um compromisso não faziam parte dos meus planos, não agora. Ciumenta e controladora, em seis meses fez desaparecer o meu interesse. E eu decidi me focar no Doutorado e deixar os experimentos um pouco de lado.
Foi uma semana de conversas, passeios e conselhos. Joguei bola, me diverti, tomei cerveja, conheci algumas garotas e me permiti descansar. O tempo passou voando que nem percebi. A agradável companhia de minha mãe e o encanto do lugar eram tudo que precisava.
Infelizmente, minha semana acabou e eu tive que voltar para a minha realidade. Me despedi de Dona Julia e voltei para o Rio com uma decisão ainda mais firme na minha mente: não me daria mais o luxo de amores experimentais. Eu me dedicaria a minha carreira, e só depois de alcançar o que queria, é que sairia em busca de amor, se ele me encontrasse. Eu queria estar inteiro quando fosse a hora de amar, não com um coração cheio de remendos por amores errados.
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Um encontro com o acaso (DEGUSTAÇÃO )
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